segunda-feira, 31 de julho de 2017

Em férias alimente-se bem: Mitos e verdades sobre a alimentação.

Fruta e água às refeições. Sim ou não? O pão engorda mesmo? Enlatados e legumes congelados. Longe deles?  Mitos e realidades sobre comida
Andamos há anos a alimentar-nos de certezas que mudam rapidamente. Aqui se desconstroem alguns mitos alimentares para distinguir as verdades absolutas das "falsas verdades".

1-MITO:
Açúcar deixa as crianças hiperativas
REALIDADE:
Ninguém sabe ao certo de onde vem a excitação dos miúdos depois de uma festa de crianças, normalmente recheada de todo o tipo de doces. E, até hoje, não se conseguiu estabelecer a ligação direta entre a ingestão exagerada de açúcar e a hiperatividade. De qualquer forma, é certo que esses alimentos, como gomas, rebuçados, bolos e refrigerantes, não são comida “a sério”. Logo, há que doseá-los e, sobretudo, guardá-los para esses momentos especiais de convívio, em que os miúdos, pelo menos, correm e saltam e gastam mais facilmente essas calorias vazias.

2-MITO:
Beber água às refeições engorda
REALIDADE:
Repita para si mesmo até à exaustão — a água é vazia de calorias, e por isso não pode engordar ninguém. No entanto, é verdade, que se aconselha a não se ultrapassar um copo às refeições; caso contrário irá dilatar o estômago. E, da próxima vez que se sentar a comer, vai precisar de mais quantidade para ficar saciado.
Também se pensa que não há limite para beber água. Diz-se que todos os adultos precisam de cerca de dois litros por dia, mas a quantidade ideal varia de acordo com o peso, a época do ano e o estilo de vida.

3-MITO
Os sumos detox limpam o organismo
REALIDADE:
Nem vale a pena ir mais longe. O nosso organismo, desde que saudável e bem alimentado, sabe desintoxicar-se sozinho – é também para isso que existe o fígado, os rins e o intestino. Além do mais, uma alimentação à base de sumos é sempre limitada, porque se retira a polpa dos frutos, com ela vai-se a fibra e fica apenas o açúcar, absorvido rapidamente. Quem sofre de diabetes, por exemplo, nunca deve fazer este tipo de “apregoada” limpeza.
Comer vegetais e fruta, claro, mas inteiros, se faz favor.

4-MITO:
Os enlatados são maus para a saúde
REALIDADE:
Desde o século XIX que existem alimentos conservados em lata. De lá para cá, como se imagina, os processos têm evoluído imenso, e os níveis de sal usados na conservação também diminuíram. Mas o princípio básico mantém-se: primeiro aquece-se o produto a uma temperatura suficiente para matar as bactérias (normalmente 120 graus), e só depois ele é fechado num recipiente estanque para impedir a oxidação. E isto é válido para legumes, leguminosas, peixe, ou marisco, que mantém as suas propriedades e saem muito mais baratos.

5-MITO:
Testes de intolerância alimentar são bons diagnósticos
REALIDADE:
Não há outra forma de nos referirmos aos tão em voga testes de intolerância alimentar (porque a isso nos obriga rigor científico) e que, ainda por cima, custam um dinheirão – são inúteis. Mas se duvidar da nossa palavra, nada como ler com atenção o que a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica escreveu sobre o tema: ”Não têm qualquer fundamentação científica, não têm utilidade diagnóstica e podem ocasionar erros de diagnóstico graves, com consequentes riscos na saúde individual e pública.” Apesar deste alerta, o negócio continua de vento em popa e os resultados dão sempre intolerância a algum alimento. Note-se que os únicos profissionais que estão habilitados a prescrever testes para despistar interações alimentares são os imunoalergologistas.

6-MITO:
A fruta deve ficar fora da mesa da refeição
REALIDADE:
A dose recomendada para uma vida cheia de saúde, espera-se que a esta altura já todos o saibam, é de cinco porções diárias de frutas e legumes.
E se só conseguir comê-las à refeição, que seja. Esqueça a sabedoria popular que fala em fermentação. Ou que aconselha a começar pela sobremesa porque corta a absorção da gordura presente na refeição – a fibra dos legumes (salada e sopa) já tem essa função. Aliás, até há vantagens em terminar assim o almoço ou o jantar, especialmente se a fruta for rica em vitamina C, pois é ela que facilita a absorção do ferro de origem vegetal, como o feijão ou o grão.

7-MITO:
O chocolate só engorda
REALIDADE:
Já houve um tempo em que o chocolate era diabolizado e, só de pensar em comê-lo, uma pessoa engordava. Depois de muita investigação para o tirar da lama, hoje é consensual que a sua versão negra (pelo menos 70% de cacau) tem enormes benefícios, e não só ao nível do humor (esqueça-se o branco e o de leite, com altas quantidades de gordura e açúcar). Um quadradinho (dois, vá) de chocolate por dia pode ter efeitos positivos na saúde do coração e do cérebro, devido especialmente aos flavonoides, antioxidantes e polifenóis presentes no cacau.

8-MITO
O pão engorda
REALIDADE:
Diz-se em linguagem popular que o pão não engorda, quem engorda somos nós.
Brincadeiras à parte, o dito não está assim tão longe da verdade.
Quando comido pela manhã, nas suas versões mais escuras, com um recheio adequado (leia-se queijo ou fiambre magro), o pão pode integrar qualquer dieta alimentar, O que não pode é estar depois nas outras refeições, ao lado da manteiga, enquanto se espera pelo prato, já de si cheio de fontes de hidratos de carbono. E que, tudo somado, vai dar uma conta calada de calorias que, num dia a dia sedentário, não chegam a ser gastas. Resultado?
Peso a mais e barriga inchada.

9-MITO:
Os legumes congelados são piores do que os frescos
REALIDADE:
Da próxima vez que usar espinafres ou uns mirtilos congelados para o jantar, não se martirize. Na verdade, esses alimentos, que estão ali sempre à mão, são mais baratos, não apodrecem, sabem bem e não fazem mal a ninguém. Mais: nutricionalmente a diferença é pouca. Fique sabendo que alguns frutos e vegetais são escaldados antes de serem congelados e por isso não oxidam e podem até ativar o teor de fibra desses alimentos.

10-MITO:
Se for ao ginásio emagreço.
REALIDADE:
Lamentamos informá-lo, mas o exercício, por si só, não emagrece ninguém. Tem uma mão-cheia de vantagens, como reforçar os ossos, prevenir doenças cardíacas, combater a depressão, vencer o stress, mas perder peso não é uma delas. Há até evidência científica a comprovar que queimamos mais calorias quando começamos a treinar, mas isso acaba por estabilizar assim que a intensidade aumenta. Além disso, quando uma pessoa decide mexer-se com regularidade e, consequentemente, perde gordura, ganha massa muscular, fazendo pender o ponteiro da balança para o lado direito. Mais uma vez se diz, a receita é gastar mais do que as que se ingere, e para isso o exercício físico ajuda muito.

11-MITO:
Contar as calorias é a melhor forma de perder peso
REALIDADE:
Os alimentos não se reduzem às suas calorias. Valem muito mais pelos seus nutrientes do que pelo peso que têm numa dieta. Logo, não se pode reduzir uma vida à contagem de calorias, porque elas podem atuar de forma completamente diferente em cada organismo. Emagrecer consegue-se baseando as refeições em alimentos ricos em vitaminas, minerais e antioxidantes, de forma a controlar a fome.

12-MITO:
Seguir um regime vegetariano é ser mais amigo do ambiente
REALIDADE:
Podem existir outras vantagens para se ser vegetariano, mas uma amizade mais forte com o meio ambiente não será uma delas. Há que dar atenção, por exemplo, de onde vêm os produtos que substituem a carne e o peixe – a soja e as lentilhas, por exemplo, são quase sempre importadas, o que aumenta exponencialmente a pegada ecológica. Ou seja, mais do que afastar-se do consumo de carne animal, há que olhar para os rótulos e perceber de onde nos chegam esses produtos vegetarianos, como os chamados leites vegetais, por exemplo – em nome de um planeta melhor.

13-MITO
Hidratos de carbono à noite, nem pensar!
REALIDADE:
Não há dúvida de que, quando se quer emagrecer, o caminho mais direto para o fazer é cortar nos hidratos de carbono. No entanto, perceba-se já que isso implica pôr de lado o arroz, a massa, as batatas, os farináceos, o açúcar e até alguns legumes e fruta. Com esta extensa lista, depressa se chega à conclusão que não se pode estar muito tempo sem eles. Mas há quem tente suprimi-los depois das seis da tarde, altura em que a atividade tende a diminuir. Está certo, até porque eles aumentam a produção de insulina e diminuem a oxidação da gordura. Só que agora novas investigações sugerem que os níveis de adiponectina e leptina, duas hormonas que regulam o comportamento alimentar, se modificam favoravelmente quando se ingere hidratos depois do entardecer, desde que eles sejam limitados ao longo do dia.
(...)
mais alguns mitos e verdades:

14. O leite é a maior fonte de cálcio: Mito
O leite não é a maior fonte de cálcio. Os vegetais têm mais cálcio que o leite e é bem mais absorvido. Interessante é o facto de haver mais casos de osteoporose nos países onde há maior consumo de leite. Os vegetais, em relação ao leite, têm ainda a vantagem de não ter colesterol e de possuírem muito mais proteínas, ferro e fibras.

15. O leite auxilia no sono: Verdade
O leite tem propriedades promotoras do sono. É rico em triptofano (o qual é convertido no organismo em serotonina, que ajuda a adormecer). Mas o leite deve ser sempre desnatado, pois a gordura estimula a actividade digestiva, mantendo-a acordada à noite.

16. Beber sumos de frutas é melhor para a saúde: Mito
Os sumos de fruta não têm a fibra para inibir a absorção da frutose e evitar assim a elevação súbita da glicemia.

17. Os adoçantes são melhor para a saúde: Mito
Os adoçantes artificiais provocam danos lentos e silenciosos no sistema nervoso central, além de aumentarem a vontade de comer doces, elevando assim a glicemia. Podem provocar espasmos musculares, estado confusional, cefaleias, queda de cabelo e fibromialgia.

18. Os óleos têm muito colesterol: Mito
Os óleos têm origem vegetal e portanto não têm colesterol. O colesterol é sintetizado pelos seres animais e não está presente em nenhum produto de origem vegetal.

19. Alguns sintomas ajudam a perceber que o colesterol está elevado: Mito
O organismo não dá sinais de que o colesterol está elevado. Só quando já está com as artérias obstruídas é que surge o enfarte e o AVC.

20. O colesterol não é benéfico para o organismo: Mito
O colesterol é uma molécula natural do corpo humano e é essencial para a formação das membranas celulares e para a síntese hormonal.

21. O ovo tem muito colesterol: Mito
O ovo tem apenas 213 mg de colesterol/unidade, mas grande parte não é absorvido. A lecitina do ovo diminui a absorção do colesterol. Além disso, o ovo possui várias vitaminas do complexo B, A e D, zinco, fósforo, ácido fólico, todos importantes para o cérebro (formação de novos neurónios e capacidade cognitiva).

21. Margarina é mais saudável que a manteiga: Mito
A margarina sofre processo de hidrogenação tornando-a gordura saturada.

22. A natação é o exercício mais completo. Mito
Não serve para prevenir a Osteoporose, pois não exerce impacto e tracção nos músculos que protegem contra a doença.

23. Comer maçã nos intervalos das refeições é útil para combater a "fome". Mito
A maçã tem acidez que estimula a produção de ácido gástrico. E tem na sua composição o ácido málico, o qual faz com que a digestão seja mais rápida, aumentando a sensação de fome.

24. Café faz mal à saúde. Mito
O café combate a fadiga e melhora o desempenho cerebral (memória e capacidade de concentração). Tem efeito analgésico e estimula a função renal. No entanto, em pessoas com insónias e arritmias pode ser problemático. Máximo recomendado: 2 cafés/dia.

25. Óleo de coco tem muito colesterol. Mito
É o melhor de todos os óleos e como é vegetal não tem colesterol.

26. Cafeína pode elevar a glicemia. Verdade
A cafeína pode diminuir a sensibilidade à insulina, aumentando os níveis glicémicos, principalmente nos diabéticos.

27. A natação faz perder peso. Mito
Para perder peso é necessário aumentar a temperatura do corpo para queimar calorias. A água mantém o corpo frio, impedindo a queima de calorias.

28. A carne de porco é a mais rica em colesterol. Mito
O lombo de porco apresenta menos quantidade de colesterol que o frango. Vários estudos evidenciam que a carne suína possui maior conteúdo de aminoácidos essenciais e vitaminas do complexo B, semelhantes aos do ser humano.

29. A soja tem menos calorias que a carne bovina. Mito
Cada 100 g de soja fornece 300 Kcal, enquanto a carne bovina fornece 179 Kcal. A soja tem 69% do seu valor calórico composto por proteínas e 27% por hidratos de carbono, enquanto a carne bovina tem 52% de proteínas, sendo o restante gordura.

30. Pão tostado engorda menos que pão normal. Mito
100 g de tosta contêm 433 calorias enquanto o pão branco tem 286 calorias. A tosta tem menos água na sua composição, levando a maior concentração de hidratos de carbono, proteínas e gorduras.

31. Comer antes de deitar engorda. Mito
O ganho de peso não se dá com o ato de comer antes de dormir, mas sim com a quantidade de calorias ingeridas durante o dia. E ir para a cama com fome por ter ingerido poucas calorias durante o dia aumenta o tempo em que o corpo ficará em jejum e desacelera o metabolismo, evitando a perda de peso.

32. Sumo de beterraba evita a anemia. Mito
A beterraba possui muito pouco ferro, enquanto a carne vermelha possui cerca de sete vezes mais, além de ser mais facilmente aproveitado pelo organismo.
in http://www.atlasdasaude.pt/publico/content/20-mitos-e-verdades-sobre-alimentacao

Atenção a estes 10 sinais de stress (alguns não parecem, mas são)!


O stress manifesta-se de várias formas - umas óbvias, outras nem por isso, como é o caso de, pelo menos, alguns destes sintomas físicos. Mau humor e irritabilidade são algumas das consequências emocionais do stress. Mas este "mal" moderno afeta-nos de várias formas. Aqui estão dez sinais de stress. Alguns não parecem, mas são!

Músculos doridos
É provável que, quando sente uma dor no pescoço, associe esse desconforto a uma noite mal dormida ou a uma má almofada. Mas isso pode ser um sinal de stress porque a tensão recai sobre os músculos. Nos homens, é comum manifestar-se através de uma dor lombar, enquanto nas mulheres pode manifestar-se através de dores na zona superior das costas.

Dores de cabeça
Momentos de stress podem traduzir-se também em dores de cabeça, como prova um estudo analisou esta associação. Durante dois anos, 5159 participantes (com idades compreendias entre os 21 e os 71 anos) foram questionados trimestralmente sobre o stress que viviam e as dores de cabeça que sentiam. Os resultados obtidos permitir concluir que existe uma associação entre a intensidade do stress e a frequência da dor de cabeça.

Sede
A ansiedade pode levar as glândulas suprarrenais a bombardear hormonas de stress no corpo, o que, por sua vez, pode levar a uma flutuação de outras hormonas e mesmo afetar os níveis de eletrólitos e fluídos no organismo. Muita sede pode ser, por isso, um sinal de stress.

Transpiração
Mãos e axilas húmidas podem ser um sinal de stress. A transpiração excessiva, conhecida por hiperidrose, devida ao stress é mal com dos stressados. Ouvir música ou respirar fundo podem ajudar a controlar o stress e a reduzir os níveis de suor.

Queda de cabelo
Uma perda de cabelo maior do que o normal pode ser um sinal de stress excessivo. Neste caso, o melhor é sempre recorrer a um profissional.

Idas excessivas à casa de banho
Dores de estômago ou necessidade mais frequente do que o nomal de ir à casa de banho podem ser também sinais de stress.

Constipações frequentes
O stress anda de mãos dadas com uma maior vulnerabilidade a doenças comuns como as constipações. Enxaquecas podem também surgir após os períodos de maior stress.

Problemas dentários
Cerrar os dentes é um problema que pode ocorrer durante o sono, por exemplo, sem que se aperceba e o principal causador é o stress. Não só pode provocar dores nos maxilares como pode danificar dos dentes, como concluiu este estudo que associou o stress psicológico a uma baixa saúde oral.

Alterações no peso
Engordar ou emagrecer excessivamente pode ser um sinal indicativo de stress. Mudanças no apetite são um dos sinais mais comuns do stress. Um estudo, publicado no Journal Obesity, analisou os níveis de uma hormona de stress - o cortisol - em cabelos dos participantes. Os níveis de cortisol encontrados correlacionaram-se com um índice elevado de massa corporal.

Perda de memória
Se costuma perder as chaves muitas vezes ou esquecer-se da carteira pode ser uma chamada de atenção para o stress. O stress crónico pode provocar uma redução da memória espacial (que o ajuda a lembrar de objetos e locais).

Benefícios da Leitura em voz alta

“A leitura em voz alta é muito importante para as crianças, porque permite criar momentos de partilha de um grande valor emocional, que as torna, de certo modo, cúmplices da história que se lê, favorecendo o desenvolvimento das competências de leitura, normalizando a leitura e criando um ambiente em que a criança tenha necessidade e interesse em continuar a ler”.

1 – Contribui para estreitar os vínculos afetivos, já que é uma atividade que se faz, pelo menos, na companhia de outro(s) e por prazer. Ao ler em voz alta estamos a estabelecer laços emocionais com as crianças, de uma forma descontraída e geradora de confiança e alegria. Isto fortalece as relações afetivas e sociais com os familiares, os educadores, os companheiros e amigos…, e fomenta também a escuta dos outros.

2 - Ajuda ao desenvolvimento da linguagem e a ampliar o vocabulário, uma vez que se aprendem palavras novas e melhora-se a dicção. Quantas mais palavras escutar uma criança, mais vocabulário adquirirá, sendo importante que lhe expliquemos o significado daquelas palavras que não entenda. Este tipo de leitura torna ainda mais fácil a identificação da acentuação correta, o reconhecimento dos sinais de pontuação e o seu funcionamento (pausas em vírgulas e pontos, como soa uma interrogação ou uma exclamação, etc.).

3 - As leituras aportam mensagens e aprendizagens sobre / para a vida. O que conhecemos como a “moral” dos contos, fica de modo inconsciente no pensamento. É bom também que aproveitemos para refletir com as crianças sobre estas mensagens, que lhes peçamos opinião e partilhemos também a nossa (sem moralizar).

4 – Desenvolve a atenção e a concentração. Quando uma criança escuta um conto, está a prestar atenção ao que dizemos, e, sem dar-se conta, está treinando a sua concentração, com uma atitude descontraída.

5 - Favorece o desenvolvimento do pensamento (crítico). Através de mundos novos e maravilhosos que a leitura frequentemente oferece fazemos com que a criança, pouco a pouco, desenvolva a sua capacidade de pensar e pensar criticamente, desenvolvendo ainda a compreensão leitora e a perceção auditiva.

6 - Exercita a imaginação e a criatividade. Escutar contos/poemas/histórias supõe “imaginar” o que está a acontecer. Podemos promover este processo, utilizando recursos como a entoação e as pausas.

7 - Aporta o conhecimento de conceitos. Através da leitura aparecerão de forma natural conceitos que as crianças desconhecem, tendo nós, desta forma, a oportunidade de fazer com que construa o (re)conhecimento destes conceitos. Isto permite que se leia com mais desenvoltura, imprimindo velocidade de dicção. Ajuda também a detetar erros e a corrigi-los com maior facilidade do que a leitura silenciosa.

8 – Ajuda as crianças a ler por si mesmas, fomentando o gosto pela leitura. Ver os adultos a ler é, sem dúvida, o melhor argumento para convencer uma criança de que a leitura pode ser divertida o proveitosa, e assim ajudar a descobrir o prazer da leitura. Promove o gosto e o interesse pelos livros.

9 – Melhora a capacidade de expressão e estimula a imaginação. Através da leitura em voz alta, as crianças escutam expressões, estruturas gramaticais e sintáticas, aprendendo assim a expressar-se adequadamente. A expressividade e a intenção que se coloca no que se lhes lê, proporciona informação suficiente para que a criança, na sua fantasia, reinvente a história. Em idade escolar, facilita também a expressão escrita.

10 – Desenvolve a autoestima e as competências sociais, já que as crianças tendem a identificar-se com as personagens. Contribui também para a superação dos medos e desenvolvimento da autoconfiança. Promove e desenvolve o hábito de expressar-se em público, evitando a vergonha de ver-se exposto. Permite a identificação e expressão de sentimentos e atitudes.
in Dicas de Leitura

Manuais Escolares 2017 Ensino Secundário ES2,3 Clara de Resende

Manuais Escolares 2017 3º ciclo ES2,3 Clara de Resende

Manuais Escolares 2017 2º ciclo ES2,3 Clara de Resende

Manuais Escolares 2017 1º ciclo EB João de Deus

Livros Recomendados PNL

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Dia 26 de Julho: Dia dos Avós, de Santa Ana e São Joaquim

Santa Ana e São Joaquim, os avós de Jesus, estão relacionados a figura dos avós e por isso o dia 26 de julho também é considerado o Dia dos Avós.
História de Santa Ana e São Joaquim
Ana era mulher de Joaquim, ambos judeus, e viviam em Israel e numa época onde a Igreja vivia um período de ansiedade e tensão por conta da tão anunciada e esperada promessa da chegada do Messias.
Ana, já em idade avançada, não tinha filhos e isso era causa de desgosto e até mesmo vergolha para ela, já que toda mulher judia na época poderia carregar o Salvador em seu ventre. Mas, Joaquim e Ana eram muito devotos e cheios de fé e esperança nunca deixaram de rezar e pedir por esse milagre, até que Ana engravidou.
Ana dizia: “Se Deus vive e se eu conceber um filho ou filha será um dom do meu Deus e eu servirei a Ele toda a minha vida.”
Eles definitivamente foram escolhidos para serem pais daquela que viria a ser a mãe do filho de Deus. Poucos são os dados históricos encontrados sobre eles, mas sabe-se que Maria nasceu primeiramente sob o nome de Miriam (em hebraico - Senhora da Luz) e depois passou a ser chamada apenas de Maria, no latim.
E a partir desse dia, toda a vergonha transformou-se em alegria e orgulho, pois Ana e Joaquim ganham o título de pais da Mãe do Filho de Deus. Ana cumpriu a sua promessa e ofereceu Maria a serviço de Deus, no templo, quando ela tinha 3 anos.
Comemoração e celebração
Sabe-se que inicialmente apenas Santa Ana era celebrada, por ser a mãe daquela que viria gerar o filho do Salvador, mas no ano de 1584, São Joaquim também passou a ser celebrado e apenas em 1913 a data foi oficialmente reconhecida pela Igreja Católica como “Dia dos Avós”
Foi no V Evento Mundial da Família na Espanha que o papa Bento XVI falou da importância dos avós para as famílias católicas e reforçou o quanto os avós podem ser e na maioria das vezes são a certeza do afeto e da ternura que todo ser humano precisa dar e receber.
Certamente é uma data muito importante e bonita para ser comemorada, lembrada e celebrada!
A nossa homenagem a todos os avós!

terça-feira, 25 de julho de 2017

Caminho Português da costa Rumo a Santiago em 25 de julho, Dia de São Tiago

São Tiago Maior

Biografia de São Tiago
São Tiago foi um dos 12 apóstolos de Jesus Cristo. Nasceu em Betsaida, filho de Zebedeu e de Salomé e irmão do apóstolo João, o Evangelista. 
É citado no Novo Testamento entre os três mais próximos apóstolos de Jesus, juntamente com os irmãos Pedro e André e seu irmão mais novo João.
São Tiago é também conhecido como São Tiago Maior para diferenciá-lo de Tiago Menor, que era de Nazaré, primo de Jesus e também apóstolo. Segundo o Novo Testamento, nasceu em Betsaida, na Galileia, por volta do ano 5. Filho de Zebedeu e de Salomé fazia parte de um grupo de pescadores, formado por seu pai, seu irmão João e também Pedro.
Foi um dos discípulos escolhidos pessoalmente por Jesus, que o convidou para divulgar as doutrinas do cristianismo, quando ele estava pescando às margens do lago de Genesaré. Seu irmão João, que lhe fazia companhia, também se apressou a seguir o mestre. Jesus lhes disse: “Farei de vós pescadores de homens”.
Tiago, juntamente com João e Pedro, passou a fazer parte dos discípulos privilegiados dentro da comunidade dos 12 apóstolos. Testemunhou diversos momentos singulares que aos outros discípulos não foram concedidos. Acompanhou o Mestre em momentos gloriosos e também em momentos dolorosos.
Tiago contemplou a Transfiguração de Cristo no Monte Tabor, em que “O seu rosto brilhou como Sol, e as suas roupas ficaram brancas como a luz” (Mt. 17: 1 – 9). Thiago também presenciou a agonia de Jesus no horto de Gatsêmani, quando, depois da última ceia ao ser preso pelos soldados, judeus e romanos, conduzidos por Judas, foi levado para a crucificação. Estava presente também quando Jesus devolveu milagrosamente a saúde à sogra de Pedro e quando Jesus ressuscitou a filha de Jairo. Testemunhou a terceira aparição de Cristo, após sua morte e ressurreição, nas margens do lago de Tiberíades.
Após a ascensão de Jesus, os discípulos iniciaram um trabalho de evangelização. Segundo a tradição, Tiago seria o primeiro a evangelizar a Espanha, tornando-se depois seu patrono. Esteve na Galizia em Compostela, e em Saragoça. Enquanto descansava às margens do rio Edro teve a visão de Maria que lhe apareceu sobre uma coluna de luz rodeada de anjos e pediu-lhe que erguesse uma Igreja exatamente no local onde estava. Ela pediu ainda, que Tiago e seus seguidores voltassem para Jerusalém depois de materializar seu pedido. Após edificar a igreja, que se transformaria mais tarde, na Basílica da Virgem do Pilar, Tiago voltou para Jerusalém.
A última citação de Tiago no texto bíblico é a do (Atos 12: 1-2) ocorrida por volta do ano 44 “Nesse tempo, o rei Herodes Agripa começou a perseguir alguns membros da Igreja, e mandou matar à espada Tiago, irmão de João”. Tiago é o único apóstolo que tem sua morte citada na Bíblia. Foi o primeiro discípulo mártir. Segundo uma tradição, antes de ser martirizado, São Tiago abraçou um carcereiro desejando-lhe “a Paz de Cristo”. Este gesto converteu o carcereiro que, assumindo a fé em Jesus, foi martirizado juntamente com o apóstolo.
Existe ainda outra tradição sobre os lugares em que São Tiago passou, levando a Boa Nova do Reino. Dentre estes lugares, a Espanha onde, a partir do Século IX, teve início a devoção a São Tiago de Compostela.
De acordo com a tradição católica, o seu corpo foi sepultado em Jerusalém e depois transferido por seus discípulos para a Galiza. Os seus restos mortais são venerados na Catedral de Santiago de Compostela, que se tornou uma importante rota de peregrinação. 
São Tiago é festejado no dia 25 de julho nas igrejas católica e Luterana.
São Tiago Maior, rogai por nós!


domingo, 23 de julho de 2017

"O Leitor" de Teolinda Gersão in Histórias de Ver e Andar.

O Leitor
Para o Manuel Gusmão
Sempre gostei de ler e nunca pensei que daí me pudesse vir algum mal.
Chegava a casa, atirava-me para cima da cama e mergulhava num livro. Sobretudo se era pelas duas da manhã, e eu tinha vindo do turno da noite. Começava a ler antes de me despir, de tomar um banho quente, de abrir o frigorífico. Essas coisas só faria mais tarde.
Ler era mais urgente do que tudo, varria-me o que trazia na cabeça – fadiga, preocupações, ansiedade, as coisas ruins do dia.
Frequentemente a vontade de saber o fim da história não me deixava parar antes da última página. Houve ocasiões em que adormeci de estômago vazio, vestido, sem tomar banho nem apagar a luz. O livro caía-me da mão, quando o sono me vencia.
Nessa época eu era maquinista. Durante várias horas diárias, cuja distribuição variava conforme os turnos, a minha vida era seguir linhas subterrâneas, entrando e saindo de túneis, ouvindo a fita magnética repetir incansavelmente o nome das estações e parando ao chegar às plataformas. Alguns segundos bastavam para as pessoas se precipitarem através das portas e o comboio ficar cheio, enquanto a estação se esvaziava, ou vice-versa. Era o momento de eu olhar de relance o espelho (que depois seria substituído por ecrãs de televisão) para controlar se ainda havia alguém entrando ou saindo, ou se as portas já tinham sido fechadas. Nesse caso metia novamente o comboio em marcha. Muitos não tinham conseguido apanhá-lo, embora estivessem já na plataforma, porque esta era demasiado longa para poder ser percorrida em poucos segundos, e os comboios não esperam.
Quando, na última carruagem, o factor accionava o comando e fechava as portas, os que ainda corriam perdiam a esperança de entrar. Tenho a certeza de que alguns terão pensado com raiva que era má vontade, que ele podia ter esperado dois segundos mais. E de facto, algumas vezes, creio que o terá feito.
Mas eu não tinha que me preocupar com isso. Bastava-me verificar que as portas estavam fechadas. Por esse motivo – para ter no retrovisor uma visão de todas as carruagens – devia parar sempre no topo da estação, junto do espelho rectangular da parede, e não no meio, como talvez parecesse mais lógico. Sobretudo aos que se irritavam por perderem o comboio, embora já estivessem na plataforma quando ele chegava.
No entanto, dentro de minutos, outro comboio vinha. Era essa, aliás, a vantagem do metro: havia sempre, logo a seguir, outro comboio, e portanto perder um era, a bem dizer, irrelevante. Muitas vezes me ocorreu que a vida deveria ser assim: com tantas oportunidades que não tivesse importância perder algumas.
Mas na vida, pelo contrário, não havia oportunidades. Bastava ver, por exemplo, o que se passava para arranjar emprego. Liam-se anúncios, colocavam-se anúncios, ia-se a entrevistas, e, para qualquer lado onde se concorresse, havia centenas ou milhares de candidatos.
E os lugares eram poucos, por vezes só um.
No fim da entrevista diziam que telefonariam a comunicar o resultado. Ou que este seria negativo, se não se recebesse um telefonema, dentro de cinco ou oito dias. E depois não havia telefonema.
Fiquei por isso satisfeito quando consegui o emprego. Achei fácil, desde a formação inicial. Nos primeiros dias, quase tive prazer.
Era tudo simples, bem coordenado, eficiente.
Comecei como ajudante, passei a factor, e depois a maquinista.
Sabia que com o tempo podia subir mais, chegar inclusive a chefe de estação, mas esse futuro sempre me pareceu remoto, ou pelo menos a uma distância considerável. Para já, contentava-me em ser maquinista.
Mas estou a afastar-me dos livros. Quais são os que prefiro? Policiais, claro, gosto sobretudo de policiais. De Agatha Christie, especialmente.
Embora também leia outros, para dizer a verdade leio tudo o que encontro. Mas prefiro Agatha Christie. Poirot Investiga, Crime no Vicariato, Cartas na Mesa, O Misterioso Senhor Quinn. Por exemplo. Ou O Mistério das Cartas Anónimas. Ou O Assassinato de Roger Ackroyd.
Não há como os policiais para nos levarem para longe de onde estamos. Não é que eu não gostasse de ser maquinista. Mas é uma vida solitária, conduzir comboios. Está-se no meio de gente, mas sozinho, e quase não se fala com ninguém.
As pessoas correm no cais como formigas, provavelmente nem se vêem umas às outras, ou só de relance – também elas são apanhadas num mecanismo de movimentos alternados, correr-parar, sair--entrar, esvaziar-encher. Há uma certa cadência hipnótica nessa repetição de movimentos e na sucessão, sempre igual, das estações.
Por vezes, nos turnos da noite, eu tinha medo de adormecer. Então pensava no que tinha lido na véspera, tentava desmontar a história do fim para o princípio, e verificar que tudo encaixava e não faltavam nem sobravam peças. Colocava-me no papel de Poirot (Próxima Estação: Marquês de Pombal) e conduzia as investigações: quais eram os álibis das personagens, quem tinha sido a última pessoa a ver o morto com vida, e a que horas, a quem aproveitaria o crime.
Uma coisa levaria a outra, sem rupturas. Sem saltar capítulos nem páginas. Eu tinha feito aquele caminho milímetro a milímetro, os olhos deslizando sobre as linhas do livro, como um bicho lento e voraz. Também agora o comboio deslizava nas linhas, devorava-as com os seus grandes olhos acesos. Como um bicho rápido e voraz. Tinha de seguir toda a extensão do percurso, não podia saltar desta linha para aquela, passar do Cais do Sodré directamente para a Bela Vista, ou voar do Campo Pequeno à Pontinha. Seguia, obedientemente, a linha verde, a vermelha, a azul ou a amarela. Conforme os dias. Ou os turnos. Hoje era a azul. (Próxima Estação: Jardim Zoológico)
Houve uma noite em que sonhei que descia no Jardim Zoológico e abria as jaulas. Deixava uma girafa no Parque e punha o leão a comer as laranjas, debaixo das Laranjeiras. Embora no sonho o facto de o leão comer laranjas me parecesse absurdo.
Não era só eu que estava preso às linhas. Também as pessoas que corriam nas plataformas estavam presas a determinadas estações, em determinadas linhas. Corriam da estação onde moravam para a estação onde trabalhavam, e vice-versa (e isso era já uma sorte, porque havia quem ainda tivesse, além disso, de apanhar dois autocarros, um comboio suburbano ou o barco para a margem sul.) (Próxima Estação: Laranjeiras)
Mas era assim: não se podia morar na Baixa-Chiado, se se morava na Pontinha. Cada pessoa tinha o seu lugar, e o seu percurso. Aparentemente podiam entrar e sair onde quisessem, em todas as estações de todas as linhas – mas só aparentemente. A bem dizer, só nos passeios de domingo. Durante a semana as pessoas tinham percursos fixos, a que não podiam escapar.
Por falar em passeios de domingo, eu procurava sempre sítios altos, com amplas vistas. Miradouros, por exemplo. Santa Luzia, Santa Catarina, São Pedro de Alcântara, Castelo. Ou ia de barco atravessar o rio.
Tinha um grande desejo de ar e de luz, o que é compreensível. À força de viver soterrado, debaixo das luzes do néon, iguais de dia e de noite, a superfície ganhava contornos prodigiosos. Pensava em lojas brilhantes, vitrinas enfeitadas, objectos que se ofereciam ao olhar de quem passava; pensava nas ruas debaixo da chuva, nos cafés cheios, no cheiro bom do café (Próxima Estação: Alto dos Moinhos) nos cigarros que se acendiam (uma das coisas que mais me custava no trabalho era a proibição de fumar).
As ruas à chuva. Também nos livros de Agatha Christie muitas vezes chovia. Não, eu nunca tinha ido a Inglaterra. Gostaria de ver Londres, mas também gostaria de ver o campo, sempre ouvira gabar o campo inglês.
Agatha Christie também devia gostar do campo, porque a maior parte dos seus livros se passa em pequenas localidades provincianas, onde todas as pessoas se conhecem, têm estas profissões ou aquelas, estes hábitos, defeitos, virtudes e tiques, moram em casas com jardim, têm determinado tipo de cortinas, mobílias de estilo ou móveis antiquados, e muitas vezes chuva nas janelas.
À primeira vista tudo aquilo nos é familiar, porque as personagens são iguais a qualquer pessoa, (Próxima Estação: Colégio Militar) parecem-se connosco ou com alguém que conhecemos, e por isso são-nos simpáticas.
Em geral, julgo que não há pobres, ou não propriamente. (Verificar melhor, mas não me lembro de encontrar pobres.) Mas há os ricos, isso sim, e esses vivem cheios de conforto. Em Roger Ackroyd, por exemplo, há uma série de criados para umas cinco pessoas.
Senão vejamos: a criada Elisa, a cozinheira, a segunda criada, a criada de cozinha, a criada russa, e Parker, o mordomo. Portanto seis, nada menos do que seis criados. Além do secretário. O que se chama viver bem, não pode haver duas opiniões sobre isso.
Mas a seguir verifica-se que este pequeno mundo, ao contrário do que parece, não é acolhedor nem seguro. (Próxima Estação: Carnide)
As pessoas têm histórias, culpas, terrores, vícios secretos. Todas elas escondem qualquer coisa. A criada de mesa, Ursula Bourne, é a mulher de Ralph Paton, que parece ser o assassino, mas não é.
A governanta solteirona, miss Russel, afinal tem um filho, toxicodependente.
Flora não é namorada de Ralph Paton, mas do major Hector Blunt. O homem que cultiva abóboras afinal não é um cultivador de abóboras (Próxima Estação: Pontinha) é o detective Hercule Poirot. (Estação terminal. Mais uma vez. E agora o mesmo percurso, em sentido inverso.)
O que me irrita nos policiais (porque a verdade é que também me irritam) é que o autor nunca dá ao leitor todas as cartas, esconde sempre algumas na manga. Nunca consegui descobrir o assassino, mas não posso dizer que a culpa seja minha.
Em Roger Ackroyd, por exemplo, o autor diverte-se a gozar o leitor. Finge-se de cúmplice, dá-lhe inclusive um mapa da casa, do terraço e do jardim, e depois, como se não bastasse, fornece-lhe ainda um segundo mapa, desta vez da sala. O leitor, é claro, faz figura de estúpido e não descobre nada, apesar dos mapas. Mas o mordomo verifica que uma cadeira está fora do lugar habitual. (Próxima Estação: Carnide)
Essa será a primeira ponta solta, a partir da qual Poirot começará a tirar as consequências.
No fim ele encena o crime, reconstitui a cena. As personagens são empurradas para uma sala, de onde não podem sair sem que a verdade se esclareça. Entre elas, na sala-ratoeira, está o criminoso. Falta apenas chegar perto e tirar-lhe a máscara.
E então vemos, de rosto descoberto, o homem que matou. (Próxima Estação: Colégio Militar) Não é um rosto hediondo, quase sempre nos continua a ser familiar.
Como no caso de Ackroyd, em que é enorme o efeito de surpresa: ninguém ia nunca pensar que o assassino é o médico simpático, que conta a história, e no entanto, desde o princípio, está a mentir.Sem que ninguém suspeite, evidentemente. A verdade é reposta e o jogo acaba. Temos a sensação de que se restabeleceu a ordem, das coisas e do mundo. Os inocentes são recompensados e os culpados recebem o castigo.
Um jogo infantil. A vida (Próxima Estação: Alto dos Moinhos)não é exactamente assim. Estes livros são muito moralistas, apesar dos cadáveres e dos crimes.
Mas não deixamos de jogar o jogo, só porque o achamos infantil. É um passatempo, mas também os passatempos são terrivelmente sérios para quem os pratica, isto é, os ociosos e os ricos. Todos gostaríamos de ser ociosos e ricos e de poder gozar os passatempos.
Ler é uma excelente forma de passar o tempo, sempre achei. Na última página fico do lado dos inocentes e felizes. A história acabou e tive a satisfação da curiosidade satisfeita, porque fiquei
a saber tudo. Ponto final. Posso passar a outro livro, outra aventura. (Próxima Estação: Laranjeiras)
Pensei estas coisas e outras, um dia e outro dia, enquanto as estações se sucediam, e o comboio deslizava sobre as linhas. E assim poderia ter continuado, se de repente não me assaltasse a ideia de que podia trazer um livro, abri-lo no tablier ou sobre os joelhos, e ir lendo, um instante aqui e outro ali, quando o comboio parava. Com o auxílio de uma pequena pilha, se a luz da cabina e da estação não fosse suficiente.
Foi esta ambição que me perdeu. A princípio tudo ia bem, cheguei a ler vários livros deste modo, aproveitando todos os segundos, nas paragens. Mas depois isso não me pareceu suficiente para a minha fome de leitura, e experimentei continuar a ler dentro do túnel, depois de pôr de novo o comboio em marcha. Era perfeitamente possível, verifiquei com surpresa e regozijo, porque grande parte da condução era automatizada.
Nessa altura senti-me no melhor dos mundos e felicitei-me por ser tão inteligente. Conseguia fazer o que mais gostava, dedicar-me a um passatempo nas horas de trabalho, e para cúmulo ainda era pago para isso.
Podia não ter seis criados, como Roger Ackroyd, mas a minha situação não era menos invejável. Com a vantagem de eu não ser candidato a cadáver.
Estava longe de imaginar todavia que podia ser apanhado. Como o assassino. E na verdade pouco faltou para que me considerassem como tal.
O que nunca julguei possível, porque eu tomava todas as precauções para que nada pudesse acontecer e ninguém corresse nenhum risco. Embrenhava-me na leitura, mas não perdia a noção da realidade em volta. Estava perfeitamente atento às estações, à entrada e saída das pessoas, ao momento em que o factor fechava as portas. Controlava tudo, ao milímetro, no espelho.
O que falhou então? Uma coisa mínima, ridícula: A fita magnética descontrolou-se e ficou uma estação atrasada. Anunciava por exemplo “Próxima Estação: Arroios” quando chegávamos aos Anjos, ou “Próxima Estação: Intendente” quando íamos a chegar ao Martim Moniz.
Não dei conta, embrenhado na leitura não ouvia a voz da gravação. Concentrava-me nas linhas, do livro e do comboio, atento à circulação no sentido certo, evitando tudo o que pudesse prejudicar ou atrasar a marcha. Todo eu era olhos, e esqueci os ouvidos, ou eles esqueceram-se de mim e abandonaram-me.
Foi esse pormenor que me perdeu. Os passageiros claro que se aperceberam da dessincronização da fita, mas ninguém se preocupou minimamente com isso. Ninguém foi burro de sair na estação errada, de acreditar que estava no Martim Moniz, se lá fora, na parede, estava escrito Rossio. Ninguém se incomodou – excepto um dos passageiros, que se fixou nesse detalhe e veio até à cabina onde eu estava, para me avisar do descontrole da fita.
Imagino que abriu a boca, certamente para dizer isso, mas não disse nada, ficou de boca aberta, do lado de lá do vidro, a olhar para mim e para o livro que eu tinha aberto em frente.
Deduzi isso, e também que a seguir foi participar ao chefe da estação, porque fui apanhado em flagrante com o livro, na estação seguinte.
Tentei escondê-lo, obviamente, mas não o podia fazer desaparecer. Ali estávamos, portanto, na cabina-ratoeira, eu e o corpo de delito. Perdi o emprego e, segundo parece, ainda tive sorte de não ter sido julgado por pôr em risco a vida alheia, e ser considerado candidato a homicida. O que, segundo ouvi, só não aconteceu para não dar má imagem da empresa, e a administração do Metro não poder ser acusada de negligência, na escolha e no controle dos funcionários.
De um instante para o outro, fiquei na rua. Desde então, e já lá vão muitos meses, estou à procura de outro emprego, que cada vez parece mais difícil de conseguir, à medida que o tempo passa.
Aparentemente, agora teria muito tempo para ler. No entanto tudo o que leio são anúncios – essa preocupação, e a ida a algumas entrevistas que terminam sempre em exclusões, ocupa-me os dias.
No entanto, mesmo que tivesse muito tempo para mim, não sei se leria como antes. Embora me envergonhe de o dizer, tenho uma saudade imensa de ler na cabina de maquinista. Não porque quisesse pôr em risco a vida de ninguém, mas porque lá dentro tudo se ajustava tão perfeitamente. No comboio e no livro, as linhas eram de certo modo paralelas. Ler também era seguir assim, por um túnel escuro, e chegar, de quando em quando, a uma plataforma iluminada.
Teolinda Gersão
in Histórias de Ver e Andar
(Lisboa: Dom Quixote, 2002)

segunda-feira, 10 de julho de 2017

IV Encontro Internacional da Casa das Ciências

Entre 10 e 12 de julho de 2017, realiza-se o IV Encontro da Casa das Ciências, subordinado ao tema Educação científica e desenvolvimento económico. Este evento irá reunir na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa professores interessados no ensino das Ciências, incluindo a Matemática e as Tecnologias da Informação, no ensino básico e secundário.
Dando corpo à parceria que temos com a Casa das Ciências, haverá no dia 12 três comunicações paralelas realizadas por professores bibliotecários responsáveis por projetos ligados à Ciência e a RBE estará igualmente representada no espaço exterior com a presença de professores e alunos que mostrarão atividades científicas que acontecem nas suas bibliotecas.

Livro Resumos

Novas instalações da Ajudaris


Estimados Amigos e voluntários da Ajudaris,

Hoje, tomamos conhecimento que fomos brindados com um novo espaço para vos receber. Como tal, é com enorme prazer que vos convidamos para mais um marco histórico na vida futura da Ajudaris: a inauguração da NOSSA casa que vos irá acolher dentro em breve.

Não cabemos em nós de tanta felicidade, o nosso coração está repleto de alegria e entusiasmo que queremos compartilhar.

Tal como Antoine de Saint-Exupéry refere na sua Obra “O Principezinho”, relativamente à rosa e à sua importância, é o tempo que dedicamos a algo que o torna tão especial.

Um enorme obrigada à Câmara Municipal do Porto por tão nobre gesto ao lançar as sementes da esperança.

Obrigada a TODOS os que abraçam a rede de afetos para que sejamos cada vez mais importantes na vida de quem mais necessita!

segunda-feira, 3 de julho de 2017

"As Férias da minha infância foram tempos mágicos" de Ester Varzim

“As férias da minha infância foram tempos mágicos”
Recordações de infância da Professora Ester Varzim
Para todos os meninos

As férias da minha infância foram tempos mágicos! Perguntar-se-ão alguns – será que não o são todos?!
Nem todos o serão, como posso facilmente fazer uma ideia.
Eram, nesse tempo, chamadas férias grandes e eram mesmo grandes…. Se não tínhamos exames, tinham início nos primeiros dias de Junho e só terminavam nos primeiros dias de Outubro, altura em que começavam, também, as primeiras chuvas.
Havia sempre a época da praia, normalmente ainda em Junho, Julho e depois a época do campo, normalmente em Agosto e Setembro.
Para a praia íamos de eléctrico descendo a Avenida da Boavista. Quando passávamos a zona do Bessa já começávamos a sentir, nas manhãs frescas e com alguma neblina, o cheirinho da maresia. Por vezes, à medida que nos aproximávamos, víamos que estava “nevoeiro ao mar”. As exclamações infantis agouravam a hipótese de chuviscos e a possibilidade de voltarmos para casa. As mães e outros viajantes logo nos tranquilizavam à boa maneira portuense -“oh meu menino, …é quando a praia é melhor!... isto levanta já…! E lá íamos acompanhando a cadência das árvores que ladeavam a linha e perscrutando nos intervalos sem árvores e nas descidas, o tal horizonte de esperança de um dia bem passado.
E o que era um dia bem passado?
Era a maré vasa logo de manhã para podermos tomar mais banho, era podermos encontrar os amiguinhos, que nunca sabíamos se estavam naquele dia ou não, (como o telefone era caro, não podíamos comunicar). Era a mãe dar licença para comermos uma língua da sogra, ou um chupa-chupa, ou mais tarde, um geladito da Rajá ou da Olá que traziam sempre uns bonequinhos que serviam para brincar. Fora isto, jogávamos ao prego, líamos Tios Patinhas, fazíamos bolos e escavações na areia. Às vezes estas eram autênticas obras de engenharia, quando havia um adulto dedicado, normalmente homem, que requisitava a rapaziada como “moços” a acartar baldes de areia molhada ou de água, consoante a estabilidade da estrutura que o olho e um tacto apuradíssimos que a experiência dos engenheiros das areias sabia sempre medir. Por vezes, lá vinha a ameaça da maré a subir e a hipótese de destruição da obra. Então construía-se um forte, mais forte do que o do Queijo, ou uma muralha com um fosso onde caberiam as ondas desfeitas, cheias de espuma do mar. Como nos empolgávamos na defesa dos castelos! Todos éramos D. Quixotes e não havia mar que nos vencesse enquanto estivéssemos por perto. Lá de noite, era outra coisa, o mar vinha e, às escuras e sem nós por perto, alisava tudo. Na manhã seguinte, estudaríamos o terreno e as marcas da maré maior, para colocarmos a salvo a nova construção, esta sim, indestrutível.
As rochas, na maré vasa, eram sempre uma aventura de equilíbrio, de descoberta da cor, de cheiros e de toda a fauna e flora marinha. As pocinhas no meio delas tinham peixinhos quase transparentes que trazíamos em baldinhos para a areia para melhor observar. Havia estrelas, caranguejos, mexilhões e não raras vezes, escorregávamos e lá fazíamos uns cortes na pele que ardiam que se fartavam quando os molhávamos na água salgada do mar. Queixosos, obtínhamos da mãe a resposta da experiência- “o que arde cura!...” e prosseguíamos para o próximo programa, que nunca faltava até à hora de partir até ao dia seguinte.
O eléctrico tinha “bichas” intermináveis de pessoas à espera. A vinda, lembro-me bem, era mesmo um sacrifício. Estávamos muito cansados, com a pele queimada, com os pés cheios de areia que sempre magoava os tais cortes feitos nos mexilhões das rochas. Havia que carregar as tralhas- a mãe não podia sozinha- e subir para o eléctrico sem deixar que outros nos passassem à frente. Como me lembro dos cheiros… – a manteiga de cacau com que nos besuntavam a pele, o cheiro a corpos com sal misturado com os óleos de lubrificação de todos os mecanismos de ferro do eléctrico e a cestas de merendeiros!... A pequenada lá ia, quase esmigalhada, sem ver para lado nenhum, equilibrada no meio dos adultos que se moviam de acordo com os solavancos do veículo. Cá fora vinham “os gunas” rapazinhos e rapazolas sem bilhete. Nos bancos, sentadas, vinham as senhoras de idade mais gordinhas e desajeitadas quanto ao equilíbrio e as mães de crianças de colo e mais tralhas no meio delas, que sempre se dava um jeitinho para aliviar os corredores.
Este texto segue propositadamente a norma anterior ao Acordo Ortográfico.
Porto, 2 de julho de 2017
Ester Varzim

O Jogo do Prego
A pedido de várias famílias, aqui vai uma breve explicação de como se jogava ao prego. O jogo era muito simples, divertido, e sem grande investimento inicial: era apenas preciso um prego comprido, com 15/20 cm. Esse prego tinha uma cabeça e aí estava todo o "busilis" da questão!!

Havia uma série, ou sequência, de 6 formas de atirar o dito prego para a areia: mão aberta, dedos fechados (costas), mão fechada, corninhos, 2 meias voltas e a cambalhota. O prego, depois de atirado à areia, tinha que ficar espetado, e contava como válido, desde que tivesse a cabeça fora da areia, ou seja, desde que não estivesse em contacto com a areia.. o que implicava que não estivesse caído, na horizontal.
Se o jogador não fosse bem sucedido, o prego tivesse caído, passava o "jogo" para o seguinte, e da próxima vez iniciava do 1º exercício a nova série.
Vejam as fotos que eu arranjei aqui na blogosfera, para melhor visualizarem a série....

No inicio do jogo estabeleciam-se quantas séries completas tinham-se que fazer... e o 1º jogador que as completasse, ganhava.
Para os profissionais havia um 2º nível, que consistia em juntar depois das séries estabelecidas, uma certa quantidade de séries "à espanhola", que era nada mais, nada mesmo, que as mesmas sequências, mas pegando no prego ao contrário, pela cabeça, o que implicava uma pirueta no ar antes da aterragem do prego!
http://poveirinha.blogspot.pt/2010/01/o-jogo-do-prego.html

domingo, 2 de julho de 2017

Imagem do mês de Julho

IRRACIONALIDADES DO MUNDO ATUAL!

Sophia de Mello Breyner Andresen partiu há 13 anos.

Sophia, um nome que guarda em si mesmo toda uma vida e um exemplo.

Morreu a 2 de julho de 2004, há 13 anos, Sophia de Mello Breyner Andresen, alguém que fez da poesia uma forma de vida ou «a forma da vida» e da essencialidade uma busca sem limites, fundindo ética e estética, harmoniosamente conjugadas com os valores do humanismo cristão.
Fez da poesia uma forma de vida ou «a forma da vida» e da essencialidade uma busca sem limites, fundindo ética e estética, harmoniosamente conjugadas com os valores do humanismo cristão. Cúmplice do real que sempre perseguiu, opôs-se aos «vendilhões do templo»; apontou o dedo às pessoas sensíveis (as que «não são capazes/ De matar galinhas/ Porém são capazes/ De comer galinhas»); censurou, «com fúria e raiva», os demagogos, espécie de capitalistas das palavras, um bem sacral que o classicismo da sua gramática ordenou com o pudor do excesso.
Senhora de um agudo sentido de justiça, uma aspiração não negociável, como modelarmente testemunha o livro Contos Exemplares (1962), Sophia de Mello Breyner é uma das vozes mais claramente densas, quanto discretas, da história da poesia portuguesa. Verticalidade, inteireza, harmonia, claridade, magia, escuta são palavras que logo ocorrem quando pronunciamos o nome de Sophia, que também concentrou a sua atenção no teatro (O Bojador, O Colar, Medeia, Recriação poética da tragédia de Eurípides), no ensaio e na tradução, com belíssimas versões de textos de Eurípides, Shakespeare, Claudel e Dante.
Confiava no poder dos nomes e na força de nomear, mas rejeitou a predestinação do seu nome, associando-o a uma arbitrariedade do registo de nascimento. Certo é que a autora de O Nome das Coisas (1977) cedo respondeu à chamada da poesia, sentida, logo na adolescência, como uma necessidade íntima: «É-me necessário fazer versos, é-me vedado saber porquê».
Avessa à apresentação de cartões de identidade pessoal, a confessionalismos fúteis, à linguagem do adorno (e a condecorações), Sophia – um nome suficientemente evocativo para guardar em si mesmo toda uma vida – sempre preferiu fundir-se com os elementos primordiais, interiorizando o mundo que buscou e procurou elevar acima das contingências, da mesquinhez e do baixo interesse: «A terra, o sol, o vento, o mar/ São a minha biografia e são meu rosto/ Por isso não me peçam cartão de identidade/ Pois nenhum outro senão o mundo tenho».
Da infância aristocrática passada no Porto, sua cidade berço, retém a sua obra poética e ficcional vivências de intensidade variável, momentos de confronto afetuoso com os seres e as coisas, ensinamentos incomunicáveis, lugares marcantes como a quinta da família, no Campo Alegre, onde hoje se encontra instalado o Jardim Botânico, mas também a praia da Granja, que lhe despertou a paixão pelo mar. Nos seus fluxos e refluxos, o mar, lugar de inteireza e via de encontro, marcou intensamente a sua produção literária, em verso e em prosa, nela ocupando um lugar central como demonstram os títulos Dia do Mar (1947), Coral (1950), Mar Novo (1958), Navegações(1983), Ilhas (1989), Búzio de Cós e outros poemas (1997), Histórias da Terra e do Mar(contos, 1984), A Menina do Mar (1958), este último um clássico da literatura para crianças e jovens que, juntamente com A Fada Oriana (1958) ou O Cavaleiro da Dinamarca (1964), começou por destinar aos seus filhos.
A frequência do curso de Filologia Clássica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, que decidiu abandonar em 1939, proporcionou-lhe um primeiro contacto com a civilização grega, que depois aprofundou, com olhar admirativo, nas sucessivas viagens feitas à Grécia, ao longo da vida. O fascínio pela Hélade e a sua cultura (autores, figuras históricas e mitológicas, lugares…) reflete-se abundantemente nos seus poemas, que ora optam pela glosa de motivos helénicos, ora pela alusão fugidia.
Nos começos do seu itinerário poético – iniciado com o volume Poesia (1944) – Sophia deixou o seu nome ligado à revista Cadernos de Poesia, aí tendo estabelecido fortes laços de amizade, nomeadamente com Ruy Cinatti e Jorge de Sena com quem se correspondeu. No tempo de mordaça e de repressão que lhe coube viver, Sophia, que corajosamente se opôs ao regime ditatorial de Salazar – o «velho abutre» – sabia que «até a voz do mar se torna exílio/ E a luz que nos rodeia é como grades» (Tempo Dividido, 1959).
Co-fundadora da Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos, presidente da Assembleia Geral da Associação Portuguesa de Escritores, manteve, depois do 25 de Abril, uma atuação cívica de relevo, tendo sido deputada à Assembleia constituinte pelo círculo do Porto.
Sophia deixou no Livro Sexto uma «Inscrição» justamente celebrada: «Quando eu morrer voltarei para buscar/ Os instantes que não vivi junto do mar».
Artigo escrito por Teresa Carvalho, publicado no jornal i