quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Habilidades /competências com futuro

Vivemos numa época de profundas transformações. As novas tecnologias estão a mudar radicalmente a natureza do trabalho em todos os setores e ocupações. Novas indústrias estão a nascer constantemente no mercado e as antigas ficam rapidamente obsoletas. Um relatório datado de 2016 do World Economic Forum revela que quase 65% dos empregos que os alunos do ensino obrigatório terão no futuro ainda não existem.
Que habilidades/ competências serão necessárias?
O especialista em educação, Tony Wagner, passou a maior parte de sua vida tentando responder a esta pergunta. Após investigar o setor educacional, entrevistar líderes e estudar a força de trabalho global, ele identificou 7 habilidades essenciais para se sobreviver no mercado de trabalho do futuro. 
São elas:
1. Pensamento crítico e resolução de problemas
Fazer perguntas – principalmente boas perguntas – é a base do pensamento crítico. Antes de resolvermos um problema, devemos saber analisar e questionar criticamente as suas causas. Toda indagação leva a linhas específicas de busca. Assim, ao mudarmos as perguntas, um horizonte totalmente novo pode abrir-se à nossa frente. Aqueles que exercem o pensamento crítico e buscam formas inovadoras de resolver os problemas terão muitas oportunidades no mercado de trabalho do futuro. Nada que a filosofia não faça há mais de 2500 anos.
2. Colaboração entre redes e liderança por influência
Há uma tendência cada vez maior para desenvolver o trabalho na nuvem. As empresas multinacionais fazem com que os seus funcionários colaborem em diferentes escritórios em todo o planeta. Muitos funcionários estão a exercer as suas atividades em casa, sem perda de produtividade. Nesse contexto, a colaboração através das redes digitais – e com indivíduos de origens e culturas radicalmente diferentes – é algo para o qual a juventude precisa estar preparada. O mercado de trabalho do futuro valorizará os profissionais capazes de colaborar (em rede) com as redes, bem como valorizará aqueles capazes de liderar equipas. Mas o líder não será aquele que comanda com autoridade de cima para baixo mas o que é capaz de gerir grupos e de estabelecer alianças conjuntas em direção a objetivos comuns.
3. Agilidade e adaptabilidade
O mundo em que vivemos é incerto, volátil e exige que saibamos adaptar-nos e redefinir estratégias.
Embora a trajetória humana sempre tenha sido turbulenta, a escala e velocidade das mudanças nunca foram tão expressivas. Logo, os profissionais capazes de se adaptarem às novas transformações, aprendendo novas habilidades e desenvolvendo novos cenários mentais, terão mais oportunidades de trabalho. Alvin Toffler disse que os analfabetos do século XXI não serão aqueles que não conseguem ler e escrever, mas aqueles que não conseguem aprender, desaprender e reaprender.
4. Iniciativa e empreendedorismo
As pessoas capazes de tomar iniciativas, que tenham atitudes empreendedoras e que estejam dispostas a resolver problemas globais têm mais capacidade de se adaptarem às necessidades laborais que já existem e às vindouras.
5. Comunicação e escrita eficaz
A comunicação (pôr em comum) clara é uma habilidade muito importante porque, acima de tudo, é a concretização do pensamento uma extensão do pensamento. Saber apresentar argumentos de forma persuasiva e inspirar os outros com paixão são competências essenciais hoje e deverão sê-lo ainda mais no futuro. Saber falar bem e saber escrever de forma eficaz são habilidades que podem ser aprendidas e consequentemente usadas para construir muitas oportunidades.
6. Análise e avaliação de informações
Embora o acesso à informação tenha aumentado drasticamente, existem muitos conteúdos falsos, inverídicos e equivocados publicados na Internet. Na era da notícia falsa, aqueles que desejam sobreviver no mercado de trabalho deverão saber avaliar e verificar informações de várias fontes diferentes através de uma lente crítica. As empresas cada vez mais necessitarão de profissionais com essas caraterísticas para que possam manter-se vivas no mercado.
7. Curiosidade e imaginação
A curiosidade e a imaginação são dons fundamentais para a sobrevivência da humanidade. Com elas, podemos escapar do momento presente, revisitar e rever o passado e antecipar possíveis futuros. Embora não sejamos capazes de prever o que irá acontecer, podemos ajudar a criar o futuro a partir de ideias produzidas pela nossa imaginação. Os seres humanos são dotados de ilimitados poderes criativos, mas muitos não reconhecem essa habilidade e não sabem como desenvolvê-la muitas vezes pela preguiça de pensar.
Educar com futuro
Existe um forte contraste entre as habilidades necessárias e o foco da educação hoje. Precisamos estabelecer novos cenários mentais, cultivando relações criativas entre as disciplinas/matérias e a educação.
Antes de preparar os alunos para a faculdade, devemos prepará-los para a vida. Em vez de ensinar os jovens a responder perguntas, devemos ensiná-los a fazer perguntas e cada vez melhores perguntas, alimentando e incentivando as crianças na idade das perguntas. Com isto não queremos dizer que não são necessários os conteúdos, matérias de estudo, se assim quiserem designá-los. Quem procura conhecer tem de ter um conteúdo do conhecimento. Conhecer é uma ação com um propósito e não uma memória sem sentido desligada de qualquer intencionalidade. Um jovem educado, é um jovem atento, curioso, que procura obter resposta para as suas perguntas, que procura soluções para os seus problemas. E, já agora, não o foi sempre, desde o início dos tempos?
A resposta a esta pergunta será dada por cada um de vocês.
A adoção de novas perspetivas poderá transformar radicalmente o futuro da educação, do mercado de trabalho e, acima de tudo, o mundo em que vivemos. É chegada a hora de abrir a mente, pois, como alguém uma vez disse, a mente que se abre para uma nova ideia jamais volta ao seu tamanho original.


Porto, 30 de Novembro de 2017
Maria Ester Varzim Miranda

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