sábado, 2 de dezembro de 2017

Reflexões de mãe...

Os nossos filhos são crianças!

Mais um período de avaliação para os nossos filhos, e com ele a obsessão dos pais pelo sucesso. Pelas notas máximas, pelos cem por cento.
Horas de estudo ininterruptas para subir no Inglês, para não descer em Geografia, para manter na Matemática. O importante é na pauta, aparecer todo o mérito, tirar uma foto e enviar para os amigos, partilhar nas redes sociais.
Horas e horas de estudo que na realidade não sei bem se o traduzem. Crianças sem tempo para brincar, para correr, para estar simplesmente a não fazer nada. Vivem cada vez mais focados na competição, os pais exigem pertencer a esse padrão de excelência, como se a inteligência e o sucesso fossem um resultado exclusivo de um quociente de notas quantitativas, numa escala métrica.
E as crianças neste ritmo desenfreado (des) organizado pelos pais, crescem, mas não aprendem o essencial. Sabem os manuais escolares de cor, são quadros de honra, mas desconhecem o que são relações humanas, o que é o fracasso, o que significa viver a palavra solidariedade.
Nas famílias a palavra de ordem é ter. Ter o último telemóvel, ter roupa de marca, a mochila mais cool, o tablet da última geração. Não existe educação emocional, porque os pais não têm tempo para grandes conversas. Janta-se no shopping entre videos do youtube, telefonemas de trabalho, e emails resposta, para ainda ir ao cinema, ou comprar novas sapatilhas. Toma-se o pequeno almoço no carro, na fila do pára arranca, enquanto se ouve a Comercial e se liga para o escritório, a dar conta que se está numa reunião, e por isso atrasado.
Os pais não têm tempo para ver a criança crescer, e esta não consegue aprender nada de útil com os pais. A criança é também um autómato e não sabe explicar como se sente consigo própria, como se sente vista pelos pais ou professores. Sabe apenas que o sucesso é o objetivo de vida. Da sua vida, que anda a ser desperdiçada em horários de escravatura. Ah! Mas a isto não se chama violência infantil.
Filhos são muito mais do que notas…e não deveriam trabalhar para o curriculum.
Quando adultos talvez ninguém queira saber que notas teve na escola, mas como cresceu, como viveu a infância e a adolescência, que amigos fez além dos virtuais, como vive o dia a dia, qual a determinação, a disciplina que gosta mais, e a que apenas suporta, quais os hábitos de convívio. Alguma vez acampou? Fez campos de férias? Como aprendeu a lidar com as várias frustrações ao longo da vida?
Enfim se tem noção de que o sucesso se constrói de pedacinhos de vida.

Mãe e EE
Alda Gonçalves

Sem comentários:

Enviar um comentário