segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

"Vós estis sal terrae"

Apreciação crítica

“Vós estis sal terrae”: é este o conceito predicável mais aclamado de todos os sermões alguma vez escritos e interpretados na língua portuguesa. Assim teve início a representação de “Payassu – O verbo do Pai Grande” alusiva ao estudo da obra “Sermão de Santo António” de Padre António Vieira, levado à cena, na Igreja do Foco, no passado dia 13 de novembro.
O inesperado monólogo do ator brasileiro Marcelo Lafontana surpreendeu pela capacidade de memorização e declamação extraordinárias, bem como pelos efeitos sonoros, figurino e adereços que, na sua simplicidade, fizeram jus à interpretação sublimemente levada a cabo. O artista foi capaz de se apresentar em palco num registo muito atual e adequado, não só à realidade quotidiana, como também ao público ao qual se dirigia. Ainda que muito fiel ao texto original, o recurso a pausas, efeitos sonoros, a utilização do espaço visual, a entoação e a expressividade vocais contribuíram para uma motivante interação com os alunos e professores da nossa escola. O efeito multimédia permitiu que um único ator transmitisse uma mensagem tão impactante como a que assistimos, já que se enquadrou em pleno na atuação no que considero uma bem trabalhada dinâmica teatral e comunicacional.
A par da brilhante atuação com que nos presenteou, Marcelo Lafontana foi ainda responsável por contrariar uma ou outra atitude mais impulsiva de um público jovem duma forma harmoniosa com o texto apresentado, algo que não poderia acontecer senão vindo de alguém com uma profunda experiência no âmbito didático.
Duma forma geral, penso que este tipo de iniciativa promove uma aproximação entre os alunos e os textos trabalhados em aula numa perspetiva mais contemporânea, pelo que gostaria de a ver repetida.

 Beatriz Andrade dos Santos, nº1 11ºC

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