quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Poema de fevereiro 2018

Ânfora

e agora é fevereiro
cidade de árvores arrepiadas

vou pelas ruas com quem busca
um pátio além do vento

foge-me a noite por entre os passos
assim ermo rosto
algures ardendo
à luz da chuva

esse rosto onde começam
os mastros e os lençóis
o meu silêncio em tantas
esperas
repartido

também nas mãos abrigo
as lâmpadas e os gastos
uma música de areias
caindo devagar

deixo que repousem

e percorro a sombra
dos algures
em que uma ânfora
de trigo
se derramará

José Manuel Mendes
In Setembro Outro Vez
Caminho, 2003, p.78

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