Ânfora
e agora é fevereiro
cidade de árvores arrepiadas
vou pelas ruas com quem busca
um pátio além do vento
foge-me a noite por entre os passos
assim ermo rosto
algures ardendo
à luz da chuva
esse rosto onde começam
os mastros e os lençóis
o meu silêncio em tantas
esperas
repartido
também nas mãos abrigo
as lâmpadas e os gastos
uma música de areias
caindo devagar
deixo que repousem
e percorro a sombra
dos algures
em que uma ânfora
de trigo
se derramará
José Manuel Mendes
In Setembro Outro Vez
Caminho, 2003, p.78
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