segunda-feira, 29 de junho de 2020

Almoço intergeracional de Física


29 de junho: Dia de São Pedro e São Paulo

A 29 de junho é celebrado o Dia de São Pedro e São Paulo.

Estas são festividades típicas da Igreja Católica, em honra do martírio dos apóstolos São Pedro e São Paulo.
A origem desta celebração é muito antiga e, supostamente, ocorre em 29 de junho pois terá sido a data do aniversário de morte de ambos os santos.
Acredita-se que estas festas foram inspiradas nos rituais de comemoração da fertilidade da terra, no período pré-gregoriano durante o solstício de verão na Europa. Posteriormente, foram adotadas pela Igreja Católica como homenagem aos santos do mês. 
O dia de São Pedro e São Paulo tem como objetivo manter viva na memória dos cristãos as origens da Igreja e, por isso, são celebrados no mesmo dia, pois estavam unidos no mesmo propósito.
Esta data ainda é considerada o Dia do Papa, pois São Pedro, segundo os católicos, foi o primeiro Papa da Igreja.

Breve história de Saõ Pedro e São Paulo:

Pedro era pescador no Mar da Galileia e largou a sua vida para seguir Jesus, sendo apontado como seu sucessor entre os doze apóstolos e teve a missão de construir uma igreja que continuasse a obra do Messias.
Para os católicos, São Pedro recebeu a missão de ser líder da Igreja de Cristo, assim como diz as escrituras “Tu és pedra, e sobre essa pedra edificarei a minha igreja” (Mateus 16:18).

Por outro lado, Paulo de Tarso, cuja conversão ocorreu quando estava em direção a Damasco, conforme os registros de Atos 9:3-5: “Durante a viagem, estando já em Damasco, subitamente viu-se cercado por uma luz resplandecente vinda do céu. Caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: "Saulo, Saulo, por que me persegues?" Saulo então diz: ‘Quem és, Senhor?’. Respondeu Ele: ‘Eu sou Jesus, a quem tu persegues.”
Paulo converteu-se e tornou-se um dos grandes evangelizadores da igreja primitiva, tornando-se um dos grandes responsáveis pela sua expansão.

Ambos morreram martirizados. São Pedro foi crucificado, mas pediu para que a cruz ficasse de cabeça para baixo, pois não se sentia digno de ter a mesma morte que seu mestre. Já São Paulo foi degolado em Roma.

sábado, 27 de junho de 2020

RANKING DAS ESCOLAS 2019...

RANKING DAS ESCOLAS 2019 

Consulte o ranking das escolas portuguesas do ensino básico, secundário e profissional, divulgado pelo Ministério da Educação e elaborado de acordo com os critérios definidos pelo Jornal de Notícias.

"Temos sido muitos os que louvamos os professores pela sua capacidade de adaptação e resiliência. Mereciam um final do ano letivo com o aplauso que lhes damos, não com os rankings que empurram a escola para ser sobre taxas, desumanizando-se e penalizando os que a humanizam..."
João Costa
27.06.2020

31 dos livros nas livrarias na semana de 22 a 28 de Junho

Duas edições diferentes de Os Sete Pilares da Sabedoria de T. E. Lawrence chegam esta semana às livrarias, bem como o primeiro livro de Angela Davis a ser editado em Portugal, A Liberdade é Uma Luta Constante; o folhetim criado online por 46 escritores, Bode Inspiratório; e o romance Marrom e Amarelo, do brasileiro Paulo Scott.

sexta-feira, 26 de junho de 2020

26 de junho: Hoje acabaram as aulas_Padlet 7º e 8ºano

Hoje acabaram as aulas e com todos os meus alunos fizemos, na aula síncrona, uns padlets de despedida. Tiveram de escrever uma mensagem. Eu fiquei cheio de orgulho das coisas que escreveram.


Professora Sónia Nogueira


Criado com o Padlet

Uma boa forma de nos despedirmos!

26 de junho: Hoje acabaram as aulas_Padlet 9ºano

Hoje acabaram as aulas e com todos os meus alunos fizemos, na aula síncrona, uns padlets de despedida. Tiveram de escrever uma mensagem. Eu fiquei cheio de orgulho das coisas que escreveram.

Professora Sónia Nogueira
Criado com o Padlet

Uma boa forma de nos despedirmos!

Padlet com os desejos ambientais 9ºano

Padlet com os seus desejos para o meio ambiente

Professora Sónia Noguera
Criado com o Padlet

O pouco que sei...

O pouco que sei

Sei que a pena não vale a pena.
Sei que a alegria não pode ser dita.
Sei que o amor, essa missão selvagem,
delicada, impossível, é a única forma
de estar neste mundo sem errar.
Sei que a morte resolve todas as coisas.
Sei que a morte, não, quero dizer a vida.
é um pardal numa árvore despida
ou uma amendoeira em flor,
cantando à luz,
dando graças aos céus por tudo
sem o saber.

Juan Vicente Piqueras in Instruções para atravessar o deserto

quarta-feira, 24 de junho de 2020

E@D E.V. Projeto Cartaz de São João

Rafael Biscotto, 9ºB

Inês Ferreira, 9ºD

André Costa 9ºB

António Costa, 9ºB

Diogo Navio, 9ºB

Matilde Burmester, 9ºB

Francisco Cerqueira, 9ºB

Tomás Morgado, 9ºD

Mariana Martelo, 9ºD

Tiago Silva, 9ºD

E@D E.V.
Professora Maria Cristina Silva

Bom São João!

O professor de EMRC
Professor Pedro Fernandes


segunda-feira, 22 de junho de 2020

Teatro Nacional São João | Programação Online 22-28 junho


Palácio da Bolsa: Atividades culturais/Exposições


PNL2027 em Ação: Ler + Fácil

O PNL2027, o Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa (CLUNL) e o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Investigação e Desenvolvimento em Lisboa (INESC-ID) decidiram associar-se para criar o projeto Ler + Fácil.

O projeto pretende combater as baixas competências e práticas de leitura e escrita dos adultos através de uma solução digital integrada com ferramentas automáticas para português europeu que asseguram a análise, classificação e conversão de obras literárias e de textos científicos e informativos mais complexos e formais para os níveis + Fácil (A1-A2) e + Claro (B1).

Em Portugal, 1/3 dos adultos não sabem ler nem escrever, entendem mal o que leem ou expressam-se com dificuldade, sendo incapazes de resolver um vasto leque de problemas académicos, profissionais ou da vida quotidiana. Os adultos que precisam de aceder ou garantir o emprego são leitores raros e têm baixa escolaridade: apenas 50% dos adultos entre 25 e 64 anos concluíram o ensino básico e 33% dos adultos entre 25 e 34 anos têm o ensino secundário.
Esta ausência ou abandono de práticas e hábitos de leitura e escrita sempre se mostrou difícil de combater devido à falta de livros e textos adequados à idade e nível de proficiência leitora destes adultos.

Com esta solução tecnológica pretende-se:
- desenvolver as capacidades e o gosto pela aprendizagem e pelo conhecimento humanístico, científico e digital da população adulta;
- aproximar os leitores adultos da literatura;
- melhorar as práticas de comunicação e educação para todos.

A implementação do Ler+ Fácil beneficiará, ainda, do contacto e envolvimento com a população-alvo através dos Centros Qualifica, com os quais o PNL2027 vem desenvolvendo, desde 2017, o projeto Ler+ Qualifica.

O Ler+ Fácil candidatou-se ao Solve.MIT / Gulbenkian Award for Adult Literacy, com o objetivo de encontrar financiamento e parceiros interessados no desenvolvimento destes instrumentos, tendo em conta o seu forte potencial para os organismos públicos, escolas, serviços de saúde, bibliotecas, empresas, editoras e tantas outras entidades de Portugal ou dos países de Língua oficial Portuguesa.

domingo, 21 de junho de 2020

Eco-Código 5.ºD

Professora Olga Silva

Girassol

"A flor de girassol significa felicidade. A cor amarela ou os tons cor de laranja das pétalas simbolizam calor, lealdade, entusiasmo e vitalidade, refletindo a energia positiva do sol..."
"Acredita-se que traz sorte e boas vibrações ao ambiente, sendo uma flor muito usada pois possui características do Sol".
Planta, Colhe, Rodeia-te de Girassóis e de boas energias!
Faz como eles: vira-te para o Sol e Sê Feliz!
Seja Feliz!

sábado, 20 de junho de 2020

O Verão chega hoje, dia 20 de junho, às 22h e 44m

O Solstício de Verão ocorrerá hoje, dia 20 de junho de 2020 às 22h e 44min, marcando o início da estação no hemisfério norte. O sol neste dia de solstício estará o mais alto possível no céu e aquando da sua passagem meridiana atingirá a altura máxima de 75° em Lisboa.
De 20 de junho a 22 de setembro, o calor que se fará sentir nesta altura deverá ser sinónimo de boa disposição, férias e descanso, quando for possível. 

quarta-feira, 17 de junho de 2020

O poema e o poeta Herberto Helder_Português 12ºano

Professora Helena Sereno
12ºano

O poema e o poeta Luiza Neto Jorge_Português 12ºano

Professora Helena Sereno

O poeta e o poema Manuel Alegre_Português 12ºano

Maria Caldeira, 12ºD
Professora Helena Sereno
12ºano

O poema e o poeta Lucas Chalegre_Português 12ºano


Professora Helena Sereno


O poema e o poeta António Ramos Rosa_Português 12ºano

Lucas Chalegre
Professora Helena Sereno 
12ºano

O poeta e o poema Alexandre O´Neill_Português 12º ano



Afonso Mendes, nº3, 12ºF
Professora Helena Sereno 
12ºano

terça-feira, 16 de junho de 2020

Vhils homenageia profissionais de saúde com mural no Hospital de São João

É uma obra que pretende homenagear os profissionais de saúde e agradecer pelo seu esforço, que tem sido vital neste cenário de pandemia.
A peça começou a ser feita na semana passada e deverá estar concluída nos próximos dias. A colaboração entre o artista português e a unidade de saúde portuense começou depois de, em abril, a edição online do Festival Iminente ter recolhido donativos para o Hospital de São João.
A obra é composta por rostos reais de médicos, enfermeiros e auxiliares, com máscaras de proteção a cobrir a boca e o nariz, que estiveram na linha da frente no combate à pandemia.

sábado, 13 de junho de 2020

13 de Junho de 1888 : Nasce Fernando Pessoa

Poeta, ficcionista, dramaturgo, filósofo, prosador, Fernando Pessoa é, inequivocamente, a mais complexa personalidade literária portuguesa e europeia do século XX. Após a morte do pai, partiu com sete anos para a África do Sul onde o seu padrasto ocupava o cargo de cônsul interino. Durante os dez anos que aí viveu, realizou com distinção os estudos liceais e redigiu alguns dos seus primeiros textos poéticos, atribuídos a pseudónimos, entre os quais se salienta o de Alexander Search. Com dezassete anos, abandona a família e regressa a Portugal, com a intenção de ingressar no Curso Superior de Letras. Em Lisboa, acaba por abandonar os estudos, sobrevive como correspondente comercial de inglês e dedica-se a uma vida literária intensa. Desenvolve colaboração com publicações (algumas delas dirigidas por si) como A República, Teatro, A Águia, A Renascença, Eh Real, O Jornal, A Capital, Exílio, Centauro, Portugal Futurista, Athena, Contemporânea, Revista Portuguesa, Presença, O Imparcial, O Mundo Português, Sudoeste, Momento. Com Mário de Sá-Carneiro e Almada Negreiros, entre outros, leva, em 1915, a cabo o projeto de Orpheu, revista que assinala a afirmação do modernismo português e cujo impacto cultural e literário só pôde cabalmente ser avaliado por gerações posteriores. Tendo publicado em vida, em volume, apenas os seus poemas ingleses e o poema épico Mensagem, a bibliografia que legou à contemporaneidade é de tal forma extensa que o conhecimento da sua obra se encontra em curso, sendo alargado ou aprofundado à medida que vão saindo para o prelo os textos que integram um vastíssimo espólio. Mais do que a dimensão dessa obra, cujos contornos ainda não são completamente conhecidos, profícua em projetos literários, em esboços de planos, em versões de textos, em interpretações e reflexões sobre si mesma, impõe-se, porém, a complexidade filosófica e literária de que se reveste. Dificilmente se pode chegar a sínteses simplistas diante de um autor que, além da obra assinada com o seu próprio nome, criou vários autores aparentemente autónomos e quase com existência real, os heterónimos, de que se destacam - o seu número eleva-se às dezenas - Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro, cada um deles portador de uma identidade própria; de uma arte poética distinta; de uma evolução literária pessoal e ainda capazes de comentar as relações literárias e pessoais que estabelecem entre si. A esta poderosa mistificação acresce ainda a obra multifacetada do seu criador, que recobre vários géneros (teatro, poesia lírica e épica, prosa doutrinária e filosófica, teorização literária, narrativa policial, etc.), vários interesses (ocultismo, nacionalismo, misticismo, etc.) e várias correntes literárias (todas por si criadas e teorizadas, como o paulismo, o intersecionismo ou o sensacionismo). Elevando-se aos milhares de milhares as páginas já publicadas sobre a obra de Fernando Pessoa, e, muito particularmente, sobre o fenómeno da heteronímia, uma das premissas a ter em conta quando se aborda o universo pessoano é, como alerta Eduardo Lourenço, não cair no equívoco de "tomar Caeiro, Campos e Reis como fragmentos de uma totalidade que convenientemente interpretados e lidos permitiriam reconstituí-la ou pelo menos entrever o seu perfil global. A verdade é mais simples: os heterónimos são a Totalidade fragmentada [...]. Por isso mesmo e por essência não têm leitura individual, mas igualmente não têm dialéctica senão na luz dessa Totalidade de que não são partes, mas plurais e hierarquizadas maneiras de uma única e decisiva fragmentação. (p. 31) Avaliando a posteriori o significado global dessa aventura literária extraordinária revestem-se de particular relevo, como aspetos subjacentes a essas múltiplas realizações e a essa Totalidade entrevista, entre outros, o sentido de construtividade do poema (ou melhor, dos sistemas poéticos) e a capacidade de despersonalização obtida pela relação de reciprocidade estabelecida entre intelectualização e emoção. Nessa medida, a obra de Fernando Pessoa constitui uma referência incontornável no processo que conduz à afirmação da modernidade, nomeadamente pela subordinação da criação literária a um processo de fingimento que, segundo Fernando Guimarães, "representa o esbatimento da subjetividade que conduzirá à poesia dramática dos heterónimos, à procura da complexidade entendida como emocionalização de uma ideia e intelectualização de uma emoção, à admissão da essencialidade expressiva da arte" bem como à "valorização da própria estrutura das realizações literárias" (cf. O Modernismo Português e a sua Poética, Porto, Lello, 1999, p. 61). Deste modo, a poesia de Fernando Pessoa "Traçou pela sua própria existência o quadro dentro do qual se move a dialética mesma da nossa Modernidade", constituindo a matriz de uma filiação textual particularmente nítida à medida que a sua obra, e a dos heterónimos, ia, ao longo da década de 40, sendo descoberta e editada, a tal ponto que, a partir da sua aventura poética, se tornou impossível "escrever poesia como se a sua experiência não tivesse tido lugar." (LOURENÇO, Eduardo, cit. por MARTINHO, Fernando J. B. - Pessoa e a Moderna Poesia Portuguesa - do "Orpheu" a 1960, Lisboa, 1983, p. 157.)
Fernando Pessoa. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012.
wikipedia (Imagens)

"Fernando Pessoa em flagrante delitro": dedicatória na fotografia que ofereceu à namorada Ophélia Queiroz em 1929
Não sei quantas almas tenho
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: “Fui eu?”
Deus sabe, porque o escreveu.

in blogue estórias da História

13 de junho: Dia de Santo António

Pintura de Stephen Kessler
Quem foi Santo António?
Batizado com o nome Fernando de Bulhões, nasceu em Lisboa, entre 1191 e 1195, na Rua das Pedras Negras, junto à Sé de Lisboa. Na casa onde nasceu e viveu a sua infância está hoje a Igreja de Santo António, e na Cripta é possível ver um pedaço de um dos ossos do Santo, autenticado por Bula.
Educado no seio de uma família nobre para ser cavaleiro, na adolescência pede autorização para ingressar na Ordem dos Cônegos Regrantes de Santo Agostinho, na Igreja de São Vicente de Fora, partindo mais tarde para Coimbra, onde estudou teologia. A busca pela introspeção e a simplicidade conduzem-no até à recém criada Ordem Franciscana e a deixar de lado, não só o hábito de agostinho, mas também o seu nome. Fernando adota o nome de António, em homenagem ao eremita Santo Antão, e dedica-se a pregar as escrituras, que tão bem conhece, sobretudo após a sua mudança para Itália.
O Sermão de Santo António aos Peixes, do Padre António Vieira, inspira-se precisamente na sua qualidade de pregador. Em Rimini, Itália, Santo António tentou pregar a palavra católica aos “hereges”, mas de nada serviu. O franciscano decide então pregar aos peixes, já que mais ninguém se dignava a ouvi-lo.
Contemporâneo e amigo de São Francisco de Assis, Santo António é um dos santos mais populares da Igreja Católica, e a sua imagem encontra-se nas várias igrejas portuguesas, italianas, brasileiras e também no sul de França.

Porque o celebramos a 13 de junho?
Santo António morreu a 13 de junho de 1231, em Arcella, perto de Pádua, na Itália, e é por essa razão que 13 de junho passou a ser Dia de Santo António.
Ao amanhecer do dia 13, Santo António desmaia e, sentindo que a morte se aproximava, pede para ser levado para a pequena igreja de Santa Maria Mater Domini, em Pádua, onde tinha vivido. Muito fraco, por se sujeitar a uma dieta rígida e a vários jejuns, mas também por sofrer de hidropisia (acumulação anormal de líquido nos tecidos ou em certas cavidades do corpo), não aguenta a difícil viagem no carro de bois e tem de parar em Arcella, às portas de Pádua. Santo António morreu numa sexta-feira, no convento de Santa Maria de Arcella, e logo começaram as disputas pelo corpo do santo. A populaçao de Arcella queria sepultá-lo na sua igreja e a população de Pádua exigia que a última vontade de Santo António fosse cumprida. Após a disputa, Pádua acolheu o corpo do santo e sepultou-o na igreja de Santa Maria Mater Domini. No ano seguinte, a cidade decidiu edificar uma Basílica em sua honra, e a pequena igreja onde está o corpo do santo foi integrada na construção. Oito séculos passados, a Basílica de Santo António continua de pé e ainda hoje é atração turística em Pádua.
Durante a cerimónia de inauguração da Basílica de Santo António, o túmulo de Santo António foi aberto e constatou-se que a sua língua se encontrava em ótimo estado de conservação, mesmo passados 40 anos sobre a sua morte. Símbolo da sua qualidade de pregador, a língua do santo foi retirada e colocada num relicário, onde continua exposta aos fiéis até aos dias de hoje.

Quanto tempo demorou até ser canonizado pela Igreja Católica?
A canonização foi feita em tempo recorde, e Santo António foi mesmo o canonizado mais rápido na história da Igreja Católica.
Com a instalação do corpo de Santo António na Igreja de Santa Maria Mater Domini, Pádua torna-se centro de peregrinação. A ela acorrem aflitos em geral, dos doentes aos endividados, todos em busca da ajuda do santo. São tantos os crentes a relatar a ocorrência de milagres que, menos de um mês passado sobre a sua morte, o bispo de Pádua decide pedir ao Papa Gregório IX o início do processo de canonização. Cumpridos todos os requisitos canónicos, o papa Gregório IX canonizou Santo António a 30 de Maio de 1232, antes sequer de se cumprir o primeiro aniversário da sua morte.
700 anos depois, em 1946, o Papa Pio XII proclama Santo António Doutor da Igreja, com o título de Doutor Evangélico.

Santo António de Pádua em Itália, Santo António de Lisboa em Portugal. Afinal em que é que ficamos?
Sendo um dos santos mais populares da Igreja Católica, é normal que existam disputas, mas apesar dos dois nomes diferentes estamos a falar do mesmo santo. Santo António nasceu e viveu em Lisboa, viveu e morreu em Pádua. Em Itália, todos o querem seu, em Portugal não há dúvidas quanto ao nome Santo António de Lisboa. Para acabar com as discussões, o melhor é citar o que disse o Papa Leão XIII (1878 – 1903): “É o santo de todo o mundo”.

Santo António é o padroeiro de Lisboa?
Há quem tenha dúvidas sobre quem é, afinal, o santo padroeiro da capital portuguesa. Entre Santo António e São Vicente, a resposta não é simples. São Vicente de Saragoça é o santo padroeiro principal do Patriarcado de Lisboa. Já Santo António é o padroeiro principal da cidade de Lisboa, como explicou o irmão Pedro, da Igreja de Santo António, segundo o que está escrito no diretório litúrgico deste ano.
Santo António é também padroeiro secundário de Portugal (Nossa Senhora da Conceição é a padroeira principal). Já agora, sabia que o primeiro padroeiro de Lisboa foi São Crispim? Isto porque, em 1147, D. Afonso Henriques conquistou a cidade de Lisboa aos mouros no dia de São Crispim. A data levou a que São Crispim fosse declarado padroeiro da cidade, mas cedo São Vicente tomou o seu lugar. Nesta altura, Santo António ainda não tinha nascido.

De onde vem a tradição dos manjericos e das sardinhas?
Não se conhece qualquer relação entre Santo António e estes dois símbolos das Festas de Lisboa. Até porque o manjerico e a sardinha são símbolo de todas as festas populares do mês de junho, incluindo São João e São Pedro. A sardinha, peixe que nada nos mares portugueses, tem a partir da primavera a sua época alta. A primavera é também a época associada ao amor e, na tradição popular das festas, era costume os rapazes comprarem um manjerico (também conhecido como a erva dos namorados) num pequeno vaso, para oferecer à sua adorada. O facto de as condições da primavera e do verão serem as ideais para o crescimento dos manjericos ajudou a que a planta se tornasse tão popular nesta altura.

Como surgiram as marchas populares?
Há 82 anos que os bairros e as coletividades lisboetas desfilam oficialmente na capital. Isto porque, apesar da primeira marcha datar de 1932, os vários bairros alfacinhas já organizavam entre si alguns bailes e pequenas marchas individuais.
A primeira marcha foi promovida por Leitão de Barros, homem próximo de António Ferro, a pedido de Campos Figueira, então diretor do Parque Mayer. A ideia era chamar os bairros lisboetas a mostrarem o melhor de si, dos trajes às músicas, e provar a união da alma alfacinha à volta da celebração de Santo António. À primeira marcha, apenas os bairros de Alto do Pina, Campo de Ourique e Bairro Alto compareceram à chamada.
Criadas no Estado Novo, nos anos 70 quase não houve marchas. Com a revolução de 1974, os anos seguintes tornaram-se pouco propícios para os festejos que alguns consideravam demasiado ligados ao regime de Salazar.
O ano de 1980 marcou o regresso das marchas à Avenida da Liberdade, com dez marchas e sem concurso. Os prémios e o júri voltaram em 1981. Até hoje.

Porque se diz que Santo António é casamenteiro?
A esta hora, muitas raparigas têm em casa um Santo António virado de cabeça para baixo, na esperança de que isso as ajude a conquistar a sua alma gémea. Não faltam teorias e relatos de noivas que agradecem o milagre do casamento a Santo António, por isso citamos A Biografia do Santo do Amor, livro de 2008 onde Fernando Nuno relata o caso de uma jovem devota que foi ter com frei António, pedindo-lhe ajuda para casar com o seu vizinho Filipe. O problema: a família da pobre não tinha dinheiro para o seu dote – por tradição atribuído aos pais do noivo. Comovido, Santo António ter-lhe-á dito que o melhor era colocar o assunto nas mãos de Deus, mas em segredo pôs mãos à obra. Daquela vez, Santo António não distribuiu os donativos arrecadados junto dos fiéis, decidindo guardar o dinheiro até conseguir a quantia necessária para o casamento da jovem. Quando conseguiu, amarrou as moedas numa bolsa e atirou-a discretamente para dentro do quarto da rapariga, juntamente com um bilhete: “Este é o dote que permitirá à noiva casar-se”.
O livro admite que esta história tem várias versões, até porque “quem conta um conto acrescenta um ponto”. Segundo uma tradição portuguesa do século XVII, por exemplo, uma mulher desesperada por encontrar marido atirou pela janela a estátua que tinha de Santo António e, por pontaria, atingiu a cabeça de um soldado que passava na rua naquele momento. Depois de ser socorrido pela própria mulher, conta-se que o soldado se apaixonou por ela e os dois acabaram por contrair matrimónio. As histórias multiplicam-se e, como sempre nestes casos, o que conta é a fé e a crença.

Seguindo a tradição de ajudar casais a subir ao altar, a Câmara Municipal de Lisboa organiza, todos o anos, os casamentos de Santo António para casais que não têm possibilidade de pagar a cerimónia.
SARIRDAIA
in observador

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Chá, Café ou Chocolate?

Documentário de Jeanne Lefèvre que nos conta a história do chá, café e chocolate
Chá, café ou chocolate quente? Esta é a pergunta comum num pequeno-almoço nos dias de hoje. No entanto, esse hábito de consumo existe apenas há três séculos.
Este documentário conta-nos a história dessas bebidas, cultivadas no hemisfério Sul e originalmente consumidas no Norte, revelando o papel da Europa no seu desenvolvimento.
Desde a descoberta das plantas à sua generalização, passando pela sua exploração e banalização nas nossas chávenas, o documentário de Jeanne Lefèvre conta indiretamente a história da conquista dos mares, da escravatura, da industrialização e da globalização.
50 minutos



12 de junho Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil

Crescimento da exploração do trabalho infantil é risco iminente durante pandemia

O Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil celebra-se a 12 de Junho. Foi criado pela Organização Internacional do Trabalho - que faz parte da Organização das Nações Unidas – que instituiu a data em 2002. Esta efeméride, que é celebrada no mesmo mês que o Dia Mundial da Criança, tem como objectivos alertar a população para a realidade de muitas crianças, as quais são obrigadas a trabalhar no seu dia-a-dia quando a sua rotina deveria ser ir à escola, bem como agregar esforços num movimento global para a eliminação do trabalho infantil.

Trata-se de um estímulo para que todas as nações adoptem normas e acções sólidas de combate ao trabalho infantil como o desenvolvimento de políticas que protejam os direitos das crianças, inspecções regulares em locais de trabalho e a garantia do acesso das crianças a educação.

A UNICEF estima que existam 168 milhões de crianças vítimas de trabalho infantil com graves perigos à saúde das crianças. Segundo a Organização Internacional do Trabalho, mais de 20 em cada 100 crianças entram no mercado de trabalho por volta dos 15 anos nos países pobres.

É fundamental refletir sobre esta temática tão nefasta para as crianças, assim como fomentar a vontade de alterar esta situação.

12 de Junho de 1929: Nasce Anne Frank

No dia 12 de Junho de 1929, nascia a menina que daria um rosto ao Holocausto. Desde a publicação do seu diário em 1947, Anne Frank é símbolo contra a intolerância. A sua paixão pessoal "humanizou" o inconcebível extermínio.
O Diário de Anne Frank já foi editado em mais de 50 idiomas e vendeu, desde a sua publicação em 1947, dezenas de milhões de exemplares. O livro foi adaptado para o palco e, entre 1959 e 2001, inspirou filmes de cinema e TV, da Holanda a Hollywood.
Nascida em 12 de Junho de 1929, a autora faleceu com apenas 15 anos de idade no campo de concentração nazi de Bergen-Belsen. Valor literário à parte, o maior mérito de Anne foi, postumamente, ter dado um rosto ao Holocausto.
Pois, se Otto Frank não tivesse decidido publicar os registos íntimos dessa adolescente, feitos durante os dois anos em que a família esteve escondida dos nazis em Amesterdão, ela seria apenas mais uma entre os 6 milhões de judeus exterminados.
Os Frank mudaram-se de Frankfurt para a Holanda exactamente em 1933, ano em que os nacional-socialistas subiram ao poder. Otto, pai de Anne, fundou uma firma em Amesterdão. Durante sete anos, a família levou uma vida normal e pacífica.
Este quadro transformou-se de um só golpe quando os nazis ocuparam a Holanda, em 1940, segundo ano da Segunda Guerra Mundial. Assim como os outros judeus, a família foi sendo pouco a pouco "cercada", o acesso à escola e às piscinas públicas foi-lhes cortado, e o pai de família deixou de poder gerir os seus próprios negócios. Todos os judeus tinham que portar o estigma da estrela amarela em público, sob ameaça de severas penas.
Quando, em 1942, Margot, uma das irmãs, foi convocada para trabalhar no Leste Europeu, os Frank decidiram entrar para a clandestinidade. Enquanto nos escritórios e depósitos "oficiais" continuavam as actividades usuais da firma de Otto, eles passaram a habitar, juntamente com uma família amiga, as salas vazias nos fundos do prédio.
Uma escada unia as duas partes da casa, e a passagem era camuflada por uma estante móvel. Ao todo, oito pessoas passaram 25 meses nesse esconderijo, totalmente isoladas do mundo exterior. Isto só foi possível com a conivência de quatro funcionários, que traziam comida e livros, e os mantinham informados sobre os acontecimentos políticos.
Um diário, denominado "Kitty", tornou-se o confidente de Anne nesse exílio e fuga mental para as limitações do dia-a-dia. A ele, a menina confiava as suas ideias e aspirações, a sua opinião sobre os inevitáveis atritos interpessoais ditados pela convivência longa e forçada no esconderijo.
De forma tocante, ela falou do seu desenvolvimento físico, das relações com o pai e a mãe, e do amor. Revelou detalhes quotidianos aparentemente insignificantes, como a restrição de ir à casa de banho somente à noite, quando a firma estava fechada. Mas também narrou momentos de pavor, noites em que a capital holandesa foi bombardeada, ou a presença de estranhos na loja, que forçava os fugitivos à imobilidade quase total.
Porém, em 1944, alguém – até hoje não se sabe exactamente quem – denuncia os clandestinos. Poucos dias depois, as SS revistavam a firma, levando os oito embora, de início para um campo de trabalho forçado na Holanda.
Mais tarde, foram transportados num comboio de mercadorias até Auschwitz, e de lá a Bergen-Belsen, na Baixa Saxónia. Em Março de 1945, poucas semanas antes da libertação desse campo, Anne e Margot morreram de tifo.
Dos oito clandestinos da Prinsengracht 263, apenas Otto Frank sobreviveu ao Holocausto. A casa onde a família se ocultou durante dois anos foi transformada em museu em 1957, recebendo uma média de 900 mil visitantes por ano, sobretudo jovens.
Fontes: DW
wikipedia (imagens)
Capa da primeira edição do Diário de Anne Frank


Preparar o que aí vem…Opinião de Guilherme Oliveira Martins

Preparar o que aí vem…

A educação e a escola têm, agora, de corresponder de modo inovador ao desafio atual. Em lugar de uma estratégia defensiva, devemos preparar-nos para não ser apanhados novamente desprevenidos.

“Um objetivo sem um plano é apenas um desejo”
Antoine de Saint-Exupéry

Giorgio Agamben deu o grito de alerta em Itália: “corremos o risco de vermos abolido o nosso próximo.” Perante a pandemia e o confinamento chegamos à conclusão de que, em abstrato, é possível funcionar a distância, em linha, sem as relações diretas, olhos nos olhos, mas isso é só em abstrato. É extraordinário podermos contar com a comunicação digital, mas é insuficiente, sobretudo quando falamos das relações humanas, da educação e da cultura, do conhecimento, da sabedoria, mas também da ciência e da técnica. O que tem mais valor não tem preço e o desenvolvimento humano obriga a compreender que a cooperação e a solidariedade são para a humanidade o que a biodiversidade é para os seres vivos. As máquinas não vão substituir o contacto entre seres humanos.

Lembrando-me do exercício que tive o gosto de coordenar sobre a definição do perfil dos alunos no fim do ensino obrigatório, não posso esquecer que a liberdade, a responsabilidade e a cidadania exigem presença, autonomia, risco. É verdade que a situação atual não oferecia alternativa – havia que usar a distância no ensino para salvaguardar a presença futura. Mas importa, desde já, preparar a sequência. Por isso, José Tolentino Mendonça disse: “Não é possível excluir o corpo da escola, pois é através dele que damos significação ao mundo, maturando os diversos saberes e exercitando a responsabilidade pela inteira existência” (Expresso, 30.5.2020). Perante uma situação excecional, tivemos de encontrar respostas excecionais, mas urge agora delinear com inteligência novas saídas. Afinal, se reforçarmos a liberdade e a responsabilidade pessoal podemos combater melhor os efeitos da pandemia, prevenir e salvaguardar a saúde pública e reforçar a cidadania democrática e o desenvolvimento económico.
Foi por falta de transparência e descrença na responsabilidade cívica das pessoas e das instituições que muitas soluções falharam. Temos, assim, de reconhecer as virtualidades e as limitações da solução possível encontrada – a distância e o confinamento. Agravam-se as desigualdades, afetam-se os mais frágeis, comprometem-se os níveis mais precoces de aprendizagem. A educação e a escola têm, agora, de corresponder de modo inovador ao desafio atual. Imediatamente, não havia margem de manobra, mas temos de pensar a ligação entre desenvolvimento, saúde pública, liberdade, responsabilidade e cidadania. Veja-se como avançámos na consciência de que o consumismo e a destruição do meio ambiente podem ter respostas positivas, através da equidade intergeracional e da justiça distributiva… Em lugar de uma estratégia defensiva, devemos preparar-nos para não ser apanhados novamente desprevenidos.

Importa contrariar os riscos de agravamento das desigualdades e da exclusão – tomando consciência de um dilema paradoxal contemporâneo, entre Cila e Caríbdis, vivemos entre a uniformização e a fragmentação. E Edgar Morin tem insistido na necessidade de tirar lições da brutal situação em que ficámos: quanto de essencial perdemos no culto do acessório, quanta liberdade perdemos no medo. Volto ao tema do perfil do cidadão do século XXI: importa complementar os avanços do mundo digital e do ensino a distância com maior cooperação interpessoal, com os bons efeitos das redes, com o favorecimento da dimensão internacional, contra os egoísmos nacionalistas. O patriotismo cívico e constitucional prospetivo é essencial, com o cosmopolitismo centrado no respeito mútuo. Urge adequar, na aprendizagem de qualidade, motivação, exigência, trabalho, capacidade de resolver problemas, cuidado, atenção e entreajuda.

Se queremos melhor democracia, temos de dar tempo ao tempo, para que a reflexão não seja substituída pela manipulação. É verdade que o ensino, no seu conjunto, pode sair da pandemia mais preparado para aproveitar as tecnologias e as novas correntes de aprendizagem, mas temos de cuidar dos que não podem ser abandonados, favorecendo a criatividade e a cooperação pessoal. No dilema saúde/economia, o valor fundamental é o da vida, da existência, da liberdade, da igualdade e da fraternidade… O capital social e a confiança obrigam ao que Adela Cortina designa como “amizade cívica” (El Pais, 16.5.2020). Só com esta estaremos mais preparados para afrontar próximas epidemias e ameaças de destruição da humanidade…
Guilherme de Oliveira Martins
Jornal Público
In AQUI 

12 de junho: Dia de Santo Onofre

Segundo uma lenda cujos episódios são copiados das lendas de São Paulo Eremita e de Santa Maria Egípcia, Santo Onofre era filho de um rei da Pérsia ou da Abissínia que dando ouvido aos conselhos pérfidos do diabo, disfarçado de peregrino, acreditou que o filho que a rainha estava a ponto de dar à luz não era seu e que era fácil de provar a bastardia expondo a criança ao fogo. Milagrosamente poupada pelas chamas para onde tinha sido atirada, a criança foi aceite como filho legítimo e recebeu o nome de Onofre por indicação de um anjo. Educado num convento egípcio, o jovem Onofre foi aleitado por uma cerva branca durante três anos. Mais tarde, crendo inocentemente que a imagem do Menino Jesus não tinha nada para comer ofereceu-lhe um pão, recebendo em troca um pão tão pesado que foram necessários vários monges para o transportar. Santo Onofre deixou o convento para se fazer eremita e, guiado por uma coluna de fogo, chegou a uma gruta onde existia uma nascente de água à sombra de uma palmeira. Viveu durante sessenta anos retirado do mundo, alimentado pelos frutos da palmeira e pelo pão que lhe é trazido por um anjo que todos os domingos lhe vem dar a comunhão. Nu, coberto de pelos, com uma grande barba e com uma tanga de folhas é tomado por um animal feroz por um outro eremita que foge atemorizado, mas que é acalmado por Santo Onofre que lhe conta a sua vida. Quando morre, Santo Onofre recebe as honras fúnebres de um coro de anjos e a sua alma sobe ao céu em forma de pomba branca. Foi venerado pelos Hieronimitas que lhe construíram um mosteiro em Roma, na colina do Janículo. As suas relíquias foram tidas como estando na cidade de Munique. 
É o patrono dos tecelões e dos tintureiros de Florença pelo facto de ter tecido a sua tanga de folhas de palmeira.
MSOTPCDARDAIA

quinta-feira, 11 de junho de 2020

"Leva-me contigo" - o documentário

“Leva-me Contigo”, na RTP2: O documentário em que Afonso Reis Cabral nos revela a Estrada Nacional 2
Autor de "O Meu Irmão" (Prémio Leya 2014) e "Pão de Açúcar" (Prémio José Saramago 2019), Afonso Reis Cabral percorreu os quase 739 quilómetros da Estrada Nacional 2, numa caminhada de 24 dias por aquela que é a maior estrada do país e uma das maiores do mundo. Entre abril e maio de 2019, Afonso cruzou montanhas e planícies, mergulhou em rios, caminhou debaixo de tempestades e sob o sol ardente. Mas sobretudo parou para conversar com quem encontrava. No fim de cada dia, publicava na sua página de Facebook um diário escrito no telemóvel relatando os principais eventos da viagem. Com milhares de leitores, comentários e partilhas, os seus textos geraram grande entusiasmo. Depois da obra "Leva-me Contigo" (Dom Quixote, 2019), a experiência do escritor na maior estrada do país ganha nova dimensão neste documentário que reúne filmagens inéditas do percurso e testemunhos das pessoas com quem se cruzou. 

Folhear_2 jan-març 2020 NewsLetter digital


Folhear_2 jan-març 2020 Newletter EB João de Deus

Folhear 2 jan-març 2020 por PB Abel Cruz




Feriado de 11 de junho: Dia do Corpo de Deus

Corpo de Deus
O Corpo de Deus é uma festa cristã católica celebrada no 60º dia após a Páscoa, mais concretamente, na quinta-feira que se segue ao domingo da Santíssima Trindade.
A origem da Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo remonta ao século XIII. O cónego Tiago Pantaleão de Troyes (futuro papa Urbano IV), arcediago do Cabido Diocesano de Liège (Bélgica), tomou conhecimento do segredo da freira Juliana de Mont Cornillon (Bélgica), que teve visões de Cristo onde manifestou vontade de que o mistério da Eucaristia fosse celebrado com especial importãncia. Por volta de 1264, na cidade Bolsena (Itália), ocorreu um milagre, a saber: um sacerdote, no momento de partir a hóstia, viu sair, da sagrada partícula eucarística, sangue que empapou o corporal (pano onde se apoiam o cálice e a patena durante a missa). O papa (Urbano IV) determinou que os objetos milagrosos fossem trazidos para Orvieto (Itália) em grande procissão no dia 19 junho de 1264, sendo levados para a Catedral de Santa Prisca. Esta foi a primeira procissão do Corpo Eucarístico. A festa de Corpus Christi foi oficialmente instituída por Urbano IV com a publicação da bula Transiturus em 8 de setembro de 1264, para ser celebrada na quinta-feira depois da oitava de Pentecostes, podendo, dessa forma, ser comemorada entre as datas de 21 de maio e 24 de junho. Em virtude da Eucaristia ter sido instituída por jesus numa quinta-feira (Quinta-Feira Santa), o Corpo de Deus celebra-se sempre numa quinta-feira.
Em Portugal, a celebração da festa do Corpus Christi, foi declarada pelo rei D. Dinis (1261-1325), e começou a ser comemorada em 1282, embora existam referências da sua realização desde os tempos de D. Afonso III (1210-1279).

Evangelho segundo S. João
51Eu sou o pão vivo, o que desceu do Céu: se alguém comer deste pão, viverá eternamente; e o pão que Eu hei-de dar é a minha carne, pela vida do mundo.» 52Então, os judeus, exaltados, puseram-se a discutir entre si, dizendo: «Como pode Ele dar-nos a sua carne a comer?!» 53Disse-lhes Jesus: «Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes mesmo a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. 54Quem realmente come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e Eu hei-de ressuscitá-lo no último dia, 55porque a minha carne é uma verdadeira comida e o meu sangue, uma verdadeira bebida. 56Quem realmente come a minha carne e bebe o meu sangue fica a morar em mim e Eu nele. 57Assim como o Pai que me enviou vive e Eu vivo pelo Pai, também quem de verdade me come viverá por mim. 58Este é o pão que desceu do Céu; não é como aquele que os antepassados comeram, pois eles morreram; quem come mesmo deste pão viverá eternamente.»
Pedro Fernandes
Professor EMRC

quarta-feira, 10 de junho de 2020

Em dia de Portugal “O que é amar um País” foi o tema do discurso do cardeal madeirense

 “O que é amar um País” foi o tema do discurso do cardeal madeirense
in Diário de Notícias
Intervenção proferida hoje pelo Presidente da Comissão Organizadora das Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas 2020, o Cardeal madeirense D. José Tolentino de Mendonça.

O QUE É AMAR UM PAÍS
Agradeço ao senhor Presidente o convite para presidir à Comissão das comemorações do dia 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades. Estas comemorações estavam para acontecer não só com outro formato, mas também noutro lugar, a Madeira. No poema inicial do seu livro intitulado Flash, o poeta Herberto Helder, ali nascido, recorda justamente «como pesa na água (...) a raiz de uma ilha». Gostaria de iniciar este discurso, que pensei como uma reflexão sobre as raízes, por saudar a raiz dessa ilha-arquipélago, também minha raiz, que desde há seis séculos se tornou uma das admiráveis entradas atlânticas de Portugal.

É uma bela tradição da nossa República esta de convidar um cidadão a tomar a palavra neste contexto solene para assim representar a comunidade de concidadãos que somos. É nessa condição, como mais um entre os dez milhões de portugueses, que hoje me dirijo às mulheres e aos homens do meu país, àquelas e àqueles que dia-a-dia o constroem, suscitam, amam e sonham, que dia-a-dia encarnam Portugal onde quer que Portugal seja: no território continental ou nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira, no espaço físico nacional ou nas extensas redes da nossa diáspora.

Se interrogássemos cada um, provavelmente responderia que está apenas a cuidar da sua parte - a tratar do seu trabalho, da sua família; a cultivar as suas relações ou o seu território de vizinhança - mas é importante que se recorde que, cuidando das múltiplas partes, estamos juntos a edificar o todo. Cada português é uma expressão de Portugal e é chamado a sentir-se responsável por ele. Pois quando arquitetamos uma casa não podemos esquecer que, nesse momento, estamos também a construir a cidade. E quando pomos no mar a nossa embarcação não somos apenas responsáveis por ela, mas pelo inteiro oceano. Ou quando queremos interpretar a árvore não podemos esquecer que ela não viveria sem as raízes.

Camões e a arte do desconfinamento
Pensemos no contributo de Camões. Camões não nos deu só o poema. Se quisermos ser precisos, Camões deixou-nos em herança a poesia. Se, à distância destes quase quinhentos anos, continuamos a evocar coletivamente o seu nome, não é apenas porque nos ofereceu, em concreto, o mais extraordinário mapa mental do Portugal do seu tempo, mas também porque iniciou um inteiro povo nessa inultrapassável ciência de navegação interior que é a poesia. A poesia é um guia náutico perpétuo; é um tratado de marinhagem para a experiência oceânica que fazemos da vida; é uma cosmografia da alma. Isso explica, por exemplo, que Os Lusíadas sejam, ao mesmo tempo, um livro que nos leva por mar até à India, mas que nos conduz por terra ainda mais longe: conduz-nos a nós próprios; conduz-nos, com uma lucidez veemente, a representações que nos definem como indivíduos e como nação; faz-nos aportar – e esse é o prodígio da grande literatura - àquela consciência última de nós mesmos, ao quinhão daquelas perguntas fundamentais de cujo confronto, um ser humano sobre a terra, não se pode isentar.

Se é verdade, como escreveu Wittgenstein, que «os limites da minha linguagem são os limites do meu mundo», Camões desconfinou Portugal. A quem tivesse dúvidas sobre o papel central da cultura, das artes ou do pensamento na construção de um país bastaria recordar isso. Camões desconfinou Portugal no século XVI e continua a ser para a nossa época um preclaro mestre da arte do desconfinamento. Porque desconfinar não é simplesmente voltar a ocupar o espaço comunitário, mas é poder, sim, habitá-lo plenamente; poder modelá-lo de forma criativa, com forças e intensidades novas, como um exercício deliberado e comprometido de cidadania. Desconfinar é sentir-se protagonista e participante de um projeto mais amplo e em construção, que a todos diz respeito. É não conformar-se com os limites da linguagem, das ideias, dos modelos e do próprio tempo. Numa estação de tetos baixos, Camões é uma inspiração para ousar sonhos grandes. E isso é tanto mais decisivo numa época que não apenas nos confronta com múltiplas mudanças, mas sobretudo nos coloca no interior turbulento de uma mudança de época.

Que a crise nos encontre unidos
Gostaria de recordar aqui uma passagem do Canto Sexto d’Os Lusíadas, que celebra a chegada da expedição portuguesa à India. Os marinheiros, dependurados na gávea, avistam finalmente «terra alta pela proa» e passam notícia ao piloto que, por sua vez, a anuncia vibrante a Vasco da Gama. O objetivo da missão está assim cumprido. Mas o Canto Sexto tem uma exigente composição em antítese, à qual não podemos não prestar atenção. É que à visão do sonho concretizado não se chega sem atravessar uma dura experiência de crise, provocada por uma tempestade marítima que Camões sabiamente se empenha em descrever, com impressiva força plástica. Digo sabiamente, porque não há viagem sem tempestades. Não há demandas que não enfrentem a sua própria complexificação. Não há itinerário histórico sem crises. Isso vem-nos dito n’Os Lusíadas de Camões, mas também nas Metamorfoses de Ovídio, na Eneida de Virgílio, na Odisseia de Homero ou nos Evangelhos cristãos.

No itinerário de um país, cada geração é chamada a viver tempos bons e maus, épocas de fortuna e infelizmente também de infortúnio, horas de calmaria e travessias borrascosas. A história não é um continuum, mas é feita de maturações, deslocações, ruturas e recomeços. O importante a salvaguardar é que, como comunidade, nos encontremos unidos em torno à atualização dos valores humanos essenciais e capazes de lutar por eles.

Mas à observação realística que Camões faz da tempestade, gostaria de ir buscar um detalhe, na verdade uma palavra, para a reflexão que proponho: a palavra «raízes». Na estância 79, falando dos efeitos devastadores do vento, o poeta diz: «Quantas árvores velhas arrancaram/ Do vento bravo as fúrias indignadas/ As forçosas raízes não cuidaram/Que nunca para o Céu fossem viradas». A leitura da imagem em jogo é imediata: as velhas árvores reviradas ao contrário, arrancadas com violência ao solo, expõem dramaticamente, a céu aberto, as próprias raízes. A tempestade descrita por Camões recorda-nos, assim, a vulnerabilidade, com a qual temos sempre de fazer conta. As raízes, que julgamos inabaláveis, são também frágeis, sofrem os efeitos da turbulência da máquina do mundo. Não há super-países, como não há super-homens. Todos somos chamados a perseverar com realismo e diligência nas nossas forças e a tratar com sabedoria das nossas feridas, pois essa é a condição de tudo o que está sobre este mundo.

O que é amar um país
O Dia de Portugal, e este Dia de Portugal de 2020 em concreto, oferece-nos a oportunidade de nos perguntarmos o que significa amar um país. A pensadora europeia Simone Weil, num instigante ensaio destinado a inspirar o renascimento da Europa sob os escombros da Segunda Grande Guerra, de cujo desfecho estamos agora a celebrar o 75º aniversário, escreveu o seguinte: um país pode ser amado por duas razões, e estas constituem, na verdade, dois amores distintos. Podemos amar um país idealmente, emoldurando-o para que permaneça fixo numa imagem de glória, e desejando que esta não se modifique jamais. Ou podemos amar um país como algo que, precisamente por estar colocado dentro da história, sujeito aos seus solavancos, está exposto a tantos riscos. São dois amores diferentes. Podemos amar pela força ou amar pela fragilidade. Mas, explica Simone Weil, quando é o reconhecimento da fragilidade a inflamar o nosso amor, a chama deste é muito mais pura.

O amor a um país, ao nosso país, pede-nos que coloquemos em prática a compaixão – no seu sentido mais nobre - e que essa seja vivida como exercício efetivo da fraternidade. Compaixão e fraternidade não são flores ocasionais. Compaixão e fraternidade são permanentes e necessárias raízes de que nos orgulhamos, não só em relação à história passada de Portugal, mas também àquela hodierna, que o nosso presente escreve. E é nesse chão que precisamos, como comunidade nacional, de fincar ainda novas raízes.

Nestes últimos meses abateu-se sobre nós uma imprevista tempestade global que condicionou radicalmente as nossas vidas e cujas consequências estamos ainda longe de mensurar. A pandemia que principiou como uma crise sanitária tornou-se uma crise poliédrica, de amplo espetro, atingindo todos os domínios da nossa vida comum. Sabendo que não regressaremos ao ponto em que estávamos quando esta tempestade rebentou, é importante, porém, que, como sociedade, saibamos para onde queremos ir. No Canto Sexto d’Os Lusíadas a tempestade não suspendeu a viagem, mas ofereceu a oportunidade para redescobrir o que significa estarmos no mesmo barco.

Reabilitar o pacto comunitário
O que significa estar no mesmo barco? Permitam-me pegar numa parábola. Circula há anos, atribuída à antropóloga Margaret Mead, a seguinte história. Um estudante ter-lhe-ia perguntado qual seria para ela o primeiro sinal de civilização. E a expectativa geral é que nomeasse, por exemplo, os primeiríssimos instrumentos de caça, as pedras de amolar ou os ancestrais recipientes de barro. Mas a antropóloga surpreendeu a todos, identificando como primeiro vestígio de civilização um fémur quebrado e cicatrizado. No reino animal, um ser ferido está automaticamente condenado à morte, pois fica fatalmente desprotegido face aos perigos e deixa de se poder alimentar a si próprio. Que um fémur humano se tenha quebrado e restabelecido documenta a emergência de um momento completamente novo: quer dizer que uma pessoa não foi deixada para trás, sozinha; que alguém a acompanhou na sua fragilidade, dedicou-se a ela, oferecendo-lhe o cuidado necessário e garantindo a sua segurança, até que recuperasse. A raiz da civilização é, por isso, a comunidade. É na comunidade que a nossa história começa. Quando do eu fomos capazes de passar ao nós e de dar a este uma determinada configuração histórica, espiritual e ética.

É interessante escutar o que diz a etimologia latina da palavra comunidade (communitas). Associando dois termos, cum e munus, ela explica que os membros de uma comunidade – e também de uma comunidade nacional – não estão unidos por uma raiz ocasional qualquer. Estão ligados sim por um múnus, isto é, por um comum dever, por uma tarefa partilhada. Que tarefa é essa? Qual é a primeira tarefa de uma comunidade? Cuidar da vida. Não há missão mais grandiosa, mais humilde, mais criativa ou mais atual.

Celebrar o Dia de Portugal significa, portanto, reabilitar o pacto comunitário que é a nossa raiz. Sentir que fazemos parte uns dos outros, empenharmo-nos na qualificação fraterna da vida comum, ultrapassando a cultura da indiferença e do descarte. Uma comunidade desvitaliza-se quando perde a dimensão humana, quando deixa de colocar a pessoa humana no centro, quando não se empenha em tornar concreta a justiça social, quando desiste de corrigir as drásticas assimetrias que nos desirmanam, quando, com os olhos postos naqueles que se podem posicionar como primeiros, se esquece daqueles que são os últimos. Não podemos esquecer a multidão dos nossos concidadãos para quem o Covid19 ficará como sinónimo de desemprego, de diminuição de condições de vida, de empobrecimento radical e mesmo de fome. Esta tem de ser uma hora de solidariedade. No contexto do surto pandémico, foi, por exemplo, um sinal humanitário importante a regularização dos imigrantes com pedidos de autorização de residência, pendentes no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. O desafio da integração é, porém, como sabemos, imenso, porque se trata de ajudar a construir raízes. E essas não se improvisam: são lentas, requerem tempo, políticas apropriadas e uma participação do conjunto da sociedade. Lembro-me de um diálogo do filme do cineasta Pedro Costa, «Vitalina Varela», onde se diz a alguém que chega ao nosso país: «chegaste atrasada, aqui em Portugal não há nada para ti». Sem compaixão e fraternidade fortalecem-se apenas os muros e aliena-se a possibilidade de lançar raízes.

Fortalecer o pacto intergeracional
Reabilitar o pacto comunitário implica robustecer, entre nós, o pacto intergeracional. O pior que nos poderia acontecer seria arrumarmos a sociedade em faixas etárias, resignando-nos a uma visão desagregada e desigual, como se não fossemos a cada momento um todo inseparável: velhos e jovens, reformados e jovens à procura do primeiro emprego, avós e netos, crianças e adultos no auge do seu percurso laboral. Precisamos, por isso, de uma visão mais inclusiva do contributo das diversas gerações. É um erro pensar ou representar uma geração como um peso, pois não poderíamos viver uns sem os outros.

A tempestade provocada pelo Covid19 obriga-nos como comunidade, a refletir sobre a situação dos idosos em Portugal e nesta Europa da qual somos parte. Por um lado, eles têm sido as principais vítimas da pandemia, e precisamos chorar essas perdas, dando a essas lágrimas uma dignidade e um tempo que porventura ainda não nos concedemos, pois o luto de uma geração não é uma questão privada. Por outro, temos de rejeitar firmemente a tese de que uma esperança de vida mais breve determine uma diminuição do seu valor. A vida é um valor sem variações. Uma raiz de futuro em Portugal será, pelo contrário, aprofundar a contribuição dos seus idosos, ajudá-los a viver e a assumir-se como mediadores de vida para as novas gerações. Quando tomei posse como arquivista e bibliotecário da Santa Sé, uma das referências que quis evocar nesse momento foi a da minha avó materna, uma mulher analfabeta, mas que foi para mim a primeira biblioteca. Quando era criança, pensava que as histórias que ela contava, ou as cantilenas com que entretinha os netos, eram coisas de circunstância, inventadas por ela. Depois descobri que faziam parte do romanceiro oral da tradição portuguesa. E que afinal aquela avó analfabeta estava, sem que nós soubéssemos, e provavelmente sem que ela própria o soubesse, a mediar o nosso primeiro encontro com os tesouros da nossa cultura.

Robustecer o pacto intergeracional é também olhar seriamente para uma das nossas gerações mais vulneráveis, que é a dos jovens adultos, abaixo dos 35 anos; geração que, praticamente numa década, vê abater-se sobre as suas aspirações, uma segunda crise económica grave. Jovens adultos, muitos deles com uma alta qualificação escolar, remetidos para uma experiência interminável de trabalho precário ou de atividades informais que os obrigam sucessivamente a adiar os legítimos sonhos de autonomia pessoal, de lançar raízes familiares, de ter filhos e de se realizarem.

Implementar um novo pacto ambiental
A pandemia veio, por fim, expor a urgência de um novo pacto ambiental. Hoje é impossível não ver a dimensão do problema ecológico e climático, que têm uma clara raiz sistémica. Não podemos continuar a chamar progresso àquilo que para as frágeis condições do planeta, ou para a existência dos outros seres vivos, tem sido uma evidente regressão. Num dos textos centrais deste século XXI, a Encíclica Laudato Sii’, o Papa Francisco exorta a uma «ecologia integral», onde o presente e o futuro da nossa humanidade se pense a par do presente e do futuro da grande casa comum. Está tudo conectado. Precisamos de construir uma ecologia do mundo, onde em vez de senhores despóticos apareçamos como cuidadores sensatos, praticando uma ética da criação, que tenha expressão jurídica efetiva nos tratados transnacionais, mas também nos estilos de vida, nas escolhas e nas expressões mais domésticas do nosso quotidiano.

Uma viagem que fazemos juntos
Camões n’Os Lusíadas não apenas documentou um país em viagem, mas foi mais longe: representou o próprio país como viagem. Portugal é uma viagem que fazemos juntos há quase nove séculos. E o maior tesouro que esta nos tem dado é a possibilidade de ser-em-comum, esta tarefa apaixonante e sempre inacabada de plasmar uma comunidade aberta e justa, de mulheres e homens livres, onde todos são necessários, onde todos se sentem - e efetivamente são - corresponsáveis pelo incessante trânsito que liga a multiplicidade das raízes à composição ampla e esperançosa do futuro. Portugal é e será, por isso, uma viagem que fazemos juntos. E uma grande viagem é como um grande amor. Uma viagem assim - explica Maria Gabriela Llansol, uma das vozes mais límpidas da nossa contemporaneidade -, não se esgota, nem cancela na fugaz temporalidade da história, mas constitui uma espécie de «rasto do fulgor» que exprime a ardente natureza do sentido que interrogamos.

Cardeal José Tolentino de Mendonça
Mosteiro dos Jerónimos, Lisboa, 10 de junho de 2020
in Diário de Notícias Aqui