O trabalho das bibliotecas escolares é enquadrado pelo Modelo de Avaliação da Biblioteca Escolar, que integra um conjunto de orientações
destinadas a conduzir a ação das bibliotecas em direção à excelência.
A este Modelo, juntou-se em 2021 o Quadro Estratégico 2021-2027 Bibliotecas Escolares: Presentes para o futuro que, partindo de um diagnóstico e de
orientações nacionais e internacionais, define as linhas de ação que
norteiam a atividade da Rede de Bibliotecas Escolares (RBE), durante o seu
período de vigência.
A ação da biblioteca, seja no domínio da gestão funcional, seja no âmbito
da dinamização pedagógica, é suportada pelos valores inscritos nesse
quadro estratégico, com especial relevo para a liberdade, a diversidade, a
colaboração e a excelência.
Este documento prevê que, em cada ano, sejam definidas áreas de
intervenção prioritárias, embora, naturalmente, devam continuar a ser
atendidos os vários fatores críticos de sucesso nos diferentes domínios de
atuação da biblioteca.
Num ano em que se celebra o quinto centenário do nascimento de Camões,
a sua vida, a sua obra e o seu contributo para a nossa identidade serão
necessariamente matérias a abordar em muito do que formos fazendo, com
engenho e arte.
Em 2024-2025, as bibliotecas escolares atentarão especialmente nos
domínios de intervenção seguintes:
Leitura
escrita e oralidade
Para a realização pessoal, cívica e profissional dos nossos alunos,
assim como para o desenvolvimento global do país, é imprescindível
o domínio das competências de leitura, intrinsecamente associadas à
expressão oral e escrita.
Vários estudos têm vindo a demonstrar o
declínio dessas competências, bem como dos hábitos que estão na
sua origem.
É, portanto, essencial continuar a investir fortemente naquela que é a
competência matricial associada à biblioteca: a leitura. Para isso há que
começar desde muito cedo a impulsionar o gosto pela leitura e manter
essa motivação ao longo de toda a escolaridade, pois só assim é possível
enraizar os hábitos que conduzem à proficiência.
Mais do que ações isoladas e circunstanciais, as bibliotecas precisam de
adotar práticas estruturais sedutoras, capazes de atrair os mais relutantes,
estimular o treino contínuo e efetivamente conduzam ao saber.
Media
e Informação
O desenvolvimento contínuo e cada vez mais acelerado da atividade
humana em ambientes digitais, traz associados desafios que
impactam fortemente a vida individual e coletiva, exigindo o domínio
de um conjunto de competências informacionais e mediáticas, sem
as quais não é possível usufruir, em liberdade e com segurança, de
todo o seu potencial. Não possuir essas aptidões significa estar
excluído ou correr sérios riscos pessoais e sociais.
É fundamental que as bibliotecas consolidem o seu trabalho no âmbito da
literacia informacional e mediática, investindo em todos os níveis de ensino,
num esforço programado, articulado, sistemático e progressivamente
mais complexo, capaz de abranger todos os alunos, formando-os para uma
exigente cidadania digital.
Ajudar as escolas a desenharem e implementarem programas de literacia
informacional e mediática é, hoje, um imperativo para as bibliotecas.
Humanismo
interculturalidade
Num tempo marcado por conflitos, de deslocações de grandes
massas humanas e por discursos polarizados em torno de questões
que colocam em causa os valores fundamentais da humanidade, o
bem-estar individual e coletivo impõe que voltemos a colocar, no
centro das atenções o ser humano, com toda a pluralidade de traços
que o distinguem. É, pois, indispensável promover todo o seu potencial
para criar uma sociedade justa e empática.
As bibliotecas escolares têm de concretizar ações que contribuam para
desenvolver pensamento crítica, a criatividade, a empatia, a compreensão
profunda da condição humana e o respeito pelo outro, na sua semelhança
e diferença.
Os direitos humanos, a igualdade, a justiça social e o desenvolvimento
sustentável devem ser abordados, de forma recorrente e contextualizada,
de modo que todos os alunos se assumam como cidadãos completos,
conscientes do seu papel no mundo e aptos para nele intervirem e terem
uma ação transformadora.
Infraestrutura
física e digital
A multiplicidade de ações que se desenvolvem nas bibliotecas,
bibliotecas implicam a existência de espaços flexíveis, capazes de se
adaptarem e responderem, em tempo útil, às necessidades dos seus
utilizadores. Por outro lado, quando tantos aspetos da vida diária são
tratados em linha, os serviços disponibilizados no espaço físico têm
de ser complementados por uma presença digital igualmente apta a
responder às diferentes solicitações.
É necessário que as bibliotecas reconfigurem, em permanência, os seus
espaços físicos e repensem o seu funcionamento e as suas rotinas, para
que os seus espaços se mantenham sempre acolhedores, funcionais e
inovadores.
A disponibilização de serviços em linha, em ambientes acolhedores,
funcionais e inovadores, é incontornável e exige uma atenção constante,
sob pena de as bibliotecas se poderem tornar obsoletas e dispensáveis.
Prioridades BE 2024-2025