segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

António Mega Ferreira [1949-2022)

Foto de João Lima, Jornal Expresso

Uma nota só, de desordem persistente,

a vibrar no abismo das coisas,
no mapa dos delitos;
acarinhando o pequeno remorso precioso
dos fins por atingir;
dobrando o tempo numa curvatura baixa
que cinge os tornozelos
da fugidia esfinge;
uma nota só, de correcção insidiosa,
na dádiva natural do tempo já vivido,
de dor aflitiva pela palidez das coisas
e o seu nome por dizer.

Falando sempre, sempre lamentando
o que ficou por decidir.

António Mega Ferreira (Lisboa, 25/3/1949)
Romancista, ensaísta, poeta, jornalista, licenciado em Direito.

sábado, 10 de dezembro de 2022

10 de dezembro: Dia Internacional dos Direitos Humanos

 
 «Dignidade, Liberdade e Justiça para Todos»

O Dia Internacional dos Direitos Humanos é comemorado na data em que a Declaração Universal dos Direitos Humanos foi oficializada.

O Dia Internacional dos Direitos Humanos é comemorado, desde o ano de 1950, em 10 de dezembro. Nessa data, celebra-se a oficialização da Declaração Universal dos Direitos Humanos pela Organização das Nações Unidas (ONU), fato que ocorreu em 1948.

Todos os anos uma temática específica é escolhida para ser abordada no Dia Internacional dos Direitos Humanos. A escolha dessas temáticas centra-se na divulgação dos Direitos Humanos e na necessidade de reivindicar os direitos ainda não garantidos pelo Estado e pela sociedade.

O tema escolhido este ano para o Dia dos Direitos Humanos é «Dignidade, Liberdade e Justiça para Todos» e marca o início da celebração do 75.º aniversário da DUDH com o lançamento da campanha que durará um ano para realçar a sua importância.​

Em todo o mundo, diversas entidades relacionadas com os Direitos Humanos promovem, no dia 10 de dezembro, eventos culturais, passeatas, manifestações populares e exposições com a finalidade de informar os cidadãos a respeito da necessidade da garantia dos direitos fundamentais contidos na Declaração.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi instituída pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948. Abalados com as experiências das Guerras Mundiais anteriores, a Declaração Universal marcou a primeira ocasião em que os países chegaram a um acordo sobre uma declaração abrangente de direitos humanos inalienáveis.

A Declaração Universal principia reconhecendo que "a dignidade é inerente à pessoa humana e é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo". Além disso, declara que os Direitos Humanos são universais independentemente de cor, raça, credo, orientação política, sexual ou religiosa.

A Declaração Universal inclui direitos civis e políticos, como o direito à vida, à liberdade, liberdade de expressão e privacidade. Ela também inclui os direitos econômicos, sociais e culturais, como o direito à segurança social, saúde e educação.

Além da comemoração, a data serve essencialmente para recordar a necessidade de lutar por ações concretas dos Estados e da sociedade no sentido de garantir os direitos civis, políticos, sociais e ambientais de toda a população mundial, e não apenas de algumas nações e indivíduos privilegiados.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

Feriado 8 de dezembro. Dia da Imaculada Conceição

Imaculada Conceição
Nossa Senhora da Conceição, Igreja do Marquês, Porto, RPRDIAAO

O feriado do dia 8 de dezembro é religioso, mas é também celebrativo da cultura, da tradição e da espiritualidade da alma e da identidade do povo português.

Imaculada Conceição significa que a conceção da Virgem Maria foi efetuada sem mancha (em latim, macula) do pecado original. Assim, desde o primeiro instante da sua existência, a Virgem Maria foi preservada por Deus, da porque ela estava cheia de graça divina. Uma vez que Jesus tornou-se encarnado no ventre da Virgem Maria, era necessário que ela estivesse completamente livre de pecado para poder gerar o Filho de Deus.

Desde o cristianismo primitivo que diversos Padres da Igreja defenderam a imaculada conceição da Virgem Maria. Já no século VIII celebrava-se a festa litúrgica da Conceição de Maria aos 8 de dezembro, ou seja, nove meses antes da festa de sua natividade, comemorada no dia 8 de setembro.

A festa da Imaculada Conceição, comemorada em 8 de dezembro, foi definida como uma festa universal em 28 de Fevereiro de 1476 pelo Papa Sisto IV.

Em 1497, a Universidade de Paris decretou que ninguém poderia ser admitido na instituição se não defendesse a imaculada conceção de Maria, exemplo que foi seguido por outras universidades como a de Coimbra e de Évora. Em 1617, o Papa Paulo V proibiu que se afirmasse que Maria tivesse nascido com o pecado original e, em 1622, Gregório V impôs silêncio absoluto aos que se opunham à doutrina. No dia 8 de Dezembro de 1661 o papa Alexandre VII promulgou a Constituição apostólica Sollicitudo omnium Ecclesiarum em que defendia a conceção imaculada da Virgem Maria e proibia a sustentação de opinião contrária.

A Imaculada Conceição foi solenemente definida, como dogma, pelo Papa Pio IX através da bula Ineffabilis Deus em 8 de Dezembro de 1854. (…) com a autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo, e com a Nossa, declaramos, pronunciamos e definimos:

A doutrina que sustenta que a beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante da sua Conceição, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do género humano, foi preservada imune de toda mancha de pecado original, essa doutrina foi revelada por Deus, e por isto deve ser crida firme e inviolavelmente por todos os fiéis.”

A Imaculada Conceição e a história de Portugal

A História de Portugal regista dois momentos apoteóticos na recuperação da sua independência, a saber: a Revolução 1383-1385 e a Restauração de 1640.

A Solenidade da Imaculada Conceição liga estes dois acontecimentos decisivos na História da independência de Portugal. Segundo a tradição foi o condestável D. Nuno Alvares Pereira quem fundou a Igreja de Nossa Senhora do Castelo em Vila Viçosa e quem ofereceu a imagem da Virgem Padroeira, adquirida na Inglaterra. Este gesto do Contestável reconhece que a mística que levou Portugal à vitória adveio da devoção de um povo a Nossa Senhora da Conceição.

Importa referir que, aquando da conquista de Lisboa por D. Afonso Henriques (1147), havia sido celebrado um pontifical de ação de graças, em Lisboa, em honra da Imaculada Conceição.

A espiritualidade que brotava da devoção a Nossa Senhora da Conceição foi novamente sublinhada no gesto que D. João IV assumiu ao coroar a Imagem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa como Rainha de Portugal nas cortes de 1646. Assim, por provisão de 25 de Março de 1646, D. João IV proclamou solenemente:

 (…) estando ora junto em Cortes os três Estados do reino (…) tomar por padroeira de nossos Reinos e Senhorios a Santissima Virgem Nossa Senhora da Comseição (…) confessare deffender May de Deus foi concebida sem pecado original.

De tal modo a Imaculada Conceição caracteriza a espiritualidade dos portugueses que, durante séculos, o dia 8 de dezembro foi celebrado como "Dia da Mãe".  

NSdCRPIARDAPDA

Imaculada Conceição
Francisco de Zurbarán 1630

segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

5 de dezembro: Dia Internacional do Voluntariado 2022 - "Voluntário para um futuro inclusivo"

Dia Internacional do Voluntariado, celebrado no dia 5 de dezembro, foi instituído pelas Nações Unidas a 17 de dezembro de 1985, tendo por objetivo incentivar e valorizar o serviço voluntário em todo mundo.

O tema em foco no Dia Internacional do Voluntariado deste ano é: Voluntário para um futuro inclusivo.

Através do voluntariado, as pessoas fazem e promovem iniciativas com significado na promoção de sociedades mais inclusivas e igualitárias e que, através de ações voluntárias, muitos dos que estão à margem podem vir a ser nelas incluídos.

O voluntariado é essencial para garantir que os esforços globais de desenvolvimento sustentável sejam propriedade de todas as pessoas, implementados por todos e para todas as pessoas.

                                                                                                        Mensagem do Secretário Geral da ONU

Dr. António Guterres

Pretende-se, através do voluntariado, reduzir as desigualdades, capacitar e promover a inclusão social, económica e política de todos, independentemente da idade, género, incapacidade, etnia, religião, condição económica ou outra e ainda garantir a igualdade de oportunidades e reduzir as desigualdades.

Em Portugal, o voluntariado tem vindo a aumentar, tanto ao nível das organizações que o promovem, como a nível do número de voluntários existentes, sendo apesar de tudo um número reduzido, se comparado à média europeia.

O voluntariado é um ato de cidadania que se traduz num conjunto de ações de interesse social e comunitário realizadas de forma desinteressada por pessoas, no âmbito de projetos, programas e outras formas de intervenção ao serviço dos indivíduos, das famílias e da comunidade.

A sociedade enfrenta atualmente novos desafios, decorrentes de uma globalização, de um elevado desenvolvimento tecnológico e de um estado de pandemia generalizado que obriga a uma mudança de atitudes, tendo a escola a responsabilidade de preparar os alunos para serem cidadãos ativos, interventivos e participativos.

É, pois, necessário aumentar a consciência da importância de aprender a viver em comum, consciencializando-os para a responsabilidade de denunciar situações de injustiça e falta de respeito pelos direitos humanos, incentivando e trabalhando para fortalecer as comunidades.

A Educação para o Voluntariado constitui um dos 17 domínios previstos na Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania (ENEC) e pretende que as crianças e jovens sejam, de forma precoce, constante e progressivamente, chamados a desenvolver atitudes de cidadania em prol do outro, o que implica, numa perspetiva de aprendizagem ao longo da vida, a necessidade de conhecimentos, de capacidades fundamentais e de atitudes e valores que apoiem escolhas criteriosas e informadas e promotoras do bem-estar, no presente e no futuro.

domingo, 4 de dezembro de 2022

Uma Ode ao Tempo - Arte e cultura - RTP2


Criação da coreógrafa e bailarina espanhola María Pagés, uma alegoria sobre o tempo em que vivemos.
A coreógrafa e bailarina espanhola María Pagés cria uma coreografia flamenca sobre a contemporaneidade e o necessário diálogo com a memória. Através do flamenco propõe uma reflexão ética e artística sobre o presente. E questiona o que está a acontecer no mundo atual. Revisita a luz e as sombras perturbadoras que marcam o nosso tempo. Fala do efémero, da eternidade e da irreversibilidade implacável do tempo sobre o corpo, o desejo, a arte e a vida. É uma alegoria sobre o tempo em que vivemos, com as suas possibilidades de felicidade, utopias, terrorismo, ataques à igualdade, retrocessos da democracia... Ideias de Platão, Margarite Yourcenar, Jorge Luis Borges, Pablo Neruda..., unidos para uma profunda investigação sobre a ontologia da obra de arte.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

DeClara n.º59 novembro 2022

DeClara nº 59 - novembro 2022 Padlet atualizado

Criado com o Padlet

1 de dezembro: Feriado. O que comemoramos?

A 1 de Dezembro comemora-se o dia da Restauração da Independência de Portugal, do domínio Filipino, que vigorou no nosso país de 1578 a 1640.

Esta data relembra a ação de nobres portugueses, que a 1 de dezembro de 1640 invadiram o Paço Real e mataram Miguel de Vasconcelos, o representante da Espanha em Lisboa, aclamando D. João, duque de Bragança, como rei de Portugal.

A Restauração da Independência foi o culminar de um período de grande descontentamento por parte da população portuguesa. A população estava descontente com a União Ibérica, entre Portugal e Espanha, que teve a duração de 60 anos (de 1580 a 1640).

A União Ibérica originou problemas à população portuguesa, com sobrecarga de impostos e envolvimento de Portugal nos conflitos de Espanha.

Com a morte do jovem D. Sebastião na batalha de Alcácer-Quibir, Portugal enfrentou um problema de sucessão. Após o insucesso do Cardeal D. Henrique no comando da monarquia, Portugal foi regido por três reis D. Filipes de Espanha, durante 60 anos, período que ficou conhecido por Domínio Filipino.