domingo, 31 de dezembro de 2023

segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

Presentes...

 


Que a tua estrela nos encontre disponíveis...

Que a Tua estrela nos encontre disponíveis
para a viagem
mesmo sem que percebamos tudo

Que o seu brilho nos torne pacientes
com as coisas não resolvidas do nosso coração
e nos ajude a amar as difíceis questões
que por vezes a noite, por vezes o dia
segredam pelo tempo fora

Que a Tua estrela nos faça reconhecer
que nunca é tarde
para que se tornem de novo ágeis e sonhadores
os nossos passos cansados
pois nós próprios nos tornamos em estrelas
quando arriscamos perpetuar
a Tua luz multiplicada.

Cardeal D. José Tolentino Mendonça.
 




Boas Festas da Biblioteca Clara de Resende

 


domingo, 24 de dezembro de 2023

Voto de Natal

Voto de Natal

Acenda-se de novo o Presépio no Mundo!
Acenda-se Jesus nos olhos dos meninos!
Como quem na corrida entrega o testemunho,
passo agora o Natal para as mãos dos meus filhos.

E a corrida que siga, o facho não se apague!
Eu aperto no peito uma rosa de cinza.
Dai-me o brando calor da vossa ingenuidade,
para sentir no peito a rosa reflorida!

Filhos, as vossas mãos! E a solidão estremece,
como a casca do ovo ao latejar-lhe vida...
Mas a noite infinita enfrenta a vida breve:
dentro de mim não sei qual é que se eterniza.

Extinga-se o rumor, dissipem-se os fantasmas!
O calor destas mãos nos meus dedos tão frios?
Acende-se de novo o Presépio nas almas.
Acende-se Jesus nos olhos dos meus filhos.

David Mourão-Ferreira, in 'Cancioneiro de Natal'

4.º Domingo do Advento

A CHEGAR. A RENOVAR A ESPERANÇA

Cada Homem é o presépio onde Deus nasce. Os presépios que se armam e, depois, tranquilamente se arrumam, os presépios a que reservamos um prazo determinado (e não mais do que isso), os presépios que apenas ilustram a inofensiva nostalgia dos símbolos não são presépios de verdade.
O Presépio somos nós.
É dentro de nós que um Deus nasce.
Dentro destes gestos que em igual medida a esperança e a sombra revestem. Dentro das nossas palavras e do seu tráfego sonâmbulo. Dentro do riso e da hesitação. Dentro do dom e da demora. Dentro do calor da casa e do relento imprevisto. Dentro do declive e da planura. Dentro da lâmpada e do grito.
A nossa estirpe é a dos recém-nascidos.
Qualquer que seja a nossa idade ou a estação em que nos encontremos a viver, a verdade é que somos, até ao fim, uma coisa no seu começo. E o presépio confirma que o nascimento é estrutura fundante da vida.
Cardeal D. José Tolentino Mendonça.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

"Em Cruz não Era Acabado", de Natália Correia

Em Cruz não Era Acabado

As crianças viravam as folhas

dos dias enevoados

e da página do Natal

nasciam os montes prateados


da infância. Intérmina, a mãe

fazia o bolo unido e quente

da noite na boca das crianças

acordadas de repente.


Torres e ovelhas de barro

que do armário saíam

para formar a cidade

onde o menino nascia.


Menino pronunciado

como uma palavra vagarosa

que terminava numa cruz

e começava numa rosa.


Natal bordado por tias

que teciam com seus dedos

estradas que então havia

para a capital dos brinquedos.


E as crianças com a tinta invisível

do medo de serem futuro

escreviam os seus pedidos

no muro que dava para o impossível,


chão de estrelas onde dançavam

a sua louca identidade

de serem no dicionário

da dor futura: saudade. 

Natália Correia, in 'O Dilúvio e a Pomba'



quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

O Natal chegará...


No Advento são-nos apresentados vários modelos que representam para nós, na sua exemplaridade, um desafio à transformação, ao rasgar do nosso coração para acolher o Jesus que vem.
Hoje, o modelo apresentado é a figura de João Batista. João Batista vem para sobressaltar. A sua voz é um sobressalto.
Queridos irmãos, para quem está completamente contente, completamente coincidente, completamente realizado com aquilo que tem, com aquilo que vê em seu redor, não haverá Natal. O Natal chegará para os corações que se abrem em insatisfação, em procura, em pergunta, em desejo, em necessidade vital de que Jesus venha para transformar, para salvar a nossa história. Por isso, João Batista é esta sentinela que nos diz: “É preciso fazer penitência.” Isto é: é preciso afastar-se da vida que vivemos, porque às vezes estamos tão colados, tão preocupados com o que está diante dos nossos olhos que perdemos todo o sentido crítico.
Mas João Batista é também uma grande figura da humildade. É aquele que diz: “Eu não sou digno daquele que virá depois de mim.” De fato, se nós nos armamos no nosso narcisismo em centros do mundo – “Eu é que sei, eu é que faço, eu é que posso conseguir” – nunca perceberemos isto que João Batista diz: “Depois de mim vai chegar quem é mais forte do que eu.” Isto é, nunca nos colocamos na brecha, na fratura, na fronteira, nunca somos sentinelas de nada.
Nós somos anunciadores, somos sentinelas, somos servidores, somos visionários, nós documentamos aquele que há de vir e que é mais forte do que eu e do qual não somos dignos de desatar a correia das sandálias.
Queridos irmãos, fujamos do símbolo pelo símbolo, demos carne e osso ao Natal, tornemos o Natal encarnado nas nossas vidas, testemunhando que no centro está a pessoa de Jesus e o que Ele significa na vida de cada um de nós. Aquilo que Job dizia a plenos pulmões e com a carne em fogo: “Eu sei que o meu Redentor está vivo!” É essa palavra que nós temos de dizer: Eu sei que o meu Redentor está vivo! Sem esta palavra não há consolação. Há imaginação, há pieguice, há tradição, há isso tudo mas não há consolação. “Consolai. Consolai o meu povo, diz o Senhor.”
Cardeal D. José Tolentino Mendonça

Há Homens e Homens...

Há Homens e Homens 

Há homens que lutam um dia e são bons. 

Há outros que lutam um ano e são melhores. 

Há os que lutam muitos anos e são muito bons.

Porém, há os que lutam toda a vida. Esses são os imprescindíveis. 

Bertold Brecht

sábado, 16 de dezembro de 2023

Trazemos a Ti...

Trazemos a Ti, Senhor, as nossas travessias, as nossas idas e vindas atarefadas de cada dia, esse ir daqui até ali sem enxergar direito, esse tatear incerto, mas sedento e cheio de desejo.

Trazemos a Ti os planos que fazemos: aqueles que conseguimos concretizar e cuja realização nos consola; e aqueles que ficam adiados para mais tarde, ou se desfazem em nossas mãos como um frágil anel que se quebra.

Trazemos a ti o cotidiano que vamos construindo, tanto quando nos sentimos em paz e em harmonia, como quando sofremos com as pedras do caminho e as tensões de uma marcha que nos aparece desapontadora, desgastante e inglória.

Trazemos a Ti as épocas de entusiasmo, quando sentimos que milagrosamente todos os elementos convergem e passam a coincidir, como se a existência fosse uma luminosa dança que vai se desenrolando, e nada mais.

Mas também trazemos a Ti o nosso estranhamento e a nossa solidão, quando sentimos a textura do mundo como desmedida, insustentável e até hostil.

Trazemos a Ti a alegria que libera no tempo uma música inesquecível, aquela doçura inocente que se transcreve no riso, o sentido vibrante e uníssono dos momentos de comunhão, quando a existência parece extasiar-se diante de Ti.

Mas também os dias instáveis, quando a dor parece ser o único idioma capaz de nos expressar ou quando nos sentimos deslegitimados e vazios, sem saber o que dizer.

~ Cardeal D. José Tolentino Mendonça. 

sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

O Cardeal D. José Tolentino Mendonça​ é o vencedor do Prémio Pessoa 2023.


O Prémio Pessoa é atribuído anualmente a uma personalidade que 'tiver sido protagonista de uma intervenção particularmente relevante e inovadora na vida artística, literária ou científica do país.'
'Um sonho meu, que aqui partilho, é ver um dia o silêncio declarado Património Imaterial da Humanidade. Porque nós declaramos património as grandes construções, o canto, todas as coisas associadas à expressão, e esquecemo-nos que o silêncio também é uma forma de expressão extraordinária e que, no silêncio, experimentamos muitas vezes uma comunhão, uma proximidade, que nenhuma palavra do mundo é capaz de nos fazer sentir.'

José Tolentino Mendonça
Portugal, 15 Dez 1965

quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

A Ler e a Ver..."O Fantasma de Canterville", adaptação da obra de Oscar Wilde

A Ler e a Ver..."O Fantasma de Canterville", adaptação da obra de Oscar Wilde

A Ler...

Série britânica de 4 episódios, baseada no conto de Oscar Wilde, sobre uma família americana que se muda para um castelo assombrado na Inglaterra rural
O inventor e bilionário americano Hiram Otis compra um castelo abandonado na Inglaterra rural sem saber que o conteúdo inclui o maléfico fantasma Sir Simon de Canterville que assombra o local há séculos e com grande sucesso. Sir Simon de Canterville é extremamente orgulhoso da sua reputação ignóbil, sendo considerado o melhor fantasma das Ilhas Britânicas. Quando os Otis se mudam para a propriedade, Sir Simon prepara-se para lhes dar o maior susto das suas vidas. Só há um problema, os Otis não têm medo de fantasmas.
Enfrentando o acolhimento traiçoeiro da aristocracia inglesa, um assustador mistério familiar e um romance proibido, a família Otis procura manter-se unida. Partidas, profecias e sotaques assustadoramente deliciosos abundam nesta aventura romântica e arrepiante sobre amor, perda e família. Uma versão moderna da clássica história de Oscar Wilde que mostra como há sempre esperança para os assombrados.
Episódio n.º1, 2 dezembro 2023
Sinopse episódio1:Uma abastada família americana muda-se para um castelo assombrado desconhecendo que o conteúdo inclui o maléfico fantasma Sir Simon de Canterville que assombra o local há séculos e com grande sucesso.
Ep. 1
Duração: 52min
Género: Ficção
Class.: 12AP
RTP2
Ficha Técnica:
Título Original: The Canterville Ghost
Intérpretes: Anthony Head, James Lance, Caroline Catz, Laurel Waghorn, Tom Graves, Joe Graves, Jack Bardoe, Cathy Tyson, Haydn Gwynne
Realização:Paul Gibson
ProduçãoBBC Studios
Autoria Argumento: Jude Tindall (Baseado na história de Oscar Wilde)
Música: Paul Englishby
Ano:2021
Duração:52 minutos

domingo, 3 de dezembro de 2023

1.º Domingo do Advento

Vigiai! Ficai atentos!
 

Advento...


Chegada ou vinda de algo...



Que o tempo do Advento seja um tempo para interromper, interromper, interromper. Isto é: suspender as nossas questões, suspender as nossas amarguras, suspender os nossos longos percursos, suspender a nossa inquirição àquilo que não tem resposta, ou então aquilo cuja resposta não nos cabe colher. Interromper. E preparar o nosso coração para o encontro com a vida, com a vida concreta, com a vida que começa, com a vida que é nova, com essa vida encarnada que nos mostra na nossa carne, na nossa história, o próprio Deus.

No fundo o que é o Advento? O Advento é a preparação para esse milagre, para esse encontro com a vida. A nossa conversa é uma coisa importante, mas chega um momento em que ela tem de ser interrompida. Porque não é na conversa que está a solução, não é na conversa. A solução está Naquele que chega à nossa vida e em nós dizermos: “Ah, apesar de eu não saber tudo ou de eu não ter tudo, apesar de tudo isso, eu acolho, eu amo, eu acredito.”

O que nós precisamos é, de fato, de interromper, de sentir como Deus interrompe a nossa vida e nos coloca numa atitude de espera, de espera. Vigiai.

Cardeal D. José Tolentino Mendonça
#Advento #tolentinomendonca #cardealjosétolentinomendonça

Senhor...

"Ajuda-me a dizer a verdade na presença dos fortes e a abster-me de inventar mentiras para convencer os frágeis.
Se me deres fortuna, não me tires a felicidade; se me deres a força, não me tires a compaixão.
Se eu Te esquecer, Senhor, não Te esqueças de mim.”
(Oração clássica)
(Citado por Gonçalo M. Tavares, no Expresso)

Foto: autor desconhecido


sábado, 2 de dezembro de 2023

A Ler: A invasão dos "Pais Helicóptero"

A invasão dos pais helicóptero

Os pais helicópteros, cognome fabuloso, são aqueles que pairam sobre os filhos a par e passo, criando um tal remoinho de vento que os pobres mal conseguem andar pelo seu próprio pé. O termo foi cunhado já em 1969 pelo psicólogo Haim Ginott, “plagiando-o” do testemunho de um miúdo que comparava a mãe a um helicóptero — a culpa é sempre das mães! —, mas aparentemente foram-se multiplicando qual praga de gafanhotos, chegando até à universidade.

INACREDITÁVEL!
(digo eu...)


sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

1 de dezembro, feriado, Dia da Restauração da Independência

Aclamação de D. João IV como rei de Portugal, pintado por Veloso Salgado (Museu Militar de Lisboa).
Wikipédia
A Restauração da Independência em Portugal comemora-se anualmente no dia 1 de dezembro.
Esta data relembra a ação de nobres portugueses que a 1 de dezembro de 1640 invadiram o Paço Real e mataram Miguel de Vasconcelos, o representante da Espanha em Lisboa, aclamando D. João, duque de Bragança, como rei de Portugal.
A Restauração da Independência foi o culminar de um período de grande descontentamento por parte da população portuguesa. A população estava descontente com a União Ibérica, entre Portugal e Espanha, que teve a duração de 60 anos (de 1580 a 1640).
A União Ibérica originou problemas à população portuguesa, com sobrecarga de impostos e o envolvimento de Portugal nos conflitos de Espanha.
Com a morte do jovem D. Sebastião na batalha de Alcácer-Quibir, Portugal enfrentou um problema de sucessão. Após o insucesso do Cardeal D. Henrique no comando da monarquia, Portugal foi regido por três reis D. Filipes de Espanha, durante 60 anos, período que ficou conhecido por Domínio Filipino.

 
A Caminho do Natal...