sábado, 26 de fevereiro de 2022


 

A Semana Ubuntu da Empatia decorreu de 21 a 25 de fevereiro


De 21 a 25 de fevereiro, estudantes e escolas de todo o país puderam  associar-se à iniciativa ‘Semana Ubuntu da Empatia’. O objetivo passou por promover uma “revolução de empatia”, através de ações que levaram os jovens “pensar e sentir a partir do ponto de vista do outro”.

Durante 5 dias, a comunidade Ubuntu realizou atividades e dinâmicas que promoveram uma verdadeira revolução de empatia. O objetivo central destas atividades, inseridas na Semana Ubuntu da Empatia e que se realizaram em várias escolas de todo o país, foi pensar e sentir a partir do ponto de vista do outro.

A Semana Ubuntu da Empatia é promovida pelo Instituto Padre António Vieira – mais precisamente através do seu projeto da Academia de Líderes Ubuntu – em parceria com a revista Forum Estudante. A iniciativa está alinhada com o movimento internacional “Empathy Week” e realizou-se de 21 a 25 de fevereiro.

Foram os parceiros das Academia de Líderes Ubuntu a dar forma a esta iniciativa, dinamizando uma ou mais atividades, no seu contexto de intervenção, a partir da inspiração Ubuntu. Neste âmbito particular, assumiram especial importância as Escolas Ubuntu que, através dos seus Clubes Ubuntu, propuseram e organizaram atividades no seu contexto educativo e alargaram, em alguns casos, à comunidade, bem como outros parceiros, como Instituições de Ensino Superior. Algumas destas ações serão em breve divulgadas em streaming nas redes sociais da Academia de Líderes Ubuntu.


Na Escola Clara de Resende realizou-se, de 21 a 25 de fevereiro, em simultâneo com a ´Semana Ubuntu da Empatia`, na Biblioteca Escolar, a Semana Ubuntu com a turma do 10.ºF contando com a imprescindível presença e apoio da Formadora Marta Rodrigues do IPAV. 


Está lançada a semente! 


O próximo passo é verificar o impacto da ação/formação na turma, na comunidade… e a criação do Clube Ubuntu da Escola Clara de Resende! 


UBUNTU 🖐Eu sou porque tu és!


 https://www.dge.mec.pt/noticias/encontros-programa-escolas-ubuntu https://www.academialideresubuntu.org/pt/escolas-ubuntu



sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Obras para leitura: Fase Municipal - Concelho Porto - 5.ª feira - 3 de março 2022

As obras de leitura obrigatória selecionadas para a Fase Municipal são da autoria do premiado escritor, radicado na cidade do Porto desde 1990, Richard Zimler, nomeadamente:

2.º Ciclo do Ensino Básico:
  • O cão que comia a chuva. Porto: Porto Editora, 2016.
3.º Ciclo do Ensino Básico:
  • Ilha Teresa. Alfragide: D. Quixote, 2011.
Ensino Secundário:
  • Os anagramas de Varsóvia. Alfragide: Oceanos, 2009.
A data para a realização das provas da fase municipal é o dia 3 de março, quinta-feira.
As obras para leitura serão gentilmente emprestadas pelas Bibliotecas da Câmara Municipal do Porto.
Muito obrigada!

Já disponíveis para requisição

REGULAMENTO CNL  - FASE MUNICIPAL - LEITURA OBRIGATÓRIA!

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Semana da Empatia - 21 a 25 de fevereiro - Academia de Lideres Ubuntu

𝗣𝗮𝗿𝗮 𝗿𝗲𝗳𝗹𝗲𝘁𝗶𝗿 𝘀𝗼𝗯𝗿𝗲 𝗮 𝗲𝗺𝗽𝗮𝘁𝗶𝗮...
Por vezes, estamos tão absorvidos pela rotina e pelos nossos problemas que não reparamos no que se passa à nossa volta. Isso faz com que um comportamento que achamos que seria inato para nós, nos escape sem darmos por isso.
Por isso mesmo, sugerimos a visualização do vídeo Awake: uma experiência Lipton (https://www.youtube.com/watch?v=L5RCYvcXRrk), que nos alerta para a necessidade de sermos empáticos e, para o conseguirmos, termos de estar mais atentos ao que nos rodeia.
Ajudar e ser empático está também nos atos mais simples: ajudar alguém a carregar as compras na rua, tentar dar indicações a alguém que pareça perdido, ajudar alguém a apanhar algo que caiu ao chão, ou, simplesmente, sorrir para quem passa por nós. Que a empatia vos ajude a espalhar sorrisos!
𝗧𝗼𝗱𝗼𝘀 𝗱𝗲𝘀𝗲𝗷𝗮𝗺𝗼𝘀 𝘃𝗲𝗿 𝗮𝗰𝗼𝗻𝘁𝗲𝗰𝗲𝗿 𝘂𝗺𝗮 𝘃𝗲𝗿𝗱𝗮𝗱𝗲𝗶𝗿𝗮 𝗿𝗲𝘃𝗼𝗹𝘂𝗰̧𝗮̃𝗼 𝗱𝗲 𝗲𝗺𝗽𝗮𝘁𝗶𝗮!
A 𝗔𝗰𝗮𝗱𝗲𝗺𝗶𝗮 𝗱𝗲 𝗟𝗶́𝗱𝗲𝗿𝗲𝘀 𝗨𝗯𝘂𝗻𝘁𝘂 desafia todas as 𝗖𝗼𝗺𝘂𝗻𝗶𝗱𝗮𝗱𝗲𝘀 𝗨𝗯𝘂𝗻𝘁𝘂 a mobilizarem-se, durante a semana, para integrarem programa de atividades da Semana Ubuntu da Empatia.
Entre 21 e 25 de fevereiro, todas as Escolas, Instituições de Ensino Superior e Casas de Acolhimento da rede da Academia de Líderes Ubuntu estão convidadas a a participar, implementando as suas propostas criativas de atividades ou seguirem as sugestões da Academia de Líderes Ubuntu.
𝗖𝗢𝗠𝗢 𝗣𝗔𝗥𝗧𝗜𝗖𝗜𝗣𝗔𝗥?
Todo a criatividade das Comunidades Ubuntu é bem-vinda! Têm toda a liberdade de propor as atividades orientadas para a promoção da empatia.
Ainda assim, a Academia de Líderes Ubuntu propõe ainda algumas atividades que podem ser adaptadas e implementadas.
As sugestões de dinâmicas e as inscrições no programa da Semana Ubuntu da Empatia podem ser feitas em: www.semanaubuntudaempatia.pt

𝗩𝗮𝗺𝗼𝘀 𝗶𝗻𝘀𝗽𝗶𝗿𝗮𝗿 as Comunidades Ubuntu com a sugestão do filme "Amigos Improváveis"!
Um filme de 2011, realizado por Olivier Nakache e Éric Toledano.
Neste, está representado o aprofundamento do conceito de preconceitos, e a sua desmistificação, uma parte importante do processo empático!
𝗦𝗜𝗡𝗢𝗣𝗦𝗘
Philippe (interpretado por François Cluzet) é um aristocrata branco, rico e extremamente culto. Driss (interpretado por Omar Sy) é um imigrante senegalês, negro e com uma série de problemas financeiros e pessoais. O caminho dos dois cruza-se quando Philippe, que é tetraplégico, anuncia que precisa de contratar um novo cuidador.
Mesmo sem nunca ter trabalhado na função, Driss resolve candidatar-se à vaga. Assim tem início uma amizade muito improvável, de encontro entre dois mundos diametralmente opostos. A história é baseada na amizade real entre o empresário Philippe Pozzo di Borgo com o argelino Abdel Yasmin Sellou.
O filme é trazido para o Clube uma vez que aborda a construção de pontes entre dois homens aparentemente opostos, bem como a humanização de cada um deles, com a sua dignidade reconhecida na plenitude apesar de todas as suas características que, à partida, poderiam suscitar pena ou medo.
As pistas de reflexão podem ser descarregadas em:

𝟯 𝗙𝗮𝗰𝘁𝗼𝘀 𝘀𝗼𝗯𝗿𝗲 𝗮 𝗲𝗺𝗽𝗮𝘁𝗶𝗮
O que sabem sobre ela?
A Semana Ubuntu da Empatia aproxima-se e é importante pensar-se nos significados e efeitos ressonantes que este gesto de sentir "o coração" do outro com o outro traz!
𝟭. Estamos programados para socializar;
O propósito final humano é a afeição, amor e companheirismo, opondo-se à agressão, violência ou conflito.
𝟮. Todos os seres humanos estão predispostos a empatizar;
Quando se observa outro ser humano a sentir emoções, os mesmos neurónios no nosso cérebro são ativados, como se estivéssemos a sentir o mesmo que o outro.
𝟯. Os humanos querem pertencer.
Integrar ou fazer parte de algo maior é um dos impulsos humanos mais básicos.
Para mais informações sobre a semana Ubuntu da Empatia, consultar: https://www.semanaubuntudaempatia.pt/recursos
𝗣𝗮𝗿𝗮 𝗺𝗶𝗺 𝗲𝗺𝗽𝗮𝘁𝗶𝗮 𝗲́...
Segundo o dicionário Priberam de Português, a empatia é uma "Forma de identificação intelectual ou afetiva de um sujeito com uma pessoa, uma ideia ou uma coisa".
A Semana Ubuntu da Empatia convida à partilha, à introspeção e ao autoconhecimento com a ajuda do outro.
Como a podemos pôr em prática? Como lhe dar sentido no dia a dia?
Basta ser-se bom ouvinte, tentar ajudar o próximo e dar bons conselhos?
Convidámos a comunidade Ubuntu a explicar nas suas palavras o significado de empatia, um conceito com profundidade e importância de ser carregado por cada um ao longo da vida.


𝗔 𝗰𝗿𝗶𝗮𝘁𝗶𝘃𝗶𝗱𝗮𝗱𝗲 𝗱𝗮𝘀 𝗖𝗼𝗺𝘂𝗻𝗶𝗱𝗮𝗱𝗲𝘀 𝗨𝗯𝘂𝗻𝘁𝘂 𝗲́ 𝗯𝗲𝗺-𝘃𝗶𝗻𝗱𝗮!
Têm toda a liberdade de propor as atividades que entenderem relevantes para a promoção da empatia nos seus contextos.
Além disso, a Academia de Líderes Ubuntu propõe ainda algumas atividades que podem ser adaptadas e implementadas.
Para participar devem seguir os seguintes passos:
𝟭. Consultar as sugestões de atividades disponíveis no Centro de Recursos;
𝟮. Preparar uma atividade com a Comunidade Ubuntu utilizando os recursos disponíveis ou propondo uma nova atividade;
𝟯. Inscrever no website da Semana Ubuntu da Empatia a ação que irão dinamizar;
𝟰. Disseminar a atividade através dos recursos de comunicação que receberão após a inscrição
As sugestões de dinâmicas e as inscrições no programa da Semana Ubuntu da Empatia podem ser feitas em: www.semanaubuntudaempatia.pt

𝗩𝗮𝗺𝗼𝘀 𝗶𝗻𝘀𝗽𝗶𝗿𝗮𝗿 𝗮𝘀 𝗖𝗼𝗺𝘂𝗻𝗶𝗱𝗮𝗱𝗲𝘀 𝗨𝗯𝘂𝗻𝘁𝘂 com a sugestão do vídeo "Porque é que eu, como homem preto, vou a reuniões do KKK?"
Nesta Ted Talk de 2017, Daryl Davis explica o seu percurso e a forma como lidou com o racismo ao desenvolver uma relação próxima com membros do Ku Klux Klan. Viajou pela América do Norte e entrevistou inúmeros membros e líderes do KKK. Assim, conseguiu escrever o livro "Klan-Destine Relationships", ao mesmo tempo construindo relações de amizade com membros do clã que saíram dele depois de o conhecerem.
Descubram como a empatia pode surgir nos lugares onde menos se espera!

As pistas de reflexão podem ser descarregadas em: https://www.semanaubuntudaempatia.pt/.../porque-%C3%A9...
Conheçam outras dinâmicas em: https://www.semanaubuntudaempatia.pt

A Semana Ubuntu da Empatia é uma iniciativa do IPAV – através do projeto Academia de Líderes Ubuntu – em parceria com a FORUM ESTUDANTE
Esta iniciativa está ainda alinhada com o movimento internacional Empathy Week



terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Correntes d´escritas - 22 a 26 de fevereiro - Correntes em Rede III - Póvoa de Varzim


Depois das experiências, bem sucedidas, de 2019 e 2020, estão de regresso as Correntes em Rede – Formação para Professores – em colaboração com a Rede de Bibliotecas Escolares e integrado na iniciativa Correntes d' escritas levada a cabo pelo município de Póvoa de Varzim.

Para a edição deste ano, com curadoria de Raquel Patriarca, foram convidados vários autores com muitos créditos e bem conhecidos nas suas relações com estudantes e escolas: Afonso Cruz, Cristina Taquelim, Mafalda Milhões, Margarida Fonseca Santos e Ondjaki.

A proposta formativa desta terceira edição tem início dia 22 de fevereiro a partir do tema Cooperar, recuperar e outros verbos com que se aprende e se abraça.

A partir daí, o elenco de oficinas e desafios integra Exercícios de leitura para todos, em que Mafalda Milhões lê a leitura como uma atividade rotineira que se eleva quando se expõe ao maravilhamento, ao non-sense, à simplicidade, e ao uso dos sentidos em liberdade. 

Em Apologia do conto curto Ondjaki pergunta: "E se a primeira versão de um conto curto se fizesse em menos de três horas?", propondo um trabalho sobre esse 'constrangimento' que é o tempo, deitando mão de recursos como o silêncio ou a música, em suave alternância.

Porém, considerando que um primeiro esboço deve ser revisitado, reescrito e retrabalhado, estas são as tarefas a explorar durante a Pastorícia da escrita, com Margarida Fonseca Santos, estimulando a leitura através do interesse pela palavra e pela frase bem esculpida. Uma outra atenção à palavra, dando tempo ao tempo, vendo-o como aliado no encontro de significados para lá do rascunho.

Cristina Taquelim viaja connosco da escrita para a narração oral, levando-nos a habitar O lugar onde moram as palavras. Pode ser na rua do tempo, da memória ou dos livros. Talvez na rua do silêncio, onde se guardam as palavras que temos dentro. Aqui, a narração oral e a mediação de leitura chegam como formas de iluminar os caminhos que nos conduzem a esse lugar. Como cúmplices fundem-se na construção dos diálogos entre as histórias escutadas, lidas, vividas, sonhadas.

Afonso Cruz centrará a sua atividade nestas histórias que, afinal, fazem parte de nós, porque Somos feitos de livros e propõe-se explorar os elementos necessários para construir um enredo e a relação que esses elementos têm nas nossas vidas.

Entre as palavras, as imagens e a narração, as muitas formas de leitura e de escrita, aqui se apresenta, em complementaridade e intertextualidade, um programa que promete ser cooperante e recuperador, com aprendizagens múltiplas que se fazem no espírito de abraço que sempre marca as Correntes d'Escritas.

Raquel Patriarca


quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Concurso Nacional de Leitura em Voz Alta

O Concurso Nacional de Leitura em Voz Alta, da Sertã, lançou a sua segunda edição, em 2022. Esta iniciativa, organizada pela Biblioteca Municipal Padre Manuel Antunes e pela empresa Palser, no âmbito da Maratona da Leitura, conta com a colaboração da Rede de Bibliotecas Escolares.

Dirige-se às bibliotecas escolares portuguesas, do ensino público ou privado, regular ou profissional e tem como objetivo estimular o gosto pela leitura em voz alta e promover hábitos de leitura.

O concurso convida os alunos, com idade igual ou superior a 12 anos, a selecionar um trecho de uma obra literária do seu agrado e a gravar um áudio da sua leitura em voz alta. Os trabalhos devem ser enviados, para a organização, até ao dia 8 de abril de 2022.

Normas de participação

Mais informações



segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

O Amor é química pura ! 12 ano C opção química


 


O Amor é química pura ! 12 ano C opção química


 

"A razão do amor é o amor" Saint-Exupéry


14 de fevereiro de 2022: Feliz dia de São Valentim

A todos os apaixonados do mundo, e como não há nada melhor do que estar apaixonado, votos de um Feliz Dia de São Valentim.

Amar é... 
sorrir por nada e ficar triste sem motivos
é sentir-se só no meio da multidão,
é o ciúme sem sentido,
o desejo de um carinho; 
é abraçar com certeza e beijar com vontade,
é passear com a felicidade, 
é ser feliz de verdade!

(Albert Camus)


O Amor...

É difícil para os indecisos.
É assustador para os medrosos.
Avassalador para os apaixonados!
Mas, os vencedores no amor são os
fortes.
Os que sabem o que querem e querem o que têm!
Sonhar um sonho a dois,
e nunca desistir da busca de ser feliz,
é para poucos!!

(Cecília Meireles)

Feliz Dia de São Valentim para todos!




sábado, 12 de fevereiro de 2022

O que é a filosofia africana Ubuntu e porque ganha adeptos nas escolas portuguesas?


“Aceito que um aluno não queira construir pontes, posso respeitar que seja passivo, o que não aceito é que destrua as pontes que construímos.” Paulo Mota é diretor da secundária Almeida Garrett, em Vila Nova de Gaia, uma escola não agrupada e uma das primeiras em Portugal a deixar entrar a filosofia africana Ubuntu. A referência às pontes não vem por acaso: Ubuntu é criar pontes, laços, perceber que sem o outro ninguém existe. Quando Paulo Mota pôs o braço no ar para participar na iniciativa — apresentada às escolas de Gaia pela Câmara Municipal — a secundária Almeida Garrett estava fora da lista daquelas onde o programa faria especial sentido por terem comunidades mais problemáticas. Mas Paulo Mota gostou tanto do que ouviu que foi em frente.

Formou na filosofia africana professores e técnicos especializados da escola (psicólogos), avançou para as academias de alunos — uma semana inteira Ubuntu sem aulas — e criou o clube com o mesmo nome. Hoje, o objetivo é chegar a cada vez mais estudantes, de preferência à maioria, mesmo que saiba que nunca chegará a todos.

Ubuntu, de forma muito resumida, é um programa de capacitação de jovens que usa como modelos de inspiração líderes como Nelson Mandela, Martin Luther King, Malala, Madre Teresa de Calcutá ou Aristides de Sousa Mendes. De origem africana, traduz-se na expressão “eu sou porque tu és”, e valoriza a solidariedade, procurando inspirar os jovens a serem agentes de mudança ao serviço da comunidade, de forma a construir uma sociedade mais justa e solidária.

Este ano letivo, o programa ganhou novo fôlego. O Instituto Padre António Vieira (IPAV), criador das Academias Ubuntu, assinou uma parceria com a Direção Geral de Educação (DGE) e a iniciativa passou a fazer parte do Plano 21|23 Escola+. Dito de outra forma, ao ser integrado no programa de recuperação de aprendizagens desenhado pelo Ministério da Educação, que serve de resposta às perdas sofridas pelos alunos durante a pandemia (académicas e sócio emocionais), qualquer escola do país pode candidatar-se a ter uma Academia de Líderes Ubuntu. O mentor do projeto, Rui Marques, não podia estar mais satisfeito e os vários diretores ouvidos pelo Observador aplaudem a iniciativa — desde que se mantenha de adesão voluntária, quer seja da escola, dos professores e dos alunos.
O programa em escolas públicas é único em Portugal — em 2016 tinha duas escolas, hoje chega a 380 —, mas o IPAV quer crescer e já tem parcerias com dezenas de países. Para chegar às escolas, nos últimos anos, têm sido os municípios a entrar com o financiamento necessário. Um dos exemplos é o da Câmara da Mealhada — que celebrou um protocolo com o Instituto Padre António Vieira e o agrupamento de escolas do município —, atribuindo um total de 18 mil euros ao IPAV para a implementação e execução do projeto em três anos letivos consecutivos (2020/2021, 2021/2022 e 2022/2023). Feitas as contas, são 6 mil euros por ano para as várias escolas.
Seja em que agrupamento for, o custo por aluno irá variar consoante o número de estudantes que cada escola mobiliza para as suas academias, explica Rui Marques. “A nossa estimativa é que possa corresponder entre 60 a 90 euros por aluno participante e por ano letivo.”

Segundo declarações feitas no início do ano letivo pelo ministro da Educação, cada aluno da rede pública custa 6.200 euros por ano ao Estado, segundo as contas do ministério que apontam para um aumento da despesa de mais de 30% nos últimos seis anos.

A Fundação Gulbenkian, parceira da iniciativa desde o seu nascimento em 2010, já investiu cerca de um milhão e meio de euros nas várias vertentes do Projeto Ubuntu, do qual as Academias são uma pequena parte. Estas passam agora a estar inseridas, durante três anos letivos, no plano de recuperação de aprendizagens que assenta em três eixos e cinco domínios. O orçamento? 900 milhões de euros para a totalidade do plano de recuperação, do qual Ubuntu é uma ínfima parte.

No Plano 21|23, as Academias Ubuntu fazem parte do eixo Ensinar a Aprender (que oferece 37 ações específicas à escolha dos diretores) e do domínio Inclusão e Bem Estar. Este engloba oito ações específicas e, dentro delas, as academias Ubuntu fazem parte do Programa para Competências Sócio Emocionais.

Ashoka, Dream a Dream e Ubuntu: tudo tem a ver com empatia

João Costa, secretário de Estado Adjunto da Educação, explica ao Observador que Ubuntu não é único, há outros movimentos de empreendedorismo social a acontecer nas escolas de todo o mundo. “Há várias iniciativas deste tipo noutros países, por exemplo o programa Ashoka, ou o Dream a Dream, com forte presença na Índia. Portugal é, tanto quanto me é dado perceber, um dos poucos países que integra um programa desta natureza na política pública de educação.”
O programa Ashoka, que tem presença em Portugal, defende que todos são agentes de mudança e contribuem para alterações sociais de uma maneira positiva. Uma das suas pedras basilares é garantir que todas as crianças praticam a empatia. Já o Dream a Dream chama a si a missão de capacitar jovens de origens vulneráveis ​​a superar as adversidades, dando-lhes competências sócio-emocionais, para que possam prosperar.
Com tantos projetos que visam aumentar as soft skills dos estudantes, por que motivo a escolha recaiu no Ubuntu? Enquanto o projeto funcionou em piloto, explica João Costa, teve sempre o acompanhamento da tutela e o apoio financeiro de alguns municípios e da Gulbenkian e foi mostrando resultados positivos entre os alunos. “Os resultados dos estudos de impacto e a avaliação das intervenções nas escolas TEIP revela que há um efeito transformador em várias dimensões do desenvolvimento dos alunos, em tudo coerente com o trabalho pretendido no Apoio Tutorial Específico, pelo que entendemos que faria todo o sentido abrir a possibilidade a que todas escolas aderissem ao programa.”
O secretário de Estado diz ainda que “a fase piloto foi sujeita a avaliação, sendo manifestos os impactos nos resultados escolares e em competências sociais e emocionais”. Desde que o Apoio Tutorial Específico foi criado, em 2016, que se assumiu que se devia centrar no desenvolvimento de competências que permitem uma melhor relação dos alunos consigo próprios e com os outros, argumenta João Costa. “Entendemos que este programa é um apoio inequívoco para os professores tutores.”
O Observador pediu ao ministério dados dessa avaliação, mas não os obteve até à publicação deste texto. Da mesma forma, o ministério não esclareceu quais os custos das academias por aluno.

Autoconfiança e autoestima são indicadores que sobem entre os alunos

Os números concretos são apresentados por Rui Marques e decorrem da avaliação de impacto que é medida através da autoavaliação: os jovens dizem como estavam no início da formação e dizem como estão no final. A seguir é fazer contas. “Esta ferramenta mostra, consistentemente, melhorias em todos os indicadores”, sublinha Rui Marques.

Os aumentos mais expressivos são nos indicadores da autoconfiança, que sobe, em média, 34%; no do desenvolvimento pessoal e profissional (28%); no da autoestima (24%); e no do autoconhecimento (22%).

“Em autoavaliação, os estudantes participantes sinalizam um impacto muito significativo, mas temos em desenvolvimento outras ferramentas de avaliação que nos darão progressivamente mais informação sobre o impacto gerado na Academia”, sustenta Rui Marques. Aliás, o facto de fazer parte do plano de recuperação e aprendizagens obriga a isso mesmo: a medir e monitorizar resultados.

Filinto Lima, diretor do agrupamento de escolas Dr. Costa Matos, está no início do processo de ser uma escola Ubuntu. Ele próprio fez a formação, em conjunto com muitos outros diretores de Vila Nova de Gaia. “É muito interessante, aprende-se muito da vida e faz-nos olhar para o nosso interior. Muitas vezes fazemos as coisas de forma mecânica, sem as saborearmos. Este lado humanista interessa-me muito e cativou-me.”

Satisfeito de ver chegar a iniciativa ao resto do país, o também presidente da Andaep, associação que representa diretores de escolas públicas, só deixa um alerta: “Deve continuar a ser voluntário aderir. Não devemos impor este tipo de projetos, devemos proporcioná-los para que as escolas, onde façam sentido, os abracem. Mas vejo muitas qualidades e acho que em qualquer escola o feed back será positivo, porque trabalha sobretudo o lado do aluno-cidadão, a forma como olha as pessoas e como interage com elas.”

O mesmo diz a presidente do Conselho de Administração da Gulbenkian, parceira do IPAV desde a primeira hora. “Faz sentido disponibilizar, mas não impondo localmente, antes facultando como recurso para que, quem assim o entenda, o possa aplicar”, afirma Isabel Mota. Nesse sentido, e tendo surgido como resposta “de baixo para cima”, diz ver com agrado que quase 400 agrupamentos tenham entendido experimentar esta metodologia.

Até à data, junto dos diretores, não foram levantadas objeções sobre um projeto que o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, já assumiu que gostava de ver chegar a mais escolas do país. Por agora, estão envolvidas 380 escolas espalhadas por 170 concelhos do país, segundo Rui Marques.
As Academias Ubuntu contam com o alto patrocínio do Presidente da República e o do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, na versão Ubuntu United Nations, que levou a metodologia criada em Portugal a 190 países (só Coreia do Norte, Mónaco e Liechtenstein ficaram de fora). Nesses eventos, 100% online, os jovens Ubuntu têm a oportunidade de ouvir vários prémios Nobel da Paz falar sobre as suas experiências de vida.

Programa chega a metade das escolas portuguesas
“O Ministério da Educação, de forma inteligente — e nem sempre é assim —, conseguiu ir buscar este programa que faz todo o sentido. Se estivermos bem, estamos mais disponíveis, aprendemos melhor”, diz Paulo Mota. Quanto a potenciais críticos ao programa, está sempre disponível para conversar.
“Ser contra estas ideias não é crime e não estamos a falar de um programa curricular. É de adesão voluntária, qualquer aluno precisa da autorização do encarregado de educação para participar. Se o aluno não acredita, se a família não acredita, está no seu direito e convivemos bem com isso”, explica o diretor, que faz um paralelismo com a história dos alunos de Famalicão, onde, por opção dos pais, dois irmãos não frequentaram a disciplina de Cidadania e Desenvolvimento, curricular e obrigatória. Aqui, não há qualquer semelhança, porque tudo é opcional.

No entanto, Paulo Mota assume que, se tivesse à sua frente um pai ou uma mãe contrários à filosofia, tentaria explicar ao encarregado de educação o que está em causa, para garantir que a sua resposta às Academias Ubuntu é mesmo negativa, depois de se estar informado sobre o tema.

“Até agora, não apareceu ninguém contra. Mas estou pronto para conversar com quem quer que seja sobre o que Nelson Mandela, Martin Luther King ou Madre Teresa de Calcutá tenham exercido de mal ou em que é que foram contra o Homem. Até me podem ajudar a ver onde falharam”, conclui o diretor da escola secundária.

A filosofia é africana, a metodologia portuguesa. A meta é ter líderes servidores

A Academia de Líderes Ubuntu nasceu há 11 anos, recorda Rui Marques, quando a Fundação Calouste Gulbenkian procurava uma iniciativa que capacitasse jovens descendentes de imigrantes africanos e originários de contextos vulneráveis. Em 2010, a Amadora tornou-se o epicentro Ubuntu em Portugal e as academias aconteciam fora das escolas, com a ajuda de parceiros como a Fundação Oriente e o Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa da Universidade Católica.

Ter começado por olhar para jovens descendentes de africanos com uma filosofia vinda da África do Sul foi apenas uma feliz coincidência, sustenta Rui Marques. “O Ubuntu é um presente de África para o mundo e que faz muita falta no mundo em que estamos. A ideia ‘eu sou porque tu és’ é um conceito fundamental das comunidades ancestrais, e foi a chave para Nelson Mandela e Desmond Tutu quererem transformar uma África do Sul que vivia num regime de apartheid num Estado em que todas as etnias fossem consideradas membros de uma Nação Arco-Íris.”Como é que de um país que vivia em segregação racial se dá o pulo para um programa que faça sentido nas escolas portuguesas onde a democracia já tem 47 anos? “A ideia é africana, mas a visão é portuguesa”, explica Rui Marques.

O que o IPAV desenvolveu, com Rui Marques a encabeçar o projeto, foi uma metodologia de educação não formal — ou seja, que passa pelas experiências e relações — para capacitar jovens para a liderança, através da ética do cuidado, do cuidar de si próprio, do outro, da comunidade e do planeta, explica. “O primeiro foco é capacitar jovens para serem líderes. A segunda dimensão é que sejam líderes servidores, que servem a comunidade. É quase o oposto da tradição de que líder é aquele que é servido e tem todos os direitos. O líder servidor tem uma grande carga de humildade e é o primeiro a servir quem está à sua volta.”

Outro ponto fundamental da metodologia, explica o mentor do projeto, é a construção de pontes: “Os Ubuntus são pontífices, construtores de pontes num mundo cheio de fraturas, polarização e discurso de ódio. Ser Ubuntu é dialogar com uma perspetiva construtiva, é ser capaz de construir pontes entre ideias, crenças ou religiões diferentes.”

Os cinco pilares Ubuntu e os cinco dias sem aulas

A metodologia Ubuntu está estruturada em cinco pilares “essenciais para o desenvolvimento sócio emocional” dos alunos, como explica Isabel Mota, presidente da Fundação Calouste Gulbenkian: o autoconhecimento, a autoconfiança, a resiliência, a empatia e o serviço.

A avaliação externa, garante, tem demonstrado resultados muito positivos, tornando evidente que “os alunos que acedem a esta oportunidade se sentem mais confiantes e mais capazes de cuidarem de si, dos outros e do planeta”, defende Isabel Mota que vê com satisfação o crescimento do projeto: “É com agrado que vemos como esta ideia portuguesa, nascida pela mão do Dr. Rui Marques e do IPAV, se internacionalizou, estando presente em 190 países, e agora se transformou em política pública.”

Mas, na prática, como é que o Ubuntu chega às escolas? Primeiro, formam-se os adultos — diretores, professores e técnicos especializados — depois os alunos. Os alunos, que só podem entrar nas academias com o consentimento dos pais, não têm aulas durante uma semana inteira e as atividade decorrem no estabelecimento de ensino ou noutro local alternativo.

“Ao longo de uma semana, juntamos entre 30 a 40 alunos, escolhidos pelas escolas, e temos cinco dias temáticos: liderar como Mandela; construir pontes, vencer obstáculos; vidas Ubuntu e I have a Dream”, explica Rui Marques. A metodologia usada passou pelo crivo do programa Academias de Conhecimento da Gulbenkian, que testa e valida metodologias que melhorem as chamadas soft skills.

O agrupamento de escolas do Alto do Lumiar, dirigido por Maria Caldeira, fez parte do primeiro projeto piloto de Academias Ubuntu em Portugal. “Foi durante as Jornadas do Pensamento Emocional do ISCTE, quando as academias foram apresentadas com o intuito de puderem vir a ser adaptadas às escolas, que tive o prazer de conhecer o Rui Marques.” Mais tarde, a DGE convocou todas as escolas de Territórios Educativos de Intervenção Prioritária (TEIP) de Lisboa para integrar o piloto e ver como funcionava em adolescentes. Até à data, o alvo do programa eram jovens adultos.

“Em 2018, fizemos a primeira semana e decidimos fazê-la fora do contexto da escola, porque achámos que era bom os alunos sentirem outra dinâmica, e usámos o Centro Social da Musgueira”, conta a diretora Maria Caldeira. Desde então, têm feito as semanas com alunos do 7.º, 8.º e 9.º anos, inclusive durante a pandemia. “Começámos depois a fazer outra reflexão sobre como seria alargar a iniciativa ao 1.º ciclo e o IPAV queria muito responder a essa pergunta. Assim, este ano estamos a formar os professores dos mais novos e, se tudo correr bem, no 2.º período faremos a formação das turmas do 3.º ano.”

As Academias de Líderes Ubuntu são cinco dias de experiência imersiva. “Não têm aulas, usam uma metodologia muito própria, trabalham a resiliência, partilham experiências de vida, criam pontes, discutem projetos de vida, ouvem-se testemunhos de líderes servidores, exemplos de superação e histórias de sucesso de pessoas que tiveram percursos de vida desafiantes”, conta a diretora, que considera que o dia mais marcante para os alunos é aquele em que ouvem as histórias de vida. No último dia, são os alunos a dar o seu próprio testemunho e, no final, quando se tornam Ubuntu recebem uma t-shirt preta com o número 466/64, o número de Mandela na prisão na Ilha Robben.

Se algum dos alunos escolhidos não quiser participar, algo que até à data não aconteceu, é integrado noutra turma durante essa semana e tem um horário letivo normal. E há diferenças visíveis nos estudantes ao fim desses cinco dias? “Varia imenso, porque também estão em diferentes estágios de vida, de empatia, em diferentes estágios emocionais. Onde sinto maior diferença é nos alunos com histórias de vida mais difíceis e que mudam muito o comportamento em sala de aula e em relação aos outros.”

Na sua escola, os líderes Ubuntu acabam por ser integrados noutro programa do agrupamento, os Diálogos de Liderança, Tutorias e Mentorias, onde desempenham o papel de mentores. O projeto é para continuar neste agrupamento, e só resta ver como será a sua evolução depois da experiência com o 3.º ano.

“Julgo que alargar este projeto é bom para todos. Em territórios como os meus é ainda mais importante porque dá outro ponto de vista aos alunos. A ideia de ‘eu sou porque tu és’ nestas escolas com enquadramentos sociais desafiantes ajuda muito a criar empatia”, sublinha a diretora. Em contrapartida, acha que desperta quem não teve experiências de vida tão marcantes para a dificuldade de outras existências e ajuda esses jovens a olhar os colegas de outra forma.

Se até agora nunca ouviu um não de um encarregado de educação, acredita que isso possa acontecer noutras zonas de Lisboa, com outros contextos sociais. “A única justificação que vejo que possa ser usada, em contextos mais favorecidos, é por ter alguma ligação à religião, embora não tenha qualquer cariz católico. Mas como a iniciativa é do Padre António Vieira, se os pais não forem católicos podem achar que tem a ver com a igreja e não querer participar.”

Em Sintra, “parece que vinham possuídos pelo bem”

A primeira experiência de Luísa Oliveira com a filosofia Ubuntu foi em 2016. O seu agrupamento de escolas, o Alto dos Moinhos, em Sintra, fez uma parceria com o IPAV e uma turma passou pela Academia de Líderes. “Ficamos com o bichinho de ter mais”, conta a diretora. A hipótese chegou através da Câmara Municipal de Sintra e das candidaturas ao Portugal 2020. “Apresentámos a proposta como um programa de promoção de sucesso escolar e foi aceite.”

A diferença que viu nos primeiros professores formados foi imediata. “Parecia que vinham possuídos pelo bem”, diz rindo. “Vinham de coração cheio, energia renovada, e ficámos cheios de vontade de irmos aplicando a metodologia a mais turmas, principalmente a grupos de alunos mais velhos, com mais problemas de relacionamento e de insucesso escolar.” Sobre a semana Ubuntu não tem dúvidas: é intensiva e muito poderosa. Se, no início, alguns professores ficavam reticentes com o facto de os alunos não terem aulas, as dúvidas dissiparam-se. “Os professores veem a importância dessa semana e não levantam problemas, até porque é mesmo visível a mudança nos alunos. Fica ali uma semente.”

Continuando sempre a dar passos em frente, a escola já tem um mediador Ubuntu, um psicólogo, a trabalhar na escola a tempo inteiro e a potenciar outros projetos que o agrupamento já tinha, como o da equipa de bem estar ou o programa de mentorias e tutorias. “Aqui na escola o Ubuntu acaba por estar sempre presente e tem princípios que deviam fazer parte do projeto educativo de qualquer escola: aprender a cuidar dos outros, a cuidar de si e da comunidade”, argumenta a diretora. No seu agrupamento, este ano letivo, as academias vão chegar também ao 1.º ciclo.

A conclusão de Luísa Oliveira é que ser Ubuntu muda mesmo alunos e professores: “Olham e veem verdadeiramente o outro como ele é, aprendem a compreender porque é que o outro é assim e acabam por cuidar e respeitar mais o outro. Há mais empatia, menos bullying. Para os professores, é mais uma ferramenta para percebermos melhor os alunos e cumprirmos a missão de não deixar ninguém para trás.”

Ubuntu como ferramenta para combater o bullying

“O programa é uma ferramenta apenas.” João Costa usa a expressão, mas não minimizando o que a ferramenta pode fazer. “O propósito” é que seja usada para combater, ou até evitar, problemas como bullying, exclusão e insucesso escolar.

O plano de recuperação das aprendizagens prevê que sejam desenvolvidos instrumentos de monitorização do próprio plano, mas também de indicadores de bem-estar sócio emocional, lembra o secretário de Estado, revelando que para tal o Ministério da Educação conta com o apoio da Ordem dos Psicólogos. “Sabemos que a pandemia afetou o bem-estar de todos e também dos jovens. Por isso, recuperar aprendizagens é também trabalhar a inclusão e as emoções.”

E essa é uma das vantagens, quando se pensa no bem estar, desta metodologia: o estudante que se torna Ubuntu, em relação a outro a quem não são dadas as mesmas ferramentas (seja através de que metodologias for), terá mais capacidades ao nível do autoconhecimento, da autorregulação, autoconfiança, resiliência, empatia e cuidado consigo e com os outros, ressalva João Costa.

A evidência? “Temos hoje dados, por exemplo do estudo em que Sintra participou, promovido pela OCDE, que mostra uma clara correlação entre estas dimensões e o desempenho académico dos alunos.” João Costa refere-se ao estudo apresentado em novembro em Sintra, que analisou as competências sociais e emocionais de milhares de alunos, de 10 e 15 anos, em 10 cidades de todo o mundo.

Uma das conclusões apresentadas é que os jovens de 15 anos têm menos capacidades sociais e emocionais do que os colegas de 10 anos, mostrando que a criatividade e a curiosidade dos alunos cai à medida que avançam no percurso escolar.

Por outro lado, o estudo inédito revela que o sentido de responsabilidade é a característica que é partilhada pelos bons alunos do concelho de Sintra, a cidade portuguesa que participou no estudo inédito. Assim, as competências sociais e emocionais são “fortes indicadores do desempenho na escola”, conclui a OCDE.

Isabel Mota acrescenta que a experiência no terreno, e a avaliação externa que vem sendo conduzida, tem demonstrado resultados muito positivos, evidenciando que os alunos que acedem a esta oportunidade se sentem mais confiantes e mais capazes de cuidarem de si, dos outros e do planeta.

Para a presidente da Gulbenkian, estas academias estão ao serviço da escola, mas também da comunidade, ajudando a construir uma sociedade mais justa e solidária. “Ao desafiar os jovens a olharem para si, para os outros e para a sua escola e comunidade, a Academia tem o poder de os convocar a agirem sobre as suas realidades e contextos”, acredita. Esse foco nos problemas próximos, e esse convite para agir enquanto coletivo na mudança que queremos ver, tem por si só uma enorme potencialidade.

Rui Marques resume de outra maneira. “Os jovens Ubuntu são mais bem sucedidos, e têm mais sentido e propósito na vida. Quando se questionam sobre o que andam aqui a fazer, já estão a ajudar a promover o sucesso escolar e a combater o bullying, porque se detetam um caso são os primeiros a intervir. Um Ubuntu não pode ser passivo.”

Escolha de Isabel Pereira