Depois das experiências, bem sucedidas, de 2019 e
2020, estão de regresso as Correntes em Rede – Formação para Professores – em
colaboração com a Rede de Bibliotecas Escolares e integrado na iniciativa Correntes d'
escritas levada a cabo pelo município de Póvoa de Varzim.
Para a edição deste ano, com curadoria de Raquel
Patriarca, foram convidados vários autores com muitos créditos e bem conhecidos
nas suas relações com estudantes e escolas: Afonso Cruz, Cristina Taquelim,
Mafalda Milhões, Margarida Fonseca Santos e Ondjaki.
A proposta formativa desta terceira edição tem início
dia 22 de fevereiro a partir do tema Cooperar, recuperar e outros
verbos com que se aprende e se abraça.
A partir daí, o elenco de oficinas e desafios
integra Exercícios de leitura para todos, em que Mafalda Milhões lê
a leitura como uma atividade rotineira que se eleva quando se expõe ao
maravilhamento, ao non-sense, à simplicidade, e ao uso dos sentidos
em liberdade.
Em Apologia do conto curto Ondjaki
pergunta: "E se a primeira versão de um conto curto se fizesse em menos de
três horas?", propondo um trabalho sobre esse 'constrangimento' que é o
tempo, deitando mão de recursos como o silêncio ou a música, em suave
alternância.
Porém, considerando que um primeiro esboço deve ser
revisitado, reescrito e retrabalhado, estas são as tarefas a explorar durante
a Pastorícia da escrita, com Margarida Fonseca Santos, estimulando
a leitura através do interesse pela palavra e pela frase bem esculpida. Uma
outra atenção à palavra, dando tempo ao tempo, vendo-o como aliado no encontro
de significados para lá do rascunho.
Cristina Taquelim viaja connosco da escrita para a
narração oral, levando-nos a habitar O lugar onde moram as palavras.
Pode ser na rua do tempo, da memória ou dos livros. Talvez na rua do silêncio,
onde se guardam as palavras que temos dentro. Aqui, a narração oral e a
mediação de leitura chegam como formas de iluminar os caminhos que nos conduzem
a esse lugar. Como cúmplices fundem-se na construção dos diálogos entre as
histórias escutadas, lidas, vividas, sonhadas.
Afonso Cruz centrará a sua atividade nestas histórias
que, afinal, fazem parte de nós, porque Somos feitos de livros e
propõe-se explorar os elementos necessários para construir um enredo e a
relação que esses elementos têm nas nossas vidas.
Entre as palavras, as imagens e a narração, as muitas
formas de leitura e de escrita, aqui se apresenta, em complementaridade e
intertextualidade, um programa que promete ser cooperante e recuperador, com
aprendizagens múltiplas que se fazem no espírito de abraço que sempre marca as
Correntes d'Escritas.
Raquel Patriarca
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