sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Dia Mundial do Professor: Ser Professor

O Dia Mundial dos Professores 2018 marca o 70º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), que reconhece a educação como um direito fundamental e estabelece o direito à educação compulsória gratuita, assegurando acesso inclusivo e equitativo para todas as crianças.
O tema deste ano, “O direito à educação significa o direito a um professor qualificado”, foi escolhido para lembrar à comunidade global que o direito à educação não pode ser alcançado sem o direito a professores treinados e qualificados. Ainda hoje, um desafio contínuo em todo o mundo é a falta de professores. Estima-se que 264 milhões de crianças e jovens ainda estejam fora da escola globalmente. Para alcançar os Objetivos de Educação de 2030 da educação primária e secundária universal, o mundo precisa recrutar quase 69 milhões de novos professores. Esta “lacuna de professores” é mais pronunciada entre populações vulneráveis, como meninas, crianças com deficiências, refugiados e crianças migrantes, ou crianças pobres que vivem em áreas rurais ou remotas.
Realizado anualmente em 5 de outubro desde 1994, o Dia Mundial dos Professores comemora o aniversário da assinatura da Recomendação da OIT / UNESCO de 1966 sobre o Status dos Professores. É co-convocada em parceria com o UNICEF, o PNUD, a Organização Internacional do Trabalho e a Educação Internacional.


Ser professor,

Se não houvesse espelhar de olhos no primeiro dia de aulas, ser professor não seria um sonho.
Se um fio de beleza não pudesse soltar-se daqueles dedos, daquelas vozes cantoras, daqueles corpos em movimento, ser professor não seria um sonho.
Se nunca um verso ganhasse asas no fresco dos seus lábios, ser professor não seria um sonho.
Se um livro, uma pintura, um ambiente virtual ou um filme não abrissem uma porta até então fechada, ser professor não seria um sonho.
Se o tédio não pudesse emagrecer, ser professor não seria um sonho.
Se o saber não construísse pessoas melhores, ser professor não seria um sonho.
Se Arte e Jogo, Língua e Ciência não pudessem ser nomes próprios, nobres palavras, ser professor não seria um sonho.
Se um certo olhar não sorrisse ao conseguir ler pela primeira vez uma frase, fazer uma descoberta, resolver um problema, ser professor não seria um sonho.
Se um rosto não se iluminasse ao ouvir “muito bem!”, “está bem visto!”, “um passe perfeito!”, ser professor não seria um sonho.
Se uma mão negra e outra branca e outra morena não pudessem tocar-se, ser professor não seria um sonho.
Se várias cabeças não conseguissem pensar melhor do que uma, ser professor não seria um sonho.
Se o silêncio e o asseio, a sobriedade e a ordem não pudessem ser aprendidos, ser professor não seria um sonho.
Se o medo e a violência, a solidão e a pobreza não pudessem ser combatidos, ser professor não seria um sonho.
Se justiça e democracia, fraternidade e autoridade não pudessem ser aprendidas, ser professor não seria um sonho.
Se na escola não pudesse germinar a paz e a entreajuda, em vez da competição, ser professor não seria um sonho.
Se a escola não ajudasse a reordenar o mundo, ser professor não seria um sonho.
Se a inteligência não pudesse guiar o sonho, se este não pudesse guiar a inteligência, ser professor não seria um sonho.
Quando nas lides te iniciaste, ser professor tinha a forma de um sonho? Se não tinha, o tempo deu-lhe essa forma. Para muitos, ser professor é tornar real um sonho. O de ajudar a crescer, a fazer do mundo um lugar melhor para se viver.
E não há ofensas, nem indignidades – provindas de efémeros poderes –, nem rankings, nem propagandas capazes de matar esse sonho.
Nem distâncias, nem sacrifícios, nem desassossego, nem noites em claro…
Sem vozes de crianças e jovens à tua volta, sem humana relação, ser professor não seria um sonho.

João Pedro Mésseder, no Dia do Professor 2018

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