domingo, 20 de agosto de 2017

Vitorino Nemésio

A Tempo

A tempo entrei no tempo,
Sem tempo dele sairei:
Homem moderno,
Antigo serei.
Evito o inferno
Contra tempo, eterno
À paz que visei.
Com mais tempo
Terei tempo:
No fim dos tempos serei
Como quem se salva a tempo.
E, entretanto, durei.
in 'O Verbo e a Morte' Vitorino Nemésio
Biografia:
Vitorino Nemésio Mendes Pinheiro da Silva, nasceu na Ilha Terceira, Açores, a 19 de dezembro de 1901.
Em 1916 fundou a revista literária “Estrela d’Alva”, ano em que publica o seu primeiro livro de poesia, Canto Matinal. Em 1921, em Lisboa, foi redactor dos jornais “A Pátria”, “A Imprensa de Lisboa” e “Última Hora”. Em 1922 concluiu o liceu em Coimbra, ingressou na Faculdade de Direito e no ano seguinte começou a colaborar na revista “Bizâncio” de Coimbra.
Em 1924 abandonou o curso de Direito e matriculou se na Faculdade de Letras, em Ciências Histórico Geográficas. Foi co-fundador da revista “Tríptico”. Em 1925 torna-se redator principal do jornal “Humanidade”, quinzenário de Estudantes de Coimbra. Em 1926 foi co-fundador e diretor do jornal “Gente Nova”, jornal republicano académico. A partir de 1928 passou a colaborar na revista “Seara Nova”.
Em 1930 colaborou na revista “Presença”, com textos poéticos e transferiu-se para a Faculdade de Letras de Lisboa, começando a pesquisa sobre Herculano, estudo que o ocupou até ao fim da vida.
Licenciou se na Faculdade de letras de Lisboa em 1931 e ali lecionou Literatura Italiana e dois anos depois, Literatura Espanhola. Em 1934, doutorou-se em Letras, com “A Mocidade de Herculano até à Volta do Exílio”.
Em 1935 colaborou no jornal “O Diabo” com vários poemas. Em 1937 fundou e dirigiu, em Coimbra, a “Revista de Portugal”. No mesmo ano, partiu para a Bélgica, e leccionou na Universidade Livre de Bruxelas, tendo regressado a Portugal, dois anos mais tarde, para leccionar na faculdade de Letras de Lisboa.
Colaborou nos “Cadernos de Poesia”, na revista “Variante”, na revista “Aventura” e na revista “Litoral”.
Em 1944 foi editada a primeira edição de O Mau Tempo no Canal, que recebeu no ano seguinte o Prémio Ricardo Malheiros da Academia das Ciências.
Em 1946 iniciou a sua colaboração no jornal “Diário Popular” e na revista “Vértice”.
Em 1952 viajou pela primeira vez para o Brasil, que se tornou um destino frequente. De 1956 a 1958 foi director da Faculdade de Letras de Lisboa e a partir de 1958, começou a leccionar no Brasil.
Em 1961 foi feito Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique e em 1967, Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada
Em 1965 foi doutorado honoris causa pela Universidade Paul Valery, de Montpellier, e no mesmo ano recebeu o Prémio Nacional de Literatura, pelo conjunto da sua obra.
Iniciou em 1969 uma colaboração regular na RTP com o programa “Se bem me lembro”. Em 1970 inaugurou as comemorações do centenário da “Geração de 70” no Centro Cultural Português de Paris, da Fundação Calouste Gulbenkian.
Iniciou em 1971 a sua colaboração regular na revista “Observador” e em dezembro desse ano, proferiu a sua “Última Lição” na Faculdade de Letras de Lisboa, onde lecionou durante quase quarenta anos.
Em 1974 recebeu o Prémio Montagine, da Fundação Freiherr von Stein/Friedrich von Schiller, de Hamburgo. No mesmo ano, a Bertrand lançou a primeira coletânea de estudos sobre a obra de Nemésio. Em 1975 Em Dezembro, assumiu a direcção do jornal “O Dia”. Em 1977 foi coordenador nacional do centenário de Herculano.
Vitorino Nemésio tem as suas obras traduzidas em italiano, francês, inglês e alemão, entre outras.
Vitorino Nemésio faleceu, em Lisboa, a 20 de fevereiro 1978, e foi sepultado em Coimbra.
Foi agraciado, em agosto de 1978, a título póstumo a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada.
Em 1978, a Câmara Municipal de Lisboa homenageou o escritor dando o seu nome a uma rua na zona da Quinta de Santa Clara. É patrono da Escola Secundária Vitorino Nemésio na Praia da Vitória. Também na Praia da Vitória está a Casa Vitorino Nemésio, espaço museológico.

Principais Obras Publicadas:
Poesia
Canto Matinal, 1916
Nave Etérea, 1922
O Bicho Harmonioso, 1938
Eu, Comovido a Oeste, 1940
Nem Toda a Noite a Vida, 1953
O pão e a Culpa, 1955
O Verbo e a Morte, 1959
Poesia (1935-1940), 1961
O Cavalo Encantado, 1963
Ode ao Rio, ABC do Rio de Janeiro, 1965
Canto de Véspera, 1966
Poemas Brasileiros, 1972
Limite de idade, 1972
Sapateia Açoriana, Andamento Holandês e Outros Poemas, 1976
Caderno de Caligraphia e outros Poemas a Marga, 2003 (póstumo)
Ficção
Paço do Milhafre, 1924
Varanda de Pilatos, 1926
A Casa Fechada, 1937
Mau Tempo no Canal, 1944
O Mistério do Paço do Milhafre, 1949
Quatro prisões debaixo de armas, 1971
Teatro
Amor de nunca mais, 1920
Crónicas e Viagens
O Segredo de Ouro Preto e Outros Caminhos, 1954
Corsário das Ilhas Notas de Viagens às Ilhas dos Açores, 1956
Viagens ao Pé da Porta, 1965
Jornal do Observador, 1973
Era do Átomo Crise do Homem, 1976.
Biografia e Ensaio
Sob os Signos de agora Temas Portugueses e Brasileiros, 1932.
A Mocidade de Herculano até à Volta do Exílio (1810-1832), 1934
Isabel Aragão, Rainha Santa, 1936
Relações Francesas do Romantismo Português, 1936
Vida de Bocage, 1943
Perfil de Adolfo Coelho, 1948.
Destino de Gomes Leal Poesias Escolhidas, 1952.
Vida e Obra do Infante D. Henrique, 1959
Problemas Universitários Luso Brasileiros, 1955
O Retrato do Semeador, 1958
Elogio Histórico de Júlio Dantas, 1965
Quase Que os Vi Viver, 1985.

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