sexta-feira, 17 de abril de 2020

“Éramos tão felizes”: mulher de Luis Sepúlveda despede-se com poema emotivo

Para se despedir, Carmen Yáñez, a sua mulher, dedicou-lhe um poema emotivo, publicado na sexta-feira, 17 de abril, no jornal espanhol “El Comercio”. “Éramos tão felizes meu amor” é um dos versos que mais se destaca e que mais vezes é repetido por Carmen Yáñez.
A história de amor do casal sempre foi envolta em grande romance. Como explica o “El Comercio”, os escritores casaram-se duas vezes: em 1971 no Chile; e em 2004, em Gijón, Espanha, depois de terem estado durante 20 anos sem se verem.

Da última vez que se tinham visto, Carmen Yañez estava em Santiago, onde acabou por ser detida pela polícia secreta de Pinochet e levada para a infame Villa Grimaldi onde se torturavam os presos políticos. O exílio levou-a à Suécia, onde descobriu o paradeiro do ex-marido.
Depois do primeiro reencontro, Carmen mudou de cidade sueca. Até ao dia em que recebeu uma chamada de Sepúlveda. Depois, outra, as conversas multiplicaram-se, mudaram-se para as cartas escritas à mão e voltaram a juntar-se — um amor que permaneceu intacto até aos últimos dias, passados na casa de família em Gijón.
Carmen Yáñez decidiu então transformar a dor da perda do seu parceiro num bonito e emotivo poema:


"Ignorantes de la luz que circundaba la inocencia
éramos tan felices amor mío
con el calor de nuestras manos juntas
cruzando todos los caminos
y riéndonos de los obstáculos de piedra o granizo
que nos intentaban parar esa carrera irresponsable de la felicidad.
Éramos tan felices
y no nos enterábamos de la dimensión de la vida.
De la invisible amenaza, de la larga sombra del miedo,
no lo sabíamos nosotros, irreverentes.
Amándonos con proyecciones de futuro.
Hoy ya no pienso más allá de mañana cuando espero
tu prueba de vida dicha por otros"

Carmen Yáñez

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