quarta-feira, 16 de novembro de 2022

António Aleixo, o poeta do povo

 António Aleixo, o poeta do povo

Nascimento: 18 de Fevereiro de 1899, Vila Real de Santo António
Falecimento: 16 de Novembro de 1949, Loulé

Porventura o poeta popular mais conhecido e declamado em Portugal era algarvio e faleceu com apenas 50 anos de idade, em Loulé, vítima de tuberculose, no dia 16 de novembro de 1949. O seu livro mais conhecido é "Este livro que vos deixo" publicado em 1969 pelo seu filho, Vitalino Martins Aleixo, e resulta de uma compilação de toda a obra do poeta.
António Aleixo foi internado em junho de 1943 no antigo Hospital-Sanatório dos Covões, em Coimbra, e deslocava-se esporadicamente ao Algarve onde acabaria por falecer seis anos mais tarde. Em Coimbra era muito apreciado no meio intelectual da época e fez muitos amigos, entre os quais o escritor Miguel Torga e o artista plástico Tóssan.
Apesar de semianalfabeto e de uma vida marcada por muitas dificuldades e provações, tinha um apurado sentido filosófico e um espírito acutilante para denunciar as injustiças. Utilizava frequentemente a ironia como recurso expressivo para formalizar critica social.
Os seus pensamentos tornaram-se intemporais, tal como o demonstra o que a seguir se transcreve.

Acho uma moral ruim
trazer o vulgo enganado:
mandarem fazer assim
e eles fazerem assado.
Sou um dos membros malditos
dessa falsa sociedade
que, baseada nos mitos,
pode roubar à vontade.
Esses por quem não te interessas
produzem quanto consomes:
vivem das tuas promessas
ganhando o pão que tu comes.
Não me deem mais desgostos
porque sei raciocinar...
Só os burros estão dispostos
a sofrer sem protestar!
Esta mascarada enorme
com que o mundo nos aldraba,
dura enquanto o povo dorme,
quando ele acordar, acaba.
António Aleixo

Sem comentários:

Enviar um comentário