domingo, 14 de janeiro de 2024

Chegar a Deus de forma simples...

A nossa relação com Deus não é apenas com a coisa mais séria, com a pessoa mais grave da nossa existência. Mas, ao mesmo tempo, também tem de ser um momento de pura gratuidade, de puro abandono, de pura graça, de pura imaginação, de pura invenção.

Nós tocamos a essência de Deus de muitas maneiras. Aquilo que é a nossa delícia, aquilo que é o nosso prazer. Nós não chegamos a Deus apenas por uma caminhada árida, ascética, de pensamento, de encadeamento de conceitos. Mas, nós chegamos a Deus por nada, por um sorriso, por uma graça, por uma coisa que floresce, pelo inesperado, pelo surpreendente. E é necessário também nos tornarmos sensíveis a estes modos de chegar a Deus.

Um outro modo, e que o salmo 8 proclamamos nos lembra, é a contemplação, é o espanto. Isto que o salmo diz: “Quando contemplo os céus, obra das vossas mãos, a lua e as estrelas que lá colocastes.” Para sentir Deus nós temos, como dizia a canção de Gilberto Gil, de tirar os sapatos, desatar a gravata, abrir as desculpas e passear, passear. Ir ao jardim, olhar para o ar, ver as árvores, ouvir os pássaros, sentir o ar que corre.

Queridos irmãos, nós não podemos entender Deus falando Dele na terceira pessoa do singular, falando do “Ele”, “Deus é isto, Deus é aquilo.” Não, nós entendemos Deus, compreendemos Deus mudando da terceira pessoa para a segunda pessoa, quando tratamos Deus por um “tu” da nossa vida.

Cardeal D. José Tolentino Mendonça


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