domingo, 21 de janeiro de 2024

Seguir Jesus, por Tolentino Mendonça


“E eles, deixando imediatamente as redes, seguiram a Jesus.” (Mc 1,14-20) 

Não tenhamos dúvidas, nós temos de deixar para poder seguir.
O nosso mal é querermos compactuar: sim e sim e sim e sim e às tantas, de todos os nossos “sins”
não se diz um “sim”, não se diz um “sim” que seja verdadeiro. Os discípulos tiveram de deixar para seguir Jesus e nós também temos de deixar para seguir Jesus. Seguir Jesus implica deixar algumas coisas que para cada um de nós possivelmente são coisas diferentes, possivelmente nem são coisas materiais, não são coisas espaciais.
São atitudes, são vícios, são círculos viciosos, são modos – é tanta coisa! São coisas que nos prendem e que no fundo nós temos de deixar para seguir verdadeiramente Jesus. Há uma radicalidade na vivência cristã que nós próprios também temos de experimentar. Um cristão é um cristão. Não é um puzzle de coisas e de valores e de memórias diferentes. Não, um cristão é um cristão.
Uma verdade evidente é que um cristão é alguma coisa que não se consegue apagar. Nem no pecado, nem sequer na apostasia, quando pelas circunstâncias históricas, pelo medo por tanta coisa nós negamos Deus, Deus nos nega. Deus não nos nega. O cristão acaba por ser alguma coisa irremovível, o elemento cristão é alguma coisa irremovível dentro de nós. Por isso, mesmo aqueles que são apóstatas podem negar a Deus e negar a Jesus mas verdadeiramente continuam à luta com Jesus, continuam naquele combate sem fim com o desejo de Deus.
Ser cristão é um acelerador de partículas. Nós já não estamos mais parados, não estamos mais estagnados. Estamos sempre em movimento, estamos sempre em caminho. Jesus passa pela nossa vida e diz “Vem e segue-Me” e esse é o nosso caminho.
| Cardeal D. José Tolentino Mendonça (homilia)
 

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