sexta-feira, 24 de julho de 2020

Excelente reflexão de um aluno (des)confinado em final de ano letivo!

Reflexão de um aluno (des)confinado

Estávamos a meio do ano letivo, tudo parecia estar a correr bem: as aulas decorriam normalmente, a Páscoa aproximava-se e, com ela, as amêndoas e os ovos de chocolate, apesar de eu não ser grande fã destes últimos. Até que se começou a falar de um tal Coronavírus, que surgiu em Wuhan, na China, e se espalhou por esse país a um ritmo alarmante, atravessando fronteiras e espalhando-se pelo mundo a uma velocidade igualmente assustadora.
Algumas pessoas mostravam-se mais preocupadas, outras mais relaxadas. O que é certo é que, no dia dois de março, foram confirmados os primeiros casos de Covid-19 em Portugal e, desde aí, os casos não pararam de aumentar no país; no dia onze do mesmo mês, a Organização Mundial da Saúde declarou pandemia; uma semana depois foi decretado o Estado de Emergência Nacional, fechando-se a maioria dos estabelecimentos, cessando-se serviços, obrigando pessoas a trabalhar a partir de casa. Infelizmente, algumas empresas suspenderam a atividade dos seus trabalhadores, naquilo a que se chama de lay off, e alguns terão mesmo sido despedidos. Assim, começou o confinamento, que só viria a ser levantado em maio, de forma gradual, dividido em três fases, ao longo desse mês, marcando a reabertura de estabelecimentos e a retoma de serviços e postos de emprego.
Agora, cá estamos nós, quatro meses depois, no final deste ano letivo atípico, durante o qual a maioria dos alunos não voltou a pisar a escola, tanto para as atividades letivas como para as iniciativas extracurriculares proporcionadas, como por exemplo, o Clube de Teatro, cujos trabalhos foram interrompidos e os espetáculos cancelados, tendo sido posteriormente adaptado à nova realidade, através de sessões online. Já o Jornal da Escola DeCLARA, mais habituado ao trabalho à distância, estava mais preparado para estas novas circunstâncias e, desta forma, continuou a desempenhar a sua função de partilha e divulgação dentro da comunidade escolar. O terceiro período foi marcado pelo Ensino à Distância (E@D), que trouxe muitos desafios e obstáculos. Penso que o melhor que poderemos ter tirado deste modelo de ensino foi o trabalho autónomo. No entanto, foram muitas as dificuldades associadas a este regime: a dificuldade em aprender os conteúdos sozinhos, apenas com uma ou duas horas por semana com os professores, fez-se sentir, para além da própria adaptação a novos hábitos e rotinas. Muitas vezes, problemas com o computador ou Internet levaram à perda de uma aula, o que podia ser bastante prejudicial. Também aos professores, o Ensino à Distância (E@D) trouxe novos desafios, o que certamente exigiu um esforço adicional para a adaptação a esta nova realidade. Não posso deixar de referir, enquanto aluno do 10.º ano, que este foi o único ano que não teve direito nem a #EstudoEmCasa, nem a aulas presenciais, a partir de dezoito de maio, tendo tido ao dispor o programa Estudar com autonomia, a Telescola da Região Autónoma da Madeira. A vida académica/profissional dos alunos e professores foi muito afetada, até pelo facto de tudo isto ter chegado sem aviso prévio, não permitindo qualquer preparação. Mas a vida pessoal, também, sofreu alterações: por exemplo, entre os alunos, o confinamento foi visto inicialmente como uma maneira de descansar um pouco das rotinas. Posteriormente, surgiram as saudades dos amigos e das próprias rotinas e a ansiedade por não se poder sair de casa.
Na sociedade, também se sentiu uma mudança de atitudes: a população juntou-se (mesmo à distância) em prol do bem comum, o do combate à pandemia, que, por agora, só é possível através da proteção. Assim, a população ficou em casa, ajudando a travar a propagação do vírus. Algo igualmente notável foram as ondas de apoio, divulgadas nas redes sociais, a todas as entidades que fizeram inúmeros sacrifícios para ajudar a combater a pandemia, como são exemplo os profissionais de saúde, os polícias e os pouco lembrados trabalhadores de supermercados ou de outras lojas de bens essenciais, sem os quais a vida dos restantes cidadãos teria sido bastante mais complicada. Infelizmente, continuou a notar-se ocasionais comportamentos pouco cívicos, como ajuntamentos de muitas pessoas, de que se ouve falar nas notícias, que podem provocar e, em alguns casos, provocaram novos surtos.
Estes têm sido tempos muito estranhos. Fazem-nos refletir sobre como o mundo para perante a ameaça de algo tão pequeno como um Coronavírus. Agora que somos privados de tantas coisas, começamos realmente a valorizá-las. É importante ter em mente que o perigo não desapareceu e que cabe a todos nós manter todos os cuidados para superar estes tempos difíceis que atravessamos, mesmo que isso implique continuarmos a usar as desagradáveis máscaras durante algum tempo mais. Temos de ser prudentes e tirar o melhor de tudo o que se está a passar, para que o próximo ano letivo seja melhor do que este que está a terminar. Temos de aprender a viver com este vírus, que veio para ficar. Se o conseguirmos, vai tudo correr bem!
16 de julho de 2020
Francisco Manta Rodrigues, nº 6, 10.º D

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