Imaculada Conceição significa que a conceção da Virgem Maria foi efetuada sem mancha (em latim, macula) do pecado original. Assim, desde o primeiro instante da sua existência, a Virgem Maria foi preservada por Deus, da porque ela estava cheia de graça divina. Uma vez que Jesus tornou-se encarnado no ventre da Virgem Maria, era necessário que ela estivesse completamente livre de pecado para poder gerar o Filho de Deus.
Desde
o cristianismo primitivo que diversos Padres da
Igreja defenderam a imaculada conceição da Virgem Maria. Já no século VIII
celebrava-se a festa litúrgica da Conceição de Maria aos 8 de dezembro,
ou seja, nove meses antes da festa de sua natividade, comemorada no dia 8 de setembro.
A festa da Imaculada Conceição, comemorada em 8 de dezembro,
foi definida como uma festa universal em 28 de
Fevereiro de 1476 pelo Papa Sisto IV.
Em
1497, a Universidade de Paris decretou que ninguém
poderia ser admitido na instituição se não defendesse a imaculada conceção de
Maria, exemplo que foi seguido por outras universidades como a de Coimbra e de Évora. Em 1617, o Papa Paulo V
proibiu que se afirmasse que Maria tivesse nascido com o pecado original e, em 1622, Gregório V impôs silêncio
absoluto aos que se opunham à doutrina. No dia 8 de Dezembro de 1661 o papa Alexandre VII
promulgou a Constituição apostólica Sollicitudo omnium Ecclesiarum em
que defendia a conceção imaculada da Virgem Maria e proibia a sustentação de
opinião contrária.
A Imaculada
Conceição foi solenemente definida, como dogma, pelo Papa Pio IX
através da bula
Ineffabilis Deus em 8 de Dezembro de 1854. (…) com a
autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados Apóstolos Pedro e
Paulo, e com a Nossa, declaramos, pronunciamos e definimos:
A doutrina que sustenta que a
beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante da sua Conceição, por singular
graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo,
Salvador do género humano, foi preservada imune de toda mancha de pecado
original, essa doutrina foi revelada por Deus, e por isto deve ser crida firme
e inviolavelmente por todos os fiéis.”
A Imaculada
Conceição e a história de Portugal
A
História de Portugal regista dois momentos apoteóticos na recuperação da sua
independência, a saber: a Revolução 1383-1385 e a Restauração de 1640.
A
Solenidade da Imaculada Conceição liga estes dois acontecimentos decisivos na
História da independência de Portugal. Segundo a tradição foi o condestável D.
Nuno Alvares Pereira quem fundou a Igreja de Nossa Senhora do Castelo em Vila
Viçosa e quem ofereceu a imagem da Virgem Padroeira, adquirida na Inglaterra.
Este gesto do Contestável reconhece que a mística que levou Portugal à vitória adveio
da devoção de um povo a Nossa Senhora da Conceição.
Importa
referir que, aquando da conquista de Lisboa por D. Afonso Henriques (1147),
havia sido celebrado um pontifical de ação de graças, em Lisboa, em honra da
Imaculada Conceição.
A
espiritualidade que brotava da devoção a Nossa Senhora da Conceição foi
novamente sublinhada no gesto que D. João IV assumiu ao coroar a Imagem de
Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa como Rainha de Portugal nas cortes de
1646. Assim, por provisão de 25 de Março de 1646, D. João IV proclamou
solenemente:
(…) estando ora junto
em Cortes os três Estados do reino (…) tomar por padroeira de nossos Reinos e
Senhorios a Santissima Virgem Nossa Senhora da Comseição (…) confessare
deffender May de Deus foi concebida sem pecado original.
De
tal modo a Imaculada Conceição caracteriza a espiritualidade dos portugueses
que, durante séculos, o dia 8 de dezembro foi celebrado como "Dia da
Mãe".
O feriado do dia 8 de dezembro é religioso, mas é também celebrativo da cultura, da tradição e da espiritualidade da alma e da identidade do povo português.
Pedro Fernandes
Professor de EMRC
Fonte:
bula Ineffabilis Deus
https://pt.wikipedia.org/wiki/Imaculada_Concei%C3%A7%C3%A3
http://www.snpcultura.org/imaculada_conceicao_e_historia_portugal.html
http://risco-continuo.blogs.sapo.pt/564773.html
Sem comentários:
Enviar um comentário