Temos de agradecer à vida as possibilidades que nos dá de recomeçar.
Um coração amadurecido sabe que a vida não se consuma
em campos necessariamente alternativos (ou isto, ou aquilo), mas espera de nós
a capacidade de desenhar complementaridades. É na noite que a aurora começa.
Não raro, os risos mais inesquecíveis chegam acompanhados de abundantes
lágrimas. E, com a perceção dos nossos limites, aprendemos a conhecer não
apenas a impotência, mas também possibilidades que não víamos. Avizinhamo-nos
melhor daquilo que somos.
O poeta Miguel Torga contava assim como chegou à escolha
do seu pseudónimo: “Torga é uma planta transmontana, urze campestre, cor de
vinho, com as raízes muito agarradas e duras, metidas entre as rochas. Assim
como eu sou duro e tenho raízes em rochas duras.”
Sempre que recomeçamos, a vida toca-nos com maior
intensidade.
D. José Tolentino Mendonça
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